Capítulo Sessenta e Um.

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Maju narrando:

Acordei com vários beijos sendo desferidos por toda a extensão de meu rosto, abri meus olhos devagarzinho e enxerguei as duas pedras esverdeadas que brilhavam bem em minha frente, eram os olhos de Luan, eu sorri e selei nossos lábios.

─ Acho que algo está nos impedindo aqui ─ falou se referindo à minha barriga que estava completamente enorme.

Já estávamos em fevereiro, havia completado nove meses antes de ontem, acreditem, minha barriga estava enorme assim como meus seios que estavam vazando o leite materno, o doutor disse que o nascimento estava previsto pro dia dez à dezenove de fevereiro, mas ainda não era certeza, minha pequena poderia vim ao mundo à qualquer momento e já estava preparada mas não cem por cento.

Só vivia em casa, ficava um pouco difícil andar com aquela barrigona, tinha que andar com as pernas abertas, minhas costas doíam e meus tornozelos estavam inchados, estava um caco mas mesmo assim Luan dizia todos os dias que estava perfeita, como não amar?!

Tudo estava ótimo, os meses que passaram foram perfeitos e repletos de felicidades, Luan ficava a maior parte do tempo em casa comigo me enchendo de mimos, Priscila também só vivia aqui fofocando sobre tudo, quase não saía de casa mas estava bem informada!

Tudo estava pronto pra chegada da nossa filha, até mesmo Luan que às vezes acordava atordoado no meio da noite e surta dizendo que ela está chegando, ele se arruma rápido, pega a bolsa com as coisas dela e vai me puxando, eu preciso berrar em cima dele dizendo que ainda não era hora. O quarto dela estava perfeito, o berço já estava montado e direitinho, já havia fraldas, trocador, as roupinhas, as luminárias, enfim, tudo estava só esperando ela chegar, inclusive o pessoal que sempre perguntavam quando iriam ver a princesinha da favela, as mulheres daqui mimavam demais minha barriga, enchiam de beijos e carícias, sem falar na montanha de fraldas que davam, acho que já havia bem umas mil fraldas guardadas aqui.

Uma pessoa que estava louca era Priscila, que havia escolhido também pra ser madrinha dela junto do RL, Priscila me ligava de madrugada e perguntava se eu estava bem, com certeza ela era a mais louca pra chegada da nossa filha, depois de Luan é claro. Gabriel também estava ansioso, sempre ficava perto de mim, nem no banheiro eu podia ir mais sozinha, precisava gritar por ter Luan e Gabriel sempre perto de mim.

Às vezes fingia estar desejando algo só pra eles dois saírem um pouco atrás de comida enquanto eu respirava sem ter eles em cima de mim perguntando se estava bem, se estava sentindo algo.

Ainda não havia escolhido o nome, e não passava nenhum pela minha cabeça, deixaria isso pra hora exata, eu e Luan escolheríamos.

O morro estava tranquilo, sem confusões, tudo na paz, tudo feliz, depois que Douglas se mandou tudo aqui ficou melhor com toda certeza. Vi mês passado Beatriz, ela nem me olhou, o cabelo dela tá batendo bem no ombro e ela ainda guarda cicatrizes do quê Douglas fez com ela, que bom, não imagino e nem tento imaginar. Às vezes via Lívia, mas era coisa rápida, geralmente era quando ela vinha trazer o Kayke pra passar a tarde com o Luan e comigo, mas ela só chegava até a porta da frente e ia embora, não queria olhar pra cara dela.

Minha filha é muito ativa, ela não para de se mexer, ultimamente anda bem esperta e graças à Deus o doutor Robson disse que ela estava no peso e tamanho ideal, havia alcançado minha meta, mas também, todo dia Luan me enchendo com frutas, verduras, legumes, vitaminas, não tem como não estar em forma!

E vocês devem estar se perguntando como estou em relação à gravidez... EM PÂNICO! Provavelmente será normal, porque ela não está mais sentada, e se tudo ocorrer bem, eu terei um parto normal e bem tranquilo com a equipe completa do doutor Robson, ele também estava caducando muito comigo e Luan, e o pessoal do grupo de pais também, mal esperavam pra ver nossa pequena.

─ Tu tá bem? ─ Luan questionou me ajudando a levantar.

─ Claro, você já começou?

─ Não, é porque ontem tu disse que tava sentindo umas dores no pé da barriga.

Ele se preocupou, mas eram só pontadas ligeiras, o doutor Robson disse que é normal quando se está na casa dos nove meses.

─ Estou bem, amor ─ beijei os lábios dele e acariciei seus lisos cabelos.

─ Minha gordinha mais linda ─ ele falou entre o beijo e me puxou me levantando.

Fui até o banheiro, fiz minhas necessidades, e olhei no meu relógio de pulso que ainda era sete e doze da manhã, Luan me levaria pra caminhar com certeza, ele se preocupava se ficava muito tempo deitada.

─ Amor, tudo bem aí dentro? ─ ele gritou e revirei os olhos, como era chato!

─ Sim, já estou saindo ─ digo lavando as mãos e enxugando meu rosto com a toalha, saio da banheiro e encaro Luan que estava de calça jeans, camisa da adidas verde claro, cordão de ouro, relógio no pulso, boné na cabeça e a fuzil atravessada nas costas.

Abracei ele com força e de repente senti algo ruim invadir meu peito, era uma sensação ruim, um pressentimento que me deixou um pouco tonta e me fez cambalear, me segurei em Luan e senti meu coração bater forte.

─ Amor, tu tá bem? ─ ele me segurou firme, seus olhos estavam muito preocupados.

─ Foi só uma tontura ─ abro um sorriso amarelado e ele assente beijando minha testa.

Nós descemos as escadas juntos e com cuidado, Julieta sorri ao me ver descer.

─ Mas como tá linda, olha só essa barrigona! ─ ela vem até mim e desfere um beijo em minha barriga.

─ Saí que ela é só minha, eu tenho ciúmes! ─ Luan diz e Julieta sorrir, inclusive eu, mas aquela sensação ruim ainda está dentro de mim. ─ Gabriel já foi pra escola?

─ Sim, vocês vão caminhar? ─ Julieta pergunta e Luan afirma. ─ Tomem cuidado, por favor.

─ Tá comigo, tá com o cuidado em pessoa ─ diz brincalhão e me abraça.

Saímos de casa de mãos dadas, eu andando de pernas abertas por conta da enorme barriga e Luan sorrindo por me ter ao lado dele, olhei pra Luan e meu coração disparou, era como um aviso, um alerta, algo ruim, olhei bem pra sua pele bronzeada, seus cabelos loiros, seus olhos esverdeados, a barba por fazer, as covinhas nas bochechas, dentes perfeitos e encantadores, suas tatuagens... como meu traficante era perfeito.

Nós vamos cortando as ruas, vamos pelos becos até chegar a rua principal, Luan falou alguma coisa no rádio dele e sorriu segurando firme em minha mão, de repente surge RL sorridente.

─ Bom dia loirinho e loirinha ─ ele brinca nos abraçando e nos acompanha enquanto descemos o morro.

Mas algo me faz parar o coração, várias pessoas saiam na porta para ver o quê acontecia lá na entrada do morro, senti uma tensão percorrer por todo meu corpo, sentia meus olhos marejados, sentia a sensação ruim tomando conta de todo meu corpo.

─ Puta que pariu... ─ RL disse baixinho e Luan pressionou minha mão com força.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now