Em Luminus, conjuradores mágicos e Humanos são separados em um mundo do qual as estações são diferentes reinos. Primavera, outono, inverno e verão, todos os principais reinos estão tendo dificuldade de se manterem intactos, isso por conta de uma ant...
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A sala privada do príncipe era mais do que um simples cômodo.
Era um espaço mobiliado com sofás macios, revestidos com sedas e linho, e móveis custosos e claros, como que para iluminar o ambiente fechado por pedras encostadas contra pedras. Os tecidos se agarraram ao meu corpo conforme eu passei de um canto para o outro, raspando tão levemente em minha pele que se parecia com o toque de um amante. Mas o andar superior... Ah! Esse era o atrativo da sala privada. Havia inúmeras prateleiras envernizadas com livros de diferentes tamanhos, cores e títulos. Era um verdadeira paraíso com cheiro de folhas novas e bem conservadas.
— Você leu todos os livros daqui? — perguntei enquanto passava a mão pelas capas, ainda admirada.
— A maioria. — ele respondeu, enquanto se sentava em um sofá preto.
Sentei-me ao lado dele, afundando-me no tecido fofo e mantendo certa distância. Antes que eu pudesse começar alguma leitura, iniciamos uma conversa sobre outros reinos, novos tipos de estudos, tipos de aulas, sobre combate e a magia que estava presente no dia a dia. Mesmo com algumas semanas, era difícil saber sobre tudo de Luminus. Tinham quatro estações completamente diferentes, com costumes, línguas e territórios diferentes. Eu amava ouvir Felipe falar sobre elas. Tinha tanta paixão e calor nas palavras!
— Como é Inverno? — perguntei, curiosa.
— Inverno era o que eu costumava chamar de lar. — murmurou, a voz rouca de emoção — Não há nada que se compare com toda aquela imensidão branca. A paz, a serenidade... É como se o próprio céu tivesse caído e ficasse intacto naquele pedaço. Ainda gostaria de lhe mostrar todas as lagoas cristalinas, as florestas de pinheiros, o vento com cheiro de louro-pardo... É algo indescritível. — ele fez uma pausa e sorriu — Assim que um bebê nasce, costumamos banhá-lo em uma tigela com neve, para que sinta o frio e veja aonde pertence. Depois, damos a ele o nome do primeiro floco de neve que encostar em seu coração.
— Flocos de neve têm nomes? — perguntei, espantada.
— Quando se vive em Inverno por tempo demais, aprende a ouvir o recado do vento frio. Ele arde em nossos corações, até que nós... Simplesmente despertamos. — ele deu de ombros — A neve é branca e vazia, para muitos. Mas quem enxerga de verdade verá que ela tem nome, história e sangue nas mãos. Muitos passaram por ela e não sobreviveram, outros... simplesmente foram acolhidos com paz. Ela é quem escolhe.
Ouvi mais sobre as desavenças dos reinos e pequena guerras – mesmo que ele gritasse para todos que queriam ouvir que História Antiga era algo ruim. Tudo estava caminhando como uma conversa normal e divertida, mas assim que ele levantou o braço para puxar um livro da mesa, vi uma marca preta no seu antebraço. Como uma tatuagem. Ela crescia como um espiral, era preta, única e... Linda. Inclinei a cabeça para continuar olhando e franzi o cenho com curiosidade.