44| P e r s e v e r a n ç a

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Felipe


Fazia mais de um mês!

A princípio, tudo o que Felipe sentia era raiva. Raiva por terem o trancafiado em um quarto, por terem separado ele da Teresa, por pensarem que, somente por conta da velha rixa entre famílias, ele não poderia ficar com quem amava. Ficou com raiva dos pais, ainda mais da mãe que sempre esteve ao seu lado, e não quis conversar com a Tatiana. Uma hora, até mesmo os guardas começaram a temer que ele os machucassem. Logo depois, foi a tristeza. Quando já havia tentado de tudo, desde quebrar seu quarto inteiro até lutar como nunca tinha lutado com os guardas, a tristeza o abateu. Aquela força e raiva se esvaíram, deixando-o cansado e entediado. Tudo que conseguia pensar era que já havia pensado em todas as possibilidades de fugir. Nenhuma dava certo!

Era como o luto – pensou ele – Primeiro vinha a negação, parecendo que aquilo não tinha realmente acontecido; Depois vinha a raiva, quando finalmente percebia que nada que fizesse ia mudar isso e canalizava tudo para a fúria; Em terceiro, vinha a tristeza, a sensação da decepção, culpa, desolação e a falta que a pessoa faz, reprimindo a fome e o sono para por fim... vir a Aceitação. Mas ao contrário do luto, Felipe não estava disposto a chegar a parte da Aceitação. Ele iria batalhar para tentar inverter a situação em que estava.

Seu pai tinha tinha sido esperto! Após Felipe ter apagado na Sala de Guerra, acordou em seu quarto sozinho. A primeira coisa que fez foi caminhar em direção a porta, tentando em vão sair. Primeiro: havia barreiras em volta do quarto inteiro. Ele tinha tentado até mesmo fugir pela sacada, mas não conseguiu passar um dedo para fora do parapeito sem que fosse barrado. Segundo: Duas vezes por dia, os turnos dos dez melhores guardas terminavam, alternando para outros. Ele nunca ficava sozinho.

Chegou um tempo que tudo o que fazia era comer, dormir e ficar encarando o teto durante o resto do dia. Isso era a pior coisa que tinha! Ele dispunha tanto tempo livre que os pensamentos dominavam sua mente volta e meia. O que teria acontecido se tivesse se prevenido contra o ataque surpresa? E se tivesse saído daquela sala logo após seu pai ter brigado com Teresa? E se tivesse sido mais forte? E se seus amigos tivessem os ajudado? E se... Nada! Nada daquilo mudaria o fato de que ele e Tessa estavam a quilômetros e quilômetros de distância um do outro. Ele ainda não conseguia pensar no que fazer. Só esperava que ela não estivesse sozinha e machucada.

—  Felipe. — chamou uma voz baixa.

Assim que Felipe ouviu a batida fraca na porta, correu imediatamente, quase tropeçando nos pedaços de móveis quebrados pelo caminho. Ele não estava animado com visitas, nem mesmo sua irmã. Tinha deixado isso muito claro para a família depois de tentar atacá-los. Claro que a mãe havia ficado triste, assim como Tati, mas não insistiram. No entanto, ele sabia muito bem que todas as vezes que batiam em sua porta no fim da tarde, só podia ser uma pessoa: Lívia.

Era verdade que nunca tinha gostado ou prestado atenção em Lívia Orphman, principalmente depois da "morte" da Anna. Sabia que ela era sua noiva e que tinha deixado bem claro gostar disso, mas pouco importava para ele. Felipe só amava uma única pessoa: Anna/Teresa, qualquer que fosse o nome que ela preferisse. E depois da Guerra dos Sombrios, como muitos estavam chamando, Lívia tinha mudado. Ela estava mais quieta e calma, sempre procurava ajudá-lo.

Abrindo a porta, mal cumprimentou a princesa e se virou para pegar o pequeno pacote de seus braços. Tomou o maior cuidado para que a coberta rosa não saísse do lugar, Tália tendia a acordar com o mínimo movimento. Ela chorava pouco, mas uma vez que acordava, custava a dormir novamente.

— Como já sabe, tudo que precisa está aqui dentro. — disse Lívia, colocando uma pequena mala ao lado da cama. — Tália está um pouco doente, mas asseguraram que é só um pequeno resfriado.

AMOR PERDIDO (Revisão)Where stories live. Discover now