Capítulo Cinquenta e Quatro.

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DG narrando:

Ainda não havia acabado, era apenas o começo do inferno.

Eu não ia desistir até ver Luan morto, até poder enterrar ele igual fiz com o pai dele. Eu ainda iria fazer Luan sofrer muito, e ainda veria todos que ele ama sofrerem também.

Desci da moto e olhei a favela extensa, paguei a conta do moto-táxi e fui andando pela escadaria passando pelo asfalto e já entrando no morro.

Meu rosto ardia demais, o desgraçado havia quebrado meu nariz e deslocado meu braço, estava com a cara toda lascada, mas eu faria ele sentir muita mais dor que aquela que eu sentia no momento.

Ia andando mas fui esbarrado, dois vapores me pararam bem na entrada.

─ Qual foi tio, tá perdido?

─ Quero ver teu chefe, moleque.

─ Tu tá em território inimigo, Douglas ─ reconheci a voz de PR que se aproximava.

─ PR, que bom te ver de novo ─ sorri passando pelos vapores. 

─ Que foi isso na tua cara hein? Apanhou da tua mulher de novo? ─ ele cruzou os braços na altura do peito.

─ Minha conversa é com teu chefe e não contigo ─ respondo andando pelo Complexo da Alemão tranquilamente.

Lá no Complexo é mais fervo que na Rocinha, cheio de patricinhas que vão atrás de drogas, mas patricinhas safadas e gostosas, já havia morado por um ano lá, até que não era ruim, ser popular lá te gerava muitas vadias acesas pra te dar.

Subi o morro recebendo vários olhares, os bandidos de lá ficavam me encarando com cara feia, não tenho k.o com o povo de lá, quem tem é Luan, e agora queria só ver o sangue rolar entre esses rivais.

Entrei no beco, depois em mais outro até achar a boca, ficava meio afastado de tudo, fui até lá me sentindo como um convidado.

─ Vai pra onde? ─ os trutas me barraram quando ia entrar. ─ Tá fedendo merda aqui.

─ Vim ver seu chefe, preciso tratar de assuntos importantes com ele ─ falei e ele puxou o rádio falando alguma coisa, em seguida ele liberou minha passagem.

Não fiquei observando muito, fui direto na sala de DR, abri e o mesmo estava lá jogado na cadeira, havia muito dinheiro, muita droga, muito armamento e suprimento jogado naquela salinha, uma puta patricinha rebolava no colo dele. DR tinha muito poder nas mãos.

─ Douglas, meu amigo querido ─ ele sorriu com sarcasmo. ─ Vaza, cadela...

A patricinha saiu sorrindo, e sorri me sentando e encarando o cara grande de cabelos castanhos arrepiados, olhos chocolate e pele bem bronzeada, ele parecia muito com o pai do Luan.

─ Solta a voz ─ ele acendeu o cigarro de maconha e me ofereceu um, agarrei e acendi me acomodando na cadeira.

─ Luan assumiu o comando da facção, tô fora de lá, vim atrás de tu pra me juntar contigo, sei que alguém que tem mais raiva de Luan que eu é tu, Darlysson.

─ Não tenho raiva, tenho ódio ─ ele respondeu tragando o cigarro. ─ Então quer dizer que Luan assumiu o negócio? Isso é muito interessante.

─ E sua priminha também tá lá... ─ Darlysson deu ombros e suspirou fundo. ─ DR eu tenho tudo, eu tenho pessoas que tu pode machucar e atingir Luan, tenho a namoradinha dele, os filhos dele...

─ Isso é bom Douglas, eu gosto de machucar as pessoas, me fale mais sobre essa namoradinha do Luan.

Esfreguei as mãos e me juntei com DR, sabia que DR era meu melhor aliado, DR era um cara malvado igual eu, e capaz de qualquer coisa pra ter sua vingança. Mas não colocaríamos a mão na massa agora, deixaria passar alguns anos e finalmente a poeira abaixar, então o inferno passaria a reinar na Rocinha.

Eu ainda veria a destruição de Luan, eu iria assistir de camarote!

Lívia narrando:

Cheguei em casa aos prantos, chorava todas minhas lágrimas, meu peito doía.

Peguei meu filho no colo enquanto tentava enxugar minhas lágrimas com a costa da mão. Eu não conseguia aguentar, não conseguiria conviver com todo dia aquilo, Luan havia se declarado pra aquela patricinha, ele nunca fizera coisa desse tipo comigo e nem com ninguém.

Eu queria ir embora, tentar levar uma nova vida, mas não era possível, meu coração pertencia à Luan, somente à ele.

Meu celular vibrou e visei a mensagem de número desconhecido, desbloqueei e a li enquanto fungava:

Número desconhecido às 00:25 ─ Lívia? Douglas apareceu aqui, ele se juntou com DR, toma cuidado amiga, você tá correndo perigo! Por favor, toma cuidado! Tô morrendo de saudades, se PR descobri que tô falando contigo ele me mata! Tchau, beijos!

Lívia às 00:36 ─ Obrigada Camile, obrigada por me alertar!

Camile é a amante do meu primo, ele maltratava demais ela, DR sempre foi frio com todo mundo, sempre fechado, até mesmo com os filhos dele. E não entendia essa raiva dele por Luan, não entendia porque ele queria tanto Luan morto, agora que Douglas tinha se aliado à ele, seria dois psicopatas completamente loucos contra Luan, ah meu Deus, proteja Luan apesar de tudo, e a família dele também.

Eu nunca desejaria mal pra Luan e nem pra ninguém, ele já fez tanto por todos...

Olhei pro meu filho que brincava com meus cabelos e passei a mão docemente pelo rosto dele, ele me lembrava demais o pai, e isso me fazia querer chorar ainda mais. Luan nunca me amou, Luan nunca gostou de mim de verdade... Mas eu tinha que sobreviver com isso, não podia interferir na vida dele por mais que quisesse, Luan já passou por tanta coisa e só merece ser feliz agora.

Continuei visualizando minhas mensagens até que chegou uma nova.

Número privado às 00:58 ─ Cheque mate! Em breve vamos nos rever, priminha. Eu, tu e Luan.

Gelei com aquela mensagem, eu sabia bem do quê DR era capaz, suspirei fundo e apaguei a mesma sentindo a tensão percorrer meu corpo.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now