Capítulo Dois.

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Maju narrado:

Despertei morrendo de dor de cabeça, era algo tão profundo que não conseguia nem respirar direito, sentia dor por todo meu corpo, sentia minha intimidade arder e latejar. Abri com dificuldade as pálpebras percebendo que não estava em meu quarto, a cama era macia e bastante espaçosa, meu corpo estava enrolado em um cobertor geladinho e inspirava o ar condicionado em meus pulmões sentindo minha cabeça latejar, era minha primeira ressaca. Aquele lugar tinha cheiro de lavanda. Sentia meu corpo pesado e uma imensidão de dor me alcançar me causando lágrimas nos olhos.

Todo o quarto era branco com alguns tons cinzas, era bastante sofisticado, estava ali sozinha e nua, me desesperei e levantei-me rápido, a coberta da cama grande estava com manchas de sangue e me causou muito pavor, meu corpo todo estava dolorido e sabia que havia perdido minha virgindade. Eu chorei muito caminhando até uma janela do quarto e puxando as cortinas de tecido fino cor cinza. Estava amanhecendo.

Meu corpo congelou, minha mente parou de processar e o frio caminhou tranquilamente por todo meu corpo, eu estava em uma favela?! Senti nojo e repulsa de mim mesma, limpei as lágrimas que se intensificavam e puxei o cobertor mais pro meu corpo. Tentava vasculhar lembranças da noite anterior mas nada vinha em minha cabeça, corri com dificuldade pelo quarto procurando meu celular e o achei no chão junto com minhas roupas, estava descarregado!

Abri a porta sendo tomada pelo desespero e dei de cara com um cara alto, loiro, de olhos esverdeados profundos e bronzeado. Ele era um gato, vamos admitir!

Percorri todo seu corpo com o olhar, era malhado, bem forte, estava vestido em uma calça jeans desgastada e uma blusa da pena, usava um cordão de ouro em volta do pescoço e carregava uma... MEU DEUS! Não acredito que estava vendo pessoalmente uma arma, era enorme e parecia pesada, senti meus sentidos falharem, ele era um traficante!

Senti nojo e muita vontade de vomitar, as lembranças voavam em minha mente como um passe de mágica, ele havia tirado minha virgindade contra minha vontade! Eu havia transado com um traficante, drogado, mesquinha, pobre e totalmente ridículo, eu estava me odiando tanto naquele instante.

Ele fez menção de tocar em mim mas esquivei-me deixando as lágrimas caírem, uma mistura de todos os sentimentos ruins, raiva, desespero, nojo, repulsa, e simplesmente uma vontade enorme de morrer.

─ Não toque em mim, seu bandido nojento!

Ele me olhou incrédulo e suspirou.

─ Como vou tirar isso de mim agora?! Você me estuprou!

─ Não foi estupro se você quis.

─ Preciso me desinfectar, primeiro uma favela, agora perdi minha virgindade com um bandido miserável e nojento, aí que nojo, eu sou a pessoa mais nojenta do mundo!

─ Você é uma patricinha, acha que pode falar de mim é?

─ Me leva até minha amiga, se não eu vou te denunciar na polícia.

Ele sorriu irônico e alto.

─ Vá se vestir que Priscila está te esperando.

Ele deu-me às costas e mil e um pensamentos invadiram minha cabeça, como iria conseguir esquecer que isso havia acontecido comigo? Que eu havia deitado-me pela primeira vez com um favelado sem caráter? Como conseguiria mentir pra mim mesma em dizer que isso nunca aconteceu? Eu, Maria Júlia Arezzo, eu havia me deitado com um favelado! Era o fim!

***

Eu queria sumir, queria desaparecer, não aguentava nem eu mesma, tudo estava dolorido e principalmente meu caráter, eu era filha de pessoas ricas e poderosas e não deveria ter ido naquele lugar pobre cheio de miséria. No carro esportivo do cara responsável por tudo, eu chorava com descontrolamento olhando através da janela, pessoas pobres, mesquinhas, e fúteis.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now