Capítulo Quarenta e Um.

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Maju narrando:

─ Vou atrás do médico pra avisar que achamos alguém para doar.

Neguinho me tirou completamente de meus pensamentos, ele saiu correndo pelo corredor extenso e me deixou na presença de Lívia, RL e o bebê que acabara de acordar. Aquele bebê que trazia traços do rosto de Luan sorriu para mim revelando seus dentinhos que cresciam, visei aqueles olhos cor de chocolate que me fitavam e sorri de lado mesmo angustiada.

Várias perguntas rondavam minha cabeça, logo lembrei-me das palavras de Beatriz, e questionei à mim mesma, queria entender porque Luan nunca havia me contado que já tinha um filho, queria entender o quê ocorria naquele momento.

RL me fitou e sorriu largo e metálico, mas logo seu sorriso desapareceu ao ver meu semblante sério.

Sei que não devia agir dessa maneira, aliás, ela ia salvar a vida do Luan, eu devia estar feliz ao tê-la conosco, ela era nossa única salvação, mas não consegui segurar aquele meu pressentimento de quê havia algo mais e logo senti ciúmes sem nem mesmo conhecê-la. Ela se sentou e me olhou dos pés à cabeça por um momento, em seguida fitou meus olhos e a encarei.

─ Luan está com uma nova amante? ─ ela perguntou para RL que negou.

─ Ela tá morando com ele, tá esperando um filho.

─ Coitada ─ ela murmurou mas escutei.

Me levantei dali com raiva e saí da sala de espera indo até o lado de fora e me sentando na calçada, via o movimento de visitantes chegando, ambulâncias estacionando, até que uma moto foi estacionada bem em minha frente. DG desceu com sua fuzil e me fitou lançando-me um sorriso, eu retribui sem vontade e o senti caminhando em minha direção.

─ E então, como meu irmão tá?

Douglas estava cheiroso e bem vestido, ele sentou-se ao meu lado e segurou em minha mão.

─ O que foi princesa, aconteceu alguma coisa? ─ Douglas acariciou meu rosto e me afastei um pouco dele.

─ Encontramos o doador, ou melhor, uma doadora e ela está lá dentro ─ informei.

─ Eu sei, a querida Lívia está de volta, tu sabia que ela e Luan eram namorados? ─ DG dizia e eu fiquei mais curiosa ainda. ─ Luan vai amar saber que Lívia lhe deu um filho, aliás, ele era apaixonado por ela.

─ Não acredito no que você diz ─ retruquei e me levantei. ─ Tchau, Douglas.

Saí de perto dele atravessando a rua e indo em direção à uma lanchonete do lado do hospital e pedindo um misto com suco de cupuaçu ao leite, peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Priscila pedindo pra ela me encontrar lá, eu precisava conversar, estava sentindo aqueles pensamentos e dúvidas se derramando sobre mim como um tsunami, me atingindo em cheio e me fazendo questionar meus próprios sentimos e pensar se era recíproco ou se Beatriz estava certa.

Não demorou alguns minutos e Priscila surgiu com Gabriel, ele estava sério e com o rosto avermelhado, correu até onde estava e me envolveu em um abraço confortante, em seguida se sentou e observamos Priscila se sentar.

─ Como o meu irmão tá, Maju? Ele melhorou? Por favor diz que ele melhorou! ─ Gabriel me perguntou com os olhos baixos e eu sorri sem mostrar os dentes.

─ Ele vai ficar bem, achamos uma doadora e logo ele vai receber o sangue ─ acariciei os cabelos loiros de Gabriel e observei ele suspirar profundamente, os olhos esverdeados dele brilharam pelas lágrimas.

─ Acharam uma doadora? ─ Priscila indagou curiosa.

─ Uma tal de Lívia apareceu, e trouxe o filho deles dois junto.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now