E p í l o g o

2.6K 284 76
                                    

- Você consegue, sei que sim. - falou alto - Força, Alteza!

Teresa gritou muitas palavras horríveis em sua cabeça, tentando aguentar a dor. Por fora, estava com os lábios e olhos apertados, soltando grunhidos a cada vez que sua barriga endurecia. Seus músculos estavam doendo, ela só queria parar de fazer força e relaxar, deitar um pouco. Achava que seria impossível mexer os músculos depois, estavam muito cansados. E não havia alívio ali! Já fazia um tempo que as contrações tinham ficado mais intensas.

- Isso, está indo bem, Alteza. Preciso que empurre quando a contração vier, certo?

Droga! Ela amaria que Felipe estivesse ali ao lado dela. Só que as tradições idiotas e... Grr! Sua mãe tinha insistido para que ela mesma e Lúcia, a irmã mais velha, ficassem ao lado de Tessa. Azar o da sua mãe, porque ela estava apertando os dedos desta com o máximo de força que conseguia assim que as contrações chegavam. Já Lúcia, se dividia entre ficar séria e rir. Foi pura sorte Tessa estar visitando os pais quando percebeu que estava entrando em trabalho de parto, assim ficaria mais próxima da sua família.

- Oh, minha deusa! - Gritou contorcendo-se em busca de alívio para a dor - Esse é o primeiro e último, ouviram? Primeiro e último! Céus!!!

Pensando por outro lado, talvez fosse bom que o Felipe não estivesse ali, pois se estivesse, Tessa, provavelmente, estaria gritando com ele e quase o matando por fazê-la passar por aquilo, sendo que ele não tinha que sentir um traço de dor.

Havia outras três mulheres no quarto, todas vestidas adequadamente para realizar o parto. Tessa mal olhava para elas, vivia encostando a cabeça no travesseiro devido ao cansaço, vez ou outra tentando buscar uma posição de conforto, que diminuísse a dor, mas às vezes não aguentava e gritava. E eram tantas pessoas olhando, movimentando-se, falando... Sua mãe tentava dizer coisas reconfortante á ela, mas ela só queria perguntar à mãe como tinha aguentado passar por aquela dor durante tantas vezes, no nascimento de cada um dos filhos e ter tido coragem para gerar outros, conhecendo a dor.

Quando a próxima contração chegou, assim como cada uma, parecendo sempre mais dolorosa que as anteriores, a princesa gritou, comprimindo seu corpo e esperando o incentivo das mulheres mais uma vez. Mas, diferente de antes, assim que ela se deixou cair no travesseiro novamente... Todo o cômodo ficou silencioso! Exceto por... um grito. Era um grito agudo e alto, incessável. E foi uma das coisas mais lindas que Teresa tinha ouvido. Ela relaxou os músculos e ergueu a cabeça, seus olhos azuis procurando desesperadamente pela fonte do grito, pelo pequeno bebê. E lá estava ele, nos braços de uma das curandeiras.

- É um menino! - Anunciou enquanto firmava o bebê nos braços.

Era um lindo e pequeno menino.

Ela ainda estava meio em choque, com o corpo e a cabeça doendo e os olhos fixos no seu... filho. Seu filho! Mal podia acreditar que depois de todos esses meses ele realmente estava ali. Talvez, por isso, não tinha percebido que chorava, que a porta tinha sido aberta, para dar a notícia do fim do parto, ou mesmo, que Felipe estava ao seu lado e muitas cabeças enfiadas para dentro do cômodo. Ela pegou o pequeno embrulho dos braços da curandeira, ansiosa para vê-lo de perto e beijou a cabecinha suja do bebê assim que o ajeitou melhor, acomodando-o em seus braços. Felipe estendeu a mão para tocar os ralos cabelos claros do filho com extrema delicadeza, como se ele pudesse se quebrar e pegou Tessa de surpresa ao beijá-la e agradecê-la em um sussurro. Ambos seguraram as mãos unidas, as mãos que guardavam suas alianças há pouco mais de dois meses atrás.

- Viu, Tess? Viu que coisa linda nós fizemos juntos? - Sua voz tinha um tom maravilhado, um tom de adoração e amor.

Tessa riu enquanto as lágrimas caíam e balançou a cabeça para cima e para baixo, confirmando. Ele beijou a esposa novamente e depois disso não tiraram mais os olhos do pequeno. Exceto, claro quando levaram-no para os exames e para limpá-lo. Não tinha entendido no início como era possível amar alguém que mal conhecia e agora, pegando ele pela primeira vez, observando cada detalhe do rostinho enrugado, ela tinha certeza que o amava mais do que a sua própria vida e do que qualquer coisa no mundo. Teresa aguentou ficar acordada por mais um tempo, mesmo que cansada, até alimentá-lo.

AMOR PERDIDO (Revisão)Where stories live. Discover now