Capítulo Quarenta e Dois.

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Maju narrando:

Despertei cedo, quase não consigo descansar minhas pálpebras, mas meu corpo estava exausto e precisava descansar por conta do bebê, mas já estava de pé e pronta pra ir pro hospital.

Estava com um vestido de alça fina de estampa rosa com flores e uma melissa, meus cabelos estavam em um rabo de cavalo e o cordão de ouro brilhava em meu pescoço, peguei minha bolsa de lado colocando dinheiro e meu celular, saí do quarto do Luan e ouvi algumas vozes vindo do quarto de hóspede em que Lívia estava hospedada.

─ Olha, eu não vou fazer isso... PR você não entende? Eu estou na Rocinha com meu filho, o pai dele está na UTI... PR eu não vou fazer isso, não tenho culpa se você não gosta do Luan, quero que você se

foda, e eu não vou mais voltar pra Penha também... Eu sei que estou jurada de morte e sei do nosso contrato, mas não vou voltar também, não vai mais aturar você me batendo... Eu ainda gosto dele, PR...

Lívia falava com um certo tipo de preocupação no telefone, mas foi interrompida quando o Kayke começou a chorar. Eu parei de escutar a conversa dela e desci me sentando na mesa e realizando o desjejum, mas na minha cabeça ainda rondava aquela conversa, aí meu Deus que era uma complicação atrás de outra.

Lívia desceu com Kayke nos braços e se sentou na mesa enxugando algumas lágrimas que desciam pelo seu rosto. Nem questionei nada, apenas fiz o desjejum em silêncio, terminei de comer e subi escovando o dentes e passando um batom rosa fraco e descendo novamente.

─ Maria? ─ Lívia me chamou.

Me virei e a encarei séria, ela brincava com o filho nos braços e me fitava profundamente.

─ Me desculpa pela forma que tratei você ontem, é que Luan foi uma pessoa muito importante pra mim e senti um pouco de ciúmes, mas o quê eu disse é tudo verdade, menos a parte que Luan trata os filhos dele como lixo. Luan sempre amou os filhos dele mais que ele mesmo, sempre deu dinheiro, brinquedos, roupas, e nunca deixou nenhum deles passar fome. Quando eu fui embora, Luan depositava dinheiro na minha conta mas não por causa de mim, mas sim por causa do nosso filho, e se não fosse por ele eu realmente não sabia como meu filho estaria agora ─ Lívia desabafou com sinceridade e assenti.

─ Luan é uma boa pessoa ─ falei ainda séria.

─ Uma ótima pessoa, todos amam ele por isso, ele sempre fez o quê podia pra ajudar todos da comunidade, sempre doou alimentos pra quem precisava, ajudou os idosos, vamos dizