Capítulo Quarenta.

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Maju narrando:

Eu já estava no hospital de novo, só havia dormido por duas horas e acordei suando frio e me vesti correndo pro hospital e encontrando agora Neguinho e RL na sala de espera, Luan havia tido uma convulsão e ele não respirava direito, só sei que nessa hora eu desmaiei, não conseguia e não tinha mais forças para desabar minha dor.

Só eu sabia o quê sentia naquele momento.

Neguinho estava inquieto, ele andava pra lá e pra cá, jogava o boné no chão e ajuntava, batia o pé, roía a unha e cutucava o aparelho, RL estava de cabeça baixa e dava alguns suspiros, acho que RL estava chorando.

O médico surgiu quando eram umas quatro e quinze.

─ E aí, vocês já conseguiram as duas bolsas? ─ nós negamos juntos e ele suspirou pesado. ─ Luan teve um início de parada respiratória, mas nós conseguimos estabilizar.

─ Cada hora que passa eu sinto mais ódio ─ Neguinho gritou esmurrando a parede e eu abaixei a cabeça olhando pros meus dedos.

─ Precisamos logo do sangue, por favor.

Ele disse e saiu, senti meu coração bater forte à ponto de sacar do peito novamente, sentia raiva de mim por ficar ali sem poder fazer nada pra salvar a vida do Luan.

─ RL?! ─ ouvi uma voz feminina gritar e levantei minha cabeça encarando uma mulher de aparentemente vinte ou dezenove anos.

─ Lívia?! ─ Neguinho e RL falaram juntos e olhei para os dois sem entender.

Ela ela alta e muito bonita, os cabelos eram castanhos claros e batiam bem na cintura com cachos nas pontas, os olhos dela eram chocolates e brilharam, sua pele era bronzeada e ela se trajava bem vestida e logo constatei que ela não era da favela. Nos braços dela estava um bebê de cabelos loiros e olhos chocolates, ele aparentava ter um ano e dormia no colo dela.

─ Como está o Luan? Fiquei sabendo lá no Complexo do Alemão e vim o mais rápido possível ─ ela dizia andando rápida até Neguinho e o abraçando sem aperto por conta do bebê e logo foi até RL realizando o mesmo ato.

─ Lívia por onde tu tava? Faz dois anos que tu desapareceu completamente, Luan tava doido atrás de tu.

─ Isso não importa, RL! Eu posso doar o sangue, soube que ele está em estado grave e vim até aqui, o quê importa é que estou aqui e vou salvar a vida dele, meu filho não pode crescer sem um pai!

Espera, como assim o filho dela não pode crescer sem um pai?!

Aquele bebê era filho de Luan?

Eu olhei para Neguinho e RL que também olharam para mim e suspirei analisando bem aquela criança, oh meu Deus, ele realmente era filho de Luan!

Apenas um TraficanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora