36 | C a s t e l o I n v e r s o

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Teresa

Eu não tinha visto quanto tempo havia ficado presa dentro da floresta gelada. Nem mesmo sabia quanto tempo que a Tália ficou conversando comigo. Mas, assim que pisei os pés nos corredores escuros e frios do calabouço, soube que fiquei fora por um longo tempo. Entre uma pequena e revestida janela de ferro eu podia ver a lua cheia e brilhante. Provavelmente, já era madrugada. E essa não era uma boa hora para visitar o Natan, mas foi o que Tália tinha me dito, não foi?

Não se esqueça, Natan tem um papel importante nisso tudo. Acho melhor ficar de olhos abertos, dissera Tália.

E não era exatamente isso que eu estava fazendo? Estava ficando de olho, o mais perto possível dele. Então, tentei desviar dos grandes guardas com armaduras prateadas e espadas revestidas com gelo. Eles eram em maior número do que o reino do Verão e, consequentemente, faziam um trabalho melhor. Vigiavam todas as áreas, duvidavam até mesmo do sopro do vento. Pareciam ter nascido pra fazer aquilo, proteger o reino do Inverno.

Meu plano não era um dos melhores, mas foi o que eu consegui para entrar no calabouço. Usei todos os quatro elementos. Fiz o máximo de distração possível, tentei separar os guardas e conseguir uma passagem segura entre as sombras. O problema era que grande quantidade das paredes eram iluminadas por tochas prateadas e brilhantes, parecidíssimas com estrelas. Porque, é claro, eles pensavam em tudo.

Os guardas que estavam mais separados foi moleza, mas havia quase que um batalhão na frente da cela do Natan, cerca de 10 guardas armados dos pés até a cabeça. E, diferente do Verão, as celas do Inverno não tinham uma barreira mágica, tinham uma parede grossa e rígida de gelo negro. Era possível ver os movimentos dentro da cela, mas não eu consegui enxergar nem mesmo o rosto da pessoa.

Aposto que dessa prisão o Natan não conseguia sair.

Ajoelhando-me no chão de pedras ocre, manipulei o ar e deixei que um pequeno redemoinho circulasse os dez brutamontes. Eles não olharam por muito tempo para o que estava em frente a eles, ficaram mais preocupados em olhar ao redor para ver quem estava fazendo isso. Então, foi a vez de usar a terra. Por ser um calabouço no subterrâneo, foi fácil puxar a terra do teto. Algumas raízes conseguiram tirar as armas deles e os capacetes, mas outras foras cortadas pelas espadas de gelo.

- Quem está aí? - a voz dura quase me fez dar um sobressalto. - Seja quem for, não vai conseguir atravessar essa cela.

Do nada, o redemoinho sumiu, assim como as raízes. Aproveitando o terreno limpo novamente, usei o fogo. Água já era o elemento deles todos, então o mais fácil a se fazer era ir contra eles. Ainda vestida com um enorme manto branco que Tália havia me dado, me aproximei de todos eles e levantei as mãos no ar. E aconteceu o que era óbvio: eles tentaram me atacar.

A água que eles lançaram na minha direção era muito forte, mas consegui reter. Peguei a energia dos poderes deles e juntei com meu fogo. Concentrei minhas forças ali e fui sentindo a energia se expandir. Crescendo não só no ar, mas em mim mesma. Abri os olhos, tentando captar a posição de cada um dos guardas, e depois lancei a bola de fogo no ar. A princípio ela ficou parada, prendendo a atenção de todos. E, então, explodiu em um luz cegante.

Corri até a cela, aproveitando que todos os homens estavam no chão se contorcendo de dor e sem a visão, depois peguei a chave grande e pesada na armadura de um dos indivíduos. Destranquei a parede de gelo e ela abriu em uma pequena parte no meio. Ao entrar, tentei trancar a passagem o mais rápido possível.

- Resolveu me fazer uma visita?

Abaixei o manto branco e grosso e me virei, encarando Natan.

Ele estava sentado no chão com as mesmas roupas que eu sempre o vi usando, calça e blusa preta. Suas mãos iam de um lado para o outro, brincando com algumas lascas de gelo no chão, depois se transformando em água. Mas o seu sorriso debochado ainda continuava intacto, assim como o brilho misterioso em seus olhos negros.

AMOR PERDIDO (Revisão)Where stories live. Discover now