Ato III Ana - Eu cuidarei de você...

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18/01/2007. 13:00

Ao acordar nessa manhã chuvosa, eu decidi que tenho que ir para longe daqui, mesmo que as regressões do tempo estão fazendo efeito. Eu não posso mais ficar nesse lugar, eu sei que necessito de ajuda, mas irei procura-la bem longe daqui. Preciso ficar longe do Jason, não posso trair meu marido, e minha carne está se fraquejando com o tempo, minha vontade de beija-lo aumenta a cada sorriso que Jason terá para mim. Pedi para diretora me encaminhar para outra clínica, ela ligou para Emília que concordou com a ideia. A doutora Harumi e suas parceiras irão continuar com o tratamento na outra clínica.

Preparam minha mala, e logo fui para frente do Garden, dei uma última olhada sem me despedir de ninguém. Me despedir do Jason pode ser doloroso para nós dois. Antes de entrar no carro, uma enfermeira se aproximou assustada.

— Ana, o Jason...- ela falou ofegante – ele teve um dos seus ataques, nós injetamos a medicação, mas quando ele acordou ele ficou pior. Isso nunca aconteceu antes, ele se trancou no quarto.

— Como diabos vocês conseguiram isso? – falei abismada com a incompetência desse lugar, primeiro eles deixam uma garota se suicidar, agora deixa um paciente se trancar um quarto.

— Não foi culpa minha senhorita, eu só estou falando porque eu sei que vocês são amigos. – ela falou com tom de culpa.

— Me leve até ele. – ordenei.

Fomos correndo para o quarto dele, os enfermeiros tentam arrobar a porta. A diretora estava apreensiva, e com razão.

— Ana? – a diretora fala com um tom de surpresa ao me vê. - Pensei que já tinha ido.

-— Vocês não têm uma chave reserva?

Enquanto eu falava, eles arrombam a porta, e seguram o Jason.

— Ana, socorro. – ele gritou meu nome enquanto eles injetam um tranquilizante. Ele cai no chão e vai até a parede do seu quarto, ele abraça seus joelhos e chora como uma criança assustada.

— O que deu para ele? – perguntei aflita.

— Um tranquilizante mais leve, ele ficara acordado. – a diretora respondeu enquanto soltava um suspiro de alivio.

Tentei me aproximar dele, mas os enfermeiros me impediram.

— Por favor doutora Mendes, me deixe falar com ele. – pedi, e ela com relutância me liberou.

— Jason, sou eu Ana. – falei com ele, e ele abaixou sua cabeça. Coloquei minha mão no seu rosto para que ele possa me olhar. – Olha para mim Jason, deixa eu te ajudar.

Os enfermeiros estavam de vigília, sabia que e ele estava com medo deles.

— Nos deixe sozinho, por favor. – olhei para a diretora e estava muito indecisa.

— Ficaremos na porta do quarto, qualquer coisa estaremos aqui em um segundo. – ela falou e eu assenti em agradecimento.

— Ana, faz as vozes pararam. – limpei sua lagrimas com os meus dedos.

— Que vozes Jason?

— Da minha mãe, ela pede minha ajuda. Meu pa... – o abracei o apoiando em meu corpo.

— Não tem nenhuma voz Jason, só a minha – fiz um carinho em sua cabeça tentando acama-lo. – Foque na minha voz querido, tudo vai ficar bem.

Jason encarava a parede branca, como se tivesse vendo um fantasma.

— Ele está aqui, ele vai me pegar. – ele continua encarando aquele parede onde não tivera ninguém ali.

— Jason me fale, quem está aqui? – pergunto acariciando seus cabelos.

— Eu não posso falar, ele me disse que se eu contar para alguém, ele mataria todos que eu amo. Eu não posso perder você. – a cada segundo que passara seu choro ficava mais intenso, ele soluçava. Estava revivendo um terrível passado.

— Jason, confie em mim? – olhei em seus olhos– Está tudo bem, me conte o que aconteceu, não vai acontecer nada comigo, apenas confie em mim.

— Ele falava que eu era o garoto dele...

— Ele quem Jason?

— Meu padrasto, quando minha mãe o colocou dentro de casa,,,

Seus olhos estavam se fechando, os efeitos da medição estavam fazendo efeito. Não queria acreditar que isso aconteceu com ele, ele só era um garotinho e o padrasto tirou sua doce inocência.

— Olha para mim, eu não vou embora. – sussurrei em seu ouvido. – eu ficarei aqui, e cuidarei de você...

— Ele vai...

— Ele não vai fazer nada Jason, isso é passado que iremos superar juntos! – o interrompo.

— Mas eu contei para a minha mãe, ele disse que não era para contar, ele a matou, matou na minha frente e depois ele se matou, ele disse que se eu contasse para alguém ele ia matar. – ele chora ainda mais. – Foi minha culpa Ana, minha culpa.

— Não, não foi Jason!

Antes dele fechar seus olhos, dou um leve beijo em seus lábios. Não podia voltar atrás, eu preciso dele e ele precisa de mim. Ele dormiu em meus braços, mas antes ele abriu um sorriso. E aquele sorriso me trouxe esperança. 

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now