Capítulo Cinquenta.

24.8K 1.9K 407
                                    

Maju narrando:

Tava descendo o morro, era três horas da tarde e havia combinado um sorvete com a Priscila.

Andava por ali tranquilamente, mesmo com todo mundo me olhando por onde passava. Estava fazendo um calor horrível, tive que tomar uns três banhos só agora de tarde, Luan havia saído pro ''serviço'' e havia ficado sozinha já que Gabriel estava pro treino de futebol depois da escola.

Mal esperava pra dar a notícia pra Gabriel sobre sua sobrinha, com certeza ele iria pirar ao saber que iria ser tio de uma meninazinha.

─ Deixa ela passar, não olha, nem mexe, sabe quem tá passando? É a mulher do chefe!

Olhei pra calçada enquanto andava e tinha três moleques sentados enquanto fumavam, eles tinham fuzis enormes no colo e escutavam funk em um celular.

─ Pensei que nossa patroa era a Lívia, tu não viu LL levando Lívia hoje na garupa da moto dele?

─ Fica na moral, porra! Tu quer tua cabeça estourada pelo chefe?

─ Ah é mesmo, as mina do chefe são tudo chifruda! ─ eles começaram a gargalhar na calçada.

Saí dali batendo o pé, estava morrendo de raiva, cheguei na casa de Priscila com meu rosto ardendo. Lá na porta tinha algumas meninas, reconheci algumas que estavam na minha festa de aniversário e cumprimentei as mesmas que sorriram.

─ Aconteceu alguma coisa? Você tá bem? ─ Priscila segurou em meu braço me puxando para sombra.

─ Tudo ótimo ─ falei mal-humorada.

─ Desembucha aí, foi alguma coisa com Luan? ─ insistiu. 

─ Tava descendo o morro e vi uma pessoa comentar que Lívia estava na garupa da moto de Luan hoje, não sei mesmo o que ela quer com ele...

─ Se acalma, Maju ─ ela me tranquilizou. ─ Você não sabe porque ela estava lá, então não tome decisões precipitadas...

─ Você acha que ele ainda gosta dela? ─ perguntei rápido.

Priscila balançou a cabeça em forma negativa, suspirei fundo tendo minhas dúvidas, talvez fosse só coisa da minha cabeça mesmo...

Chamamos a Carol que estava sentada lá na calçada conversando e a convidamos pra ir na sorveteria com a gente, ela se levantou toda sorridente e fomos conversando até uma sorveteria de frente pra uma praça.

Cada qual pediu seu sorvete e no final pagamos saindo dali, procuramos um banco e sentamos observando o movimento da praça e conversando sobre gravidez. Estava um pouco longe da conversa, pensava em várias coisas mas ao mesmo tempo em nada...

─ Maju?! ─ Priscila chamou tirando-me do mundo da lua. ─ Queremos saber quando você vai comprar o enxoval.

─ Hã? Ah, não sei ainda, ainda tá cedo pra isso...

─ Só falta cinco meses, esses cinco meses vão passar voando, ainda tem o quartinho, ainda tem que pintar, ainda tem o kit de parto, o berço... ─ Priscila ia contando nos dedos, eu sorri e Carol também.

─ Ela só vai nascer lá pro outro ano, ainda não estou preocupada com essas coisas.

─ Você pretende fazer o chá de fraldas, Maju? ─ Carol me perguntou e dei-lhe ombros, estava mais preocupada era com outras coisas...

Ficamos conversando até escurecer, as meninas falavam demais. Seguimos juntas até na casa de Priscila e me despedi delas duas com um abraço confortável, já estava de noite e tinha um pouco de medo de andar por ali quando estava de noite.

Fui pra casa tranquilamente, graças à Deus ninguém mexeu comigo, suspirei aliviada ao abrir a porta da sala e adentrar o cômodo encontrando Gabriel no sofá assistindo novela.

─ Oi, Maju ─ ele sorriu pra mim amavelmente. 

─ Oi, Biel. Como foi o treino hoje?

─ Foi legal, e como foi a ultrassonografia hoje? ─ ele indagou se sentando no sofá, me juntei à ele e sorri.

─ Advinha!

─ Menina! ─ assenti e ele sorriu enchendo minha barriga de beijos. ─ O titio sabia, ela que se prepare porque não vai ter só um pai ciumento!

─ Coitada dela ─ sorri me levantando. ─ Vou tomar um banho e já volto.

─ Tá bom, tenho que te contar o quê já aconteceu na novela...

─ Já volto.

Subi saltitante e entrei no quarto de Luan, que já podia chamar de nosso, e já fui me despindo com meus tornozelos latejantes.

Tomei um banho demorado e saí enrolada na toalha, foi quando tomei um susto ao ver Luan sentado na beira da cama, ele estava só de bermuda e boné. Ficamos um tempo nos encarando e bufei indo até o guarda-roupa, ainda estava zangada por ele ficar dando carona pra ex dele.

─ Que foi hein, marrenta?! ─ ele se levantou vindo em minha direção.

─ Por que não pergunta pra Lívia?

─ Porque tô perguntando pra ti.

─ Não sabia que você tinha virado moto-táxi, até que enfim mudou de profissão...

─ Eita que as notícias correm rápido, mas disseram que nosso filho tava junto também?

─ Não entendo, Luan ─ me virei com raiva e taquei minha camisola nele. ─ Por que você deu carona pra ela? Ela não é nada pra você, não é sua obrigação...

Luan se aproximou e segurou em meus pulsos.

─ Ela tava no sol quente com nosso filho, eu só quis ajudar ─ falou baixo e rolei os olhos.

─ Você gosta muito de ajudar as pessoas... ─ falei com sarcasmo.

─ Sabia que tu com ciúmes fica muito gostosa? ─ ele sussurrou e segurei o sorriso, não ia sorrir pra ele. ─ Quer que essa toalha caía? 

─ Não se atreva, idiota ─ puxei meus pulsos de suas mãos grandes e voltei ao serviço de encontrar alguma roupa pra vestir.

─ Amanhã vamos em um churrasco lá no Mandela, é aniversário do Coelho.

─ Vai sozinho.

─ Amor, não aguento aquelas minas de lá dando em cima de mim, tu precisa ir comigo e mostrar que já tenho dona e que ela é muito ciumenta e brava!

─ Eu não, aproveita e dá uma carona pra elas ─ falei irônica.

─ De qual é Maju? Vai ficar fazendo cu doce é? Não ia deixar meu filho vim no sol quente, qualé, entende meu lado ─ ele fez beicinho e acabei sorrindo, era impossível tentar resistir. 

─ Quem vai pra esse churrasco? ─ perguntei vestindo meu pijama e Luan me observava com um olhar malicioso.

─ Vai nós, Gabriel, uns moleques daqui e Douglas.

Quando Luan disse Douglas meu coração bateu forte, ainda não havia o visto desde quando ele tentou me pegar lá no estacionamento e estava com medo de ver ele, aquele cara é louco!

─ Não sei se vou ─ resmunguei vestindo a parte de cima do pijama e enxugando os cabelos.

─ Claro que cê vai, vai ser de boa amor, umas três horas nós tá em casa de volta.

Luan tirou a bermuda dele e veio em minha direção me pegando pela nuca e beijando meus lábios, em seguida foi só de cueca pro banheiro e se trancou lá. Suspirei tentando me aliviar, não queria ir pra esse churrasco e ter que aturar Douglas com os olhos sobre mim, não queria mais olhar na cara dele de jeito nenhum.

Tomara que de alguma forma Douglas não vá...

Apenas um TraficanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora