Capítulo Trinta e Um.

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Maju narrando:

Terminei de calçar as havaianas e passar o perfume irresistível do Luan, e então me olhei no espelho sorrindo. Eu desci encontrando Luan assistindo televisão, ele logo se levantou quando me visou e sorriu pegando o boné.

Acho que era umas quatro horas da tarde, o sol já não estava tão quente assim como é nas ruas do Rio de Janeiro. Luan abriu o portão do jardim e cumprimentou os seus capangas. O esperei pegar o carro mas ele não fez...

─ Luan, você não vai pegar o carro? ─ indaguei batendo o pé.

─ Não, vamos andando, tem algum problema em ir andando? ─ ele cerrou os olhos e arqueou a sobrancelha me encarando, engoli o seco e suspirei nervosa.

─ Não, só estou com as costas dolorida.

─ Sei, então vamos andar pra exercitar as costas ─ ele pegou em meu braço e me puxou delicadamente pro seu lado.

Eu olhei pros lados aflita, e Luan percebeu.

─ O que foi hein? Alguém tá te peitando aqui? ─ ele perguntou alto no meio da rua.

─ Não, Luan. Eu só estou um pouco nervosa por ter tantas armas ao meu redor, eu não estou acostumada ─ menti e senti ele agarrar na minha mão e entrelaçar nossos dedos.

─ Ninguém vai fazer nada com tu, relaxa aí, eu tô aqui ─ deu um beijo na minha cabeça e foi me puxando enquanto andávamos tranquilamente descendo o morro.

Eu sentia o olhar de todos os moradores na gente, é óbvio que eles não olhavam enquanto Luan passava, mas depois que ele dava as costas, todos olhavam e cochichavam de nós dois, talvez nunca tivessem visto Luan andando pelas ruas de mão dadas com uma mulher. Aquilo já estava me incomodando, soltei a mão do Luan com raiva e ele parou e me olhou.

─ O que é agora?

─ Não gosto deles ficarem me olhando e cochichando, bem achando que sou puta interesseira igual Beatriz.

─ Tô andando contigo pra eles te respeitarem, eu sei que tu tem vergonha de andar comigo, mas eles têm que saber que tu é minha mulher, pode pá?

─ Luan...

─ Sabe o que eu faço contigo? ─ ele perguntou e neguei. Ele pegou na minha nuca e me puxou pros braços dele beijando meus lábios e deixando que todos vissem. Empurrei o peitoral de Luan e o mordi o lábio dele morta de vergonha, olhei ao redor e todos nos olhavam atônitos, me encolhi nos braços e Luan com as bochechas queimando e ele me abraçou sorrindo. Que raiva daquele filho da mãe!

Virei olhando pro lado e vi Douglas nos olhando com os olhos vermelhos, naquele momento senti um pressentimento ruim invadir meu peito e meu coração bater forte, ele lançou um olhar de lado que me causou um arrepio e saiu andando, levantei minha cabeça e olhei pra Luan que também me olhava com aqueles olhos, aqueles meus olhos que me acalmaram imediatamente. Selei os lábios dele e agarrei em seu braço voltando a andar e não tirando da minha cabeça aquele olhar do DG.

Luan parou numa padaria e comprou empadinha e pastel, sentamos em uma mesinha lá e comemos, mas estava ao mesmo tempo apreensiva e não conseguia parar de pensar. Terminamos e fomos andando em direção à casa de Priscila, ele me deixou lá se despedindo com um beijo na testa e eu entrei encontrando Priscila e RL no sofá abraçadinhos.

Pra cortar o clima deles, me joguei em cima dos mesmos e enchi a mão de pipoca que eles comiam.

─ E aí, patroa ─ JL cumprimentou e eu rolei os olhos bufando.

─ Não me chama assim.

─ Só a verdade, mona. Já é todo mundo da favela que tá ligada nessa parada ─ Priscila disse e RL confirmou acenando a cabeça. Eu dei língua e RL me empurrou devagar.

─ Tu tá gorda viu ─ ele brincou e lhe dei dedo. RL se levantou beijando a Priscila e me dando um beijinho na minha bochecha. ─ Tô indo pra luta, oito horas tô colando aqui, amor.

