Capítulo Quarenta e Oito.

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Maju narrando:

Hoje era segunda-feira, hoje completava meus quatro meses de gestação, e bom, hoje descobriria o sexo desse bebê esfomeado que habitava minha barriga.

Estava muito ansiosa, não sei exatamente explicar os sentimentos que sentia, estava nervosa demais e coberta de aflição. Era mãe de primeira viagem e não sabia exatamente o quê fazer.

Luan nos conduziu até a clínica em São Conrado, estacionou o carro e descemos juntos. Levava nas mãos os remédios que o doutor Robson havia receitado nas consultas do pré-natal e outros documentos.

Estava dentro de uma calça jeans lavagem clara e uma blusa de mangas cor cinza com branca, na frente havia uma estampa que não dei importância por conta do nervosismo, nos pés usava um calçado confortável, uma sapatilha de cor vermelha com um lacinho, meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo justo e o perfume de Luan emanava de mim. Ajeitei em meu pescoço o cordão de ouro e segurei na mão de Luan para então atravessarmos a faixa de pedestres.

Luan olhava pra todos os lados com certa angústia, também devia ser novo pra ele ir em uma ultrassonografia, mas estávamos juntos nessa! Uma viatura então passou por ali e Luan abaixou a cabeça olhando pro lado e logo soube que ele não estava somente preocupado com a ultrassonografia, mas que também estava preocupado com as viaturas que passavam por ali e até mesmo policiais disfarçados.

Esse era um motivo dos inúmeros motivos pela qual Luan tem que sair do tráfico, não quero ter um filho e vê-lo crescendo com um pai vendendo drogas.

Era oito horas da matina, o céu de São Conrado estava um pouco nublado mas nem por isso as pessoas deixavam de aproveitar a maré que enchia, as ondas se formavam perfeitamente por conta do dia fechado e aquilo era ótimo para os surfistas.

Atravessamos a faixa e por fim adentramos ao grande prédio. Luan nem se sentou, já foi logo na recepção entrando na frente de um cara e entregando os documentos.

─ Ultrassonografia com o Robson, beleza?

─ Luan Lima? ─ ela indagou com um sorrisinho de admiração.

─ O próprio, agora larga de encher linguiça que tô apressado!

A recepcionista sorriu e pegou os documentos digitando, Luan suava frio e segurava minha mão firme, sei que era perigoso pra Luan ficar fora da favela, mas era preciso, não podia ir sozinha.

Não demoramos nem dois minutos ali parados e a recepcionista nos guiou até uma sala no corredor extenso, na porta branca havia uma placa preta com as letras brancas dizendo ''Ultrassonografia''. Ali entramos com uma tensão sobre nós, o doutor Robson estava sentado em uma cadeira ligando os aparelhos e passando álcool sobre a maca.

─ Bom dia! ─ ele nos saudou.

─ E aí, beleza? ─ Luan me puxou até  onde o doutor Robson estava e me pegou na cintura me levantando no alto, ele me sentou na maca e me abraçou. Passei minha mão sobre a nuca de Luan e em seguida meus dedos por dentro dos cabelos lisos e sedosos do mesmo, inalei o cheiro do seu pescoço e me senti calma.

─ Prontos para descobrir o sexo desse bebê? ─ indagou com um sorrisos e assentimos juntos.

O doutor pegou uma cadeira de alumínio e colocou do lado da maca, Luan ali se sentou e agarrou minha mão, sua mão estava um pouco trêmula, por dentro queria gritar só de ansiedade.

O doutor deu início ao processou, passou o gel, tirou minha pressão...

Quando ele pegou naquele aparelho senti um frio percorrer meu corpo, o ar condicionado resfriava a sala e colaborava mais pro frio, eu já me tremia, estava muito nervosa e meus olhos estavam arregalados. Ele começou passando levemente o aparelho pela minha barriga, no monitor a imagem embaçada se mexia, o som do coraçãozinho batendo rápido tomou conta da sala e tomou conta de toda minha emoção.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now