Ato III Christian - Rosas de Linderwan e a guerra do sangue dourado.

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Fui o mais rápido possível. Antes de chegar já ouvi o choro do Jacob, o que me tranquilizou e preocupou ao mesmo tempo.

— CODY, FAZ ELE PARAR! – Entro desesperado na caverna e grito com o Cody.

— Ei, eu estou tentando, o que está havendo? — Ignoro a pergunta dele.

Minha mente está confusa. Não consigo pensar direito, o choro de Jacob fazia um eco em minha cabeça, minha vontade era de socar a parede, queria que tudo aquilo fosse mais um dos meus pesadelos, mas sabia que estava acordado.

— Christian, o que está acontecendo? — Cody fala muito alto.

— Cala a boca, Cody! Droga, será que consegue falar baixo?

— Mas quem são eles? — Cody pergunta.

— Eu não sei, mercenários, talvez piratas, só sei que não são o resgate. — Continuei. — Olha, precisamos daquele barco, não tenho outra escolha, eu irei matá-los.

— Matar? Christian, você está ouvindo o que está dizendo? Você não é assim. — Ele começa a balançar o Jacob para acalmá-lo. — Você é um bom homem, Christian, não faça nenhuma besteira, daremos um jeito.

— Não tem outro jeito, Cody, ou serão eles ou nós. Eu farei de tudo para você e o Jacob ficarem a salvo, mesmo que eu tenha que me tornar um assassino.

Pego a minha arma e mostro ao Cody.

— Destrave a trava de segurança, empurrando a alavanca de segurança na parte superior da arma para baixo. — Coloco a arma em sua mão e continuo explicando. — Puxe a corrediça sobre o cano para trás, para carregar a bala na câmara de disparo e depois é só atirar. Fique aqui dentro na parte mais escura da caverna. Se alguém que não seja eu entrar, não hesite em atirar.

— Mas, espera, você vai sozinho?

— Eu sei me cuidar, Cody, fique aqui e proteja o Jacob.

— Christian, você tem certeza do que viu? Sabe, talvez você tenha se enganado. — Percebo apreensão em seus olhos.

— Eles mataram um dos seus por uma discussão boba. Sim, eu tenho certeza.

Eu o abraço como se fosse uma despedida.

— Por favor, não morra. — Percebo uma lágrima descendo em seu rosto.

— Cody, lembre-se do trato, você precisa parar de ser um bebê chorão. — Eu o solto e vou até o berço ver o Jacob.

— Ei, filho, papai volta logo, o Cody vai cuidar bem de você, eu sei que vai. Te amo, meu pequeno. — Dou um beijo em sua testa e saio da caverna com apenas o meu facão. Ainda ouço o choro de Cody. Aquele ali sempre será um bebê chorão.

***

Sinto um frio na barriga, suo muito. Não lembro quando foi que senti tanto medo. Na verdade, lembro sim, parece que estou novamente na minha primeira missão como soldado dos Estados Unidos da América, na Somália. Em 1994 estava ocorrendo uma guerra civil naquele país, deixando milhares de mortos e feridos, incluindo crianças e mulheres. O presidente americano enviou reforços, cidadãos americanos, todos voluntários junto com o Exército, para o povo da Somália, mas muitos desses reforços acabaram sendo escravizados, trabalhando dia e noite no garimpo, e a guerra ficou conhecida como "sangue dourado". Todos estavam em busca de ouro, e havia duas facções na região, a "rosas vermelhas" e a "rosas negras". O mistério dessa guerra era a origem do fornecimento de armas, algo jamais descoberto, nem mesmo a CIA conseguiu desvendar. Mas o fornecedor deve estar podre de rico.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now