Capítulo Vinte e Sete.

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Cumprimentei todas as pessoas ali, elas elogiavam toda a decoração, as luzes, o bolo, as lembranças, e claro, eu. Minha cabeça latejava, tinha vontade de ir na casa de Luan e me desculpar, me desculpar por tudo, desde o começo.

Priscila organizava tudo, e ela ainda me contou que Luan havia contratado cantores pra fazer show ao vivo, devia ter sido tudo muito caro, oh meu Deus, eu ainda estava incrédula perante daquela surpresa, nunca imaginaria que ganharia um aniversário de quinze anos, sempre meu orgulho falou meu alto e minha ignorância, mas tudo estava perfeito, tudo estava lindo, graças à todos e principalmente Luan.

O primeiro cantor que subiu ao palco foi MC Leozinho, e advinha que música ele tocou primeiro? Patricinha da Favela, e já sabia que era obra de Luan, eu sorri vendo todas as meninas correndo pra assistir de perto MC Leozinho cantando, eu fiquei de longe, Carol me puxou e me mostrou que Neguinho roubava os brigadeiros da mesa junto do Gabriel, aproveitei e roubei uns também.

Não devia ser todo dia que havia cantor ao vivo ali, e muito menos festas com cantores de sucesso e devia ser por isso que meu aniversário estava tão cheio. E todos gritavam dançando próximo da grade de segurança do palco.

─ Tráfico de brigadeiros ─ RL comentou sorrindo, olhei pra saída e suspirei, desfiz o sorriso desejando que Luan entrasse por aquela porta, meu coração estava apertado. Me enturmei fazendo amizade com algumas meninas de lá e descobri que elas eram super legais, elas falavam demais.

─ Tu é sortuda, mona ─ uma delas disse sorrindo. ─ Luan fazer um graça dessas pra alguma mina? Só no sonho mesmo.

─ Verdade, mas tu samba na cara de Beatriz viu, tu é metida mas não fica arrumando confusão com qualquer uma ─ outra delas disse e sorri.

─ Tu sabe rebolar? Vamo lá patricinha, remexe tudo e vai até o chão ─ a morena do corpo enorme disse rebolando e sorri ainda mais.

Aquelas meninas eram doidas, mas legais, pelo menos eram sinceras e divertidas e não eram iguais as minhas amigas da escola, as do condomínio ou as filhas das amigas da mamãe. Elas eram da favela, mas eram bem melhores que as patricinhas que conhecia.

Agora quem havia assumido o palco era Mc Koringa e cantava: Pra me provocar.

Carol e as meninas dançavam rebolando até o chão e ficava admirando-as, havia muita gente ali que não conhecia, eu falei que havia uma pista de dança? Era lá que as meninas rebolavam igual loucas.

Depois do Mc Koringa veio Bonde da Stronda, e antes deles começarem a cantar, um deles agarrou o microfone falando sorrindo...

─ Essa aqui é dedicada, vai especialmente pra aniversariante, e foi o chefe quem mandou.

Eles começaram a tocar ''Nossa Química'', todos me olharam e sorriram, Priscila agarrou no pescoço do RL e Carol no do Neguinho, todos os casais ali se agarraram pra curtir a música romântica. Eu me sentei em uma mesa ali e fiquei escutando aquela música e me lembrando de Luan, desde o início, quando o chamei de ladrão, de bandido, quando o julguei, e mesmo assim ele não desistiu de mim, e mesmo assim ele me ajudou.

Eu não devia ter feito tudo aquilo com ele.

Às vezes é melhor só pensar e não falar.

Olhei pra saída distraidamente e meu coração acelerou quando o vi...

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now