Capítulo Cinquenta e Um.

26.6K 1.9K 451
                                    

Maju narrando:

Já estava pronta aguardando Gabriel e Luan, não estava nenhum pouco afim de ir nesse churrasco, mas Luan era insistente demais! Estava dentro de um vestido cor lilás, as alças eram médias e o busto ficavam bem justo, era justo até a cintura e depois ficava soltinho. Em meus pés estava um saltinho baixo cor preto. Havia feito uma maquiagem fraca e uma chapinha em meus cabelos.

Batia o pé impaciente, já estava começando a ficar com fome de novo.

Luan desceu junto com Gabriel e todos os dois bem arrumados e com o perfume exalando por toda a casa. Luan estava vestido com uma camisa da lascote verde, uma bermuda jeans lavagem escura e um vans branco, o boné estava pra trás e a fuzil na mão, eita que Luan não largava essa arma por nada. Gabriel estava de camiseta de alguma banda, uma bermuda jeans e um nike, esses irmãos até mesmo desarrumados ficam perfeitos.

Luan veio até mim e selou nossos lábios me entregando a fuzil dele em minha mão.

─ Segura aí ─ ele me entregou e foi até o lado do sofá agarrando uma caixa de madeira que parecia bem pesada.

Aquela fuzil pesava demais, fiquei imóvel com ela na mão, tinha medo de me mexer e do nada ela disparar, nunca havia pegado em uma arma na minha vida mas estava me acostumando já que Luan amava armas.

─ Gabriel, abre o porta-malas do carro ─ Luan pediu e Gabriel pegou a chave e saiu pela porta.

─ O que é isso?

─ Armas.

─ Tá louco? Vai levar armas no teu porta-malas? ─ arregalei os olhos com preocupação. Tinha medo da polícia parar Luan e encontrar aquelas armas ali.

─ Relaxa, amor ─ ele falou mansinho e foi indo carregando aquela caixa de madeira até o lado de fora, continuei imóvel com medo de me mexer enquanto segurava com dificuldade aquela fuzil, parecia pesar uns cinco quilos ou mais.

Depois de um tempo Luan voltou e agarrou a fuzil, então pude me mexer e respirar normalmente, ele segurou minha mão e saímos de casa em direção ao carro que estava na garagem. Entrei na frente junto com Luan e olhei pra trás encontrando Gabriel deitado nos bancos traseiros jogando no celular, ele estava de boa e aquilo me causou um sorriso.

No rádio tocava Mc Bob Rum ─ Rap do Silva, aquela música era muito bonita e era o primeiro funk que não via putaria, além da pura realidade da favela. Luan dirigia tranquilamente, de vez em quando passava sua mão pela minha coxa e ficava cantando junto da música.

─ Luan tu já tá indo? ─ o rádio dele soou pelo carro, era a voz de Douglas, na mesma hora gelei.

─ Tô, e tu tá onde mesmo? ─ Luan perguntou tranquilo. 

─ Já tô aqui, vem logo, caralho! 

─ Beleza! 

Merda! Douglas já estava lá, não queria ir, não queria ir, aquele pressentimento ruim de repente inundou meu peito como um alerta, merda, merda, merda! Por que Douglas tinha que estar lá?

***

Nós chegamos nessa favela depois de um tempinho, talvez uns quarenta e três minutos por aí assim, minhas pernas já estavam dormentes e minha bexiga mega apertada. Luan adentrou a favela sorrindo e abaixando o vidro, ele falava com uns traficantes lá e fazia toque de bandido. A favela do Mandela era completamente diferente da Rocinha, lá havia gente usando drogas nas calçadas, quase não se via moradores na rua, lá era estranho demais.

Luan subiu o morro e de longe avistei várias pessoas no meio da rua, a fumaça do churrasco rondava por ali e a caixa de som enorme tocava pagode, não estava me sentindo muito bem, suava frio e a sensação ruim não saia de dentro do meu peito, já estava com dor de cabeça.

Apenas um TraficanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora