33 | I n v e r n o

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Teresa

— Pode, por favor, abrir a porta? — pergunta Tatiana.

Não, eu realmente não queria ter que abrir aquela porta. Porque dentro do quarto eu podia fingir que tudo estava normal e que eu estava cansada o suficiente para dormir durante várias horas seguidas, tentando gastar o meu tempo. Mas se eu abrisse a porta tudo ia voltar. Eu ia ter que ver o que está lá fora, quem está lá e se a situação toda piorou.

Já fazia uma semana.

Provavelmente Tati inventou que eu estava muito cansada de todo o conflito que tive que enfrentar no mundo humano e quando cheguei aqui. Mas nem por isso eu a deixei entrar. Não era picuinha, eu só precisava de um tempo sozinha e em paz para conseguir encaixar tudo o que eu tinha em mente. Todas as questões em aberto que me deixavam com dor de cabeça. E durante esse tempo muitas coisas se passaram pela minha cabeça. Principalmente a ideia de desistir de tudo de uma vez por todas.

Mas aí eu falharia comigo mesma. E isso não era o que eu queria.

Então meio que tinha um plano. 1º: Eu ia para o Inverno junto com todos e devolveria o colar para o lugar dele. 2º: Eu me afastaria do Felipe e do Natan, porque um deles já estava noivo e poderia ter me escolhido, então eu não ia ficar correndo atrás de algo que nunca iria dar certo. Já o outro me deixava confusa e, pior, ele era um Sombrio. 3º: Ainda que ninguém fosse comigo, eu iria ao Castelo Inverso e depois daria um jeito de ir ao Vale dos Caídos. E em 4º: Eu iria para o Inverno, a maior potência de todas as estações, então se eu não descobrisse o que eu tinha que descobrir aqui, eu desistiria de uma vez por todas. Então eu daria o meu melhor para encontrar todas as respostas lá.

Me levantei do pequeno sofá perto da sacada e arrastei meu vestido junto comigo. Eu olhei para as janelas e vi que o clima já havia melhorado depois que a guerra passou, era pôr-do-sol essa hora, mas estava muito, muito calor. E isso era o clima brincando conosco. Justo quando nós vamos embora ele muda!

Me obriguei a ir até a porta e destrancá-la. 

— Teresa, se você não sa... — Tati parou seu discurso e me encarou com um misto de raiva e compaixão.

Bem, eu devia estar horrível.

Ela estava perfeitamente bem, como sempre. Cabelos loiros impecavelmente presos em um coque, usava um vestido longo e prateado de verão, o que destacava seus olhos brilhantes e um pouco maquiados. Mas ela segurava uma carta em suas mãos, e seus dedos a apertavam tanto que já estava meio amaçada.

— Você está horrível! — ela levou a mão até a boca e me lançou um olhar de desculpas — Acho que temos que conversar e dar um jeito em você.

Ela entrou no meu quarto e se sentou no divã florido, esperando que eu me juntasse à ela. Com um suspiro, tranquei a porta e me aproximei dela.

— Quer falar primeiro? — ela perguntou.

— Não. Pode falar.

Suas mãos tremeram um pouco e ela me olhou nervosamente, estava um pouco aflita. Tati parecia travar uma batalha interna, mas, por fim, me entregou a carta. Me perguntei o que teria de tão importante na carta.

— Abra.

Desembrulhei o papel amarelado e retirei um papel branco de dentro do envelope. E o nome do remetente fez meus olhos se arregalarem e um sorriso surgir no meu rosto. Mas eu logo o desfiz, pois as letras estavam borradas, como se ela estivesse nervosa e apressada. Algo parecia estar errado. 

Era Larissa.

"Querida Teresa,

Não me pergunte o porquê de eu estar escrevendo esta carta para você, porque eu não faço a mínima ideia. Você poderia até pensar que eu escreveria para a Tatiana visto que ela é minha amiga há anos. Mas, eu sinto algo muito alarmante como se me dissesse, quase como se fosse um aviso, que eu devo escrever à você.

AMOR PERDIDO (Revisão)Where stories live. Discover now