Ele pegou as chaves e saiu, eu e Priscila nos entreolhamos e sorrimos do nada. Peguei meu celular indo até a caixa de mensagens e suspirando ficando agora séria.

  ─ Precisamos conversar ─ eu disse ficando frustada novamente ao reler aquela mensagem de ameaça.

─ O que aconteceu? ─ Priscila pegou o celular da minha mão lendo a mensagem. Quando terminou se levantou rápida com os punhos fechados.

─ Se acalma, não faz nada, por favor ─ segurei no braço dela e ela já calçava a sandália.

─ Quem ela pensa que é pra te ameaçar? Quero ver quando eu quebrar a cara dela e cortar aquela palha de aço pra lavar minhas louças aqui, ela fica te ameaçando mas cadê que bate de frente!

Priscila estava nervosa e eu segurei ela impedindo-a de fazer alguma burrada.

─ Por que não contou pro Luan? E por que não me disse antes? Se Luan ver essa palhaçada, Luan vai é meter o pipoco na cara dela.

─ Não quero atrapalhar ele e por isso mesmo que não contei, não quero ser a responsável pela morte de ninguém, e tem mais uma coisa...

Priscila me olhou e se sentou respirando fundo e tentando controlar sua raiva. Eu contei do DG, que ele havia me beijado e falado aquelas coisas no dia da festa e ela escutava tudo com atenção e demonstrando raiva.

─ Douglas tá querendo é arrumar confusão, esse idiota, otário ─ ela resmungava. ─ Acho bom você não falar essa parte do Douglas pro Luan, mas aconselho você evitar o Douglas, ele é doido e nunca se sabe o que se passa por aquela mente sociopata dele ─ ela disse e sorri.

─ Ele me olhou com um olhar furioso hoje na hora que Luan me beijou no meio da rua, tipo aquele olhar perverso de que estava aprontando alguma coisa, eu fiquei logo com um pressentimento ruim.

─ Ele não é capaz de fazer nada, ele sabe que você já significa muita coisa pro Luan.

─ Mas ele é doido...

─ Ele não é tão doido pra fazer o Luan ficar com raiva, porque quando o Luan fica com raiva é melhor todo mundo sair de perto.

Eu me confortei no sofá e passei a mão pelo rosto, era tantos problemas, Beatriz de um lado querendo me matar por ser trocada, DG do outro me querendo.

─ E como tá o bebê da titia? ─ lá vem Priscila falar com minha barriga. ─ Bebê lindo da titia, coisa fofa que vou mimar muito! ─ ela beijava minha barriga por cima do vestido soltinho e eu rolava os olhos.

Peguei meu celular e resolvi instalar novamente as redes sociais, pelo menos ter algo pra passar o tempo. Reativei meu Facebook e minha conta no instagram, e não demorou nem dois minutos e havia mil solicitações de amizade e várias curtidas e comentários nas fotos antigas.

''Mulher do chefe'', ''patricinha mais linda da favela'', ''loirinha da ostentação'', ''primeira dama, patroa''.

Eu sorri com aqueles comentários e fiquei vasculhando as coisas dos outros até que chegou uma solicitação de amizade ''Beatriz Santos'', na foto de perfil era ela de short curtinho e um top rosa choque e na foto de capa... meu sangue ferveu quando vi Luan lá, não sei se foi ciúmes mas me deu uma raiva grande dela. Fui vendo o perfil dela até achar uma publicação que eu tenho certeza que foi pra mim.

''A patricinha acha que rouba meu lugar, mas ela não sabe com quem tá se metendo, a bala vai é comer pra cima dessa puta que roubou meu namorado, se toca querida, ele só tá contigo porque tu tá buchuda, mas por trás ele me come!''

Mostrei essa publicação pra Priscila que gargalhou alto.

─ Essa daí é muito mal amada mesmo ─ gargalhou ainda acariciando minha barriga.

Eu assenti e fechei as redes sociais, Priscila colocou um filme de romance e ficamos assistindo o resto da tarde.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now