Em Luminus, conjuradores mágicos e Humanos são separados em um mundo do qual as estações são diferentes reinos. Primavera, outono, inverno e verão, todos os principais reinos estão tendo dificuldade de se manterem intactos, isso por conta de uma ant...
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Algumas semanas depois...
Era incrível como conseguíamos marcar tantas coisas com o tempo. Era uma palavra pequena, mas muita das vezes era capaz de destruir uma pessoa. Seja saudade, tristeza, amores que vem e vão e qualquer outro sentimento que possa perdurar tempo suficiente para que achemos ser insuportável. Mas... o que acontece quando o tempo destroça você de uma maneira que não tem a ver com lembranças? Porque eu me sentia assim: cansada e perdida. O tempo não podia me ajudar já que eu não sabia nada sobre ele.
Algumas semanas atrás não eram nada. Talvez por isso que conjuradores eram considerados por muitos amaldiçoados: por terem um tempo longo e infinito em uma vida de mais de séculos. Imortalidade da alma era preferível do que a do corpo. Só que eu não fazia as regras. De acordo com Luminus, Eve, a deusa suprema, comandava todas as leis da natureza. Inclusive a mim. E eu fui a todos os rituais durante quase um mês, esperando encontrar respostas pelo lado divino.
Mas não encontrei nada.
Meus olhos apenas acompanharam tudo que aconteceu ao meu redor nesses últimos meses. Críticas, olhares de pena e escárnio, palavras bonitas e maldosas, cerimônias e intrigas. Luminus era um centro colorido e misturado, gerando todo tipo de sentimento entre os estudantes. Eu não me sentia muito diferente desde quando eu tinha chegado ali. Apesar de ter amizades, claro.
Tatiana e Larissa realmente me acolheram bem. Elas não me abandonaram nesses tempos, sempre me incluíram em todos os eventos delas. Às vezes, eu que não queria ir, não gostava de me misturar tanto. E não foi muito diferente com os meninos. Leonardo e Lucas eram amigos interessantes de se ter por perto. Entretanto, eu preferia ficar ao lado do Felipe. Não era por beleza, por comunicação ou status. Era pelo silêncio. Muitas das vezes, Felipe não me perguntava nada que me deixasse desconfortável, como os outros faziam sem perceber.
Entrei dentro do meu quarto e encontrei as cortinas ainda fechadas. Felipe dormia na cama ao lado sul do quarto.
— Felipe! — chamei alto.
— Para de gritar. — ele murmurou.
Não era ruim dividir um quarto com ele. Primeiro que ele quase nunca parava em um lugar, muito menos no nosso quarto. Segundo, o quarto era grande suficiente para que eu dormisse ao norte, na cama já instalada no cômodo, e ele ao sul, em outra cama improvisada. Nós tínhamos algumas outras regras sobre não trazer ninguém ao quarto e sobre os horários do banheiro. Fora isso, tudo era muito tranquilo por ali.
Eu já estava na porta há um longo tempo, até já tinha chegado na metade do livro de Política Sociais. Levantei-me e abri as cortinas. O sol forte entrou no quarto e a luz bateu no rosto do Felipe.
— Já está tarde!
— Por que você tem que ser tão... Irritante? — ele perguntou com o rosto no travesseiro.
