Capítulo Vinte e Seis.

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Maju narrando:

Da praia regressamos pro morro, pelo menos não fomos de novo dentro daquela sardinha, implorei pra Priscila pedir o táxi e assim fomos. Descemos em frente da casa da Priscila e já era três e quinze da tarde, as horas estavam passando muito rápido. Gabriel tomou banho lá mesmo pra tirar o sal do corpo e vestiu uma roupa que ele tinha levado na mochila e capotou, depois fui tomar um banho e lavei meu cabelo, desci e Priscila estava falando no telefone, assim que me viu desligou.

─ Vai dormir? ─ ela perguntou e assenti sonolenta.

Comi alguns biscoitos e subi indo pro quarto da Priscila e me jogando na cama, Gabriel dormia do meu lado e aproveitei e acabei caindo no sono também.

Acordei com Priscila jogando uma sacola em cima de mim, bocejei me espreguiçando e me sentei na cama coçando os olhos, Gabriel não estava mais no quarto, já deveria ter ido pra casa, ou o Luan devia ter vindo busca-lo. Peguei aquela sacola cor de rosa com um laço enorme e abri ela. Fiquei de boca aberta com o vestido que havia lá, era muito lindo, a cor dele era pêssego, ele vinha com várias camadas, havia alguns brilhos e umas partes de renda, ele era sem mangas e havia um pequeno decote, o zíper se localizava atrás e ele realmente muito perfeito, era da Maria Gueixa.

─ Feliz aniversário, achei ele em uma loja e vi que era sua cara, espero que você use ele hoje antes que ele não dê mais em você, gorda ─ Priscila disse e me mostrou o par de scarpin vizzano, era preto com um laço bem na frente, eu havia amado-o. Me levantei e abracei Priscila com força.

─ Obrigada, mas você não acha que esse vestido está muito lindo pra usar em um baile? ─ perguntei guardando-o com cuidado.

─ Claro que não, ele é tamanho único, é mais antes usar logo porque depois não vai dar ─ ela apontou pra minha barriga e sorri.

Me levantei e ajudei Priscila à escolher uma roupa pra ela, mais tarde descemos e ficamos assistindo televisão. Estranhei o fato de Luan ainda não ter ido até a casa de Priscila, sei lá, me desejar feliz aniversário, ah, mas por quê ele iria? Eu vivo tratando ele mal e até disse mesmo pra ele não olhar mais na minha cara, ele deve ter desistido, as pessoas cansavam de mim, eu tinha que me acostumar.

Quando o relógio marcou oito e meia, nós duas fomos nos arrumar, não estava com vontade de ir nessa baile mas iria pela Priscila, conhecia minha amiga e também conhecia a insistência dela. Tomei banho, escovei os dentes e passei hidratante, vesti uma lingerie cor preta de renda e retirei aquele vestido de princesa da sacola admirando-o mais um pouco, Priscila foi tomar banho e eu aproveitei para me trocar. Coloquei o vestido com cuidado e ele ficou perfeito em mim, marcou bem meu busto e fiquei parecendo uma princesa, mas a tristeza me atingiu após me lembrar da minha festa de quinze anos que nunca teria, eu deveria usar aquele vestido na festona que meus pais dariam, mas infelizmente nem tudo é como queremos.

Pensei muito em meus pais hoje, e só queria que eles me entendessem e que vissem o quanto é difícil para mim, eu só tenho quinze anos e já vou ser mãe, eles como meus pais deviam estar do meu lado me apoiando nesse momento e não me humilhando igual eles fizeram.

Mas eu tinha que levantar minha cabeça, meus pais não precisavam de mim, mas aquele bebê sim e eu devia tomar responsabilidade porque foi tudo culpa minha!

Deixei uma lágrima escapar em meio desses pensamentos e puxei o zíper do vestido com dificuldade pegando o scapin e calçando-o. Me olhei no espelho e estava realmente linda dentro daquele vestido. Priscila saiu e se arrumou e depois colocou o babyliss pra esquentar pegando o kit de maquiagem dela e vindo até mim, estava achando que Priscila estava me arrumando demais naquele dia, mas ela era exagerada mesmo e por isso nem liguei.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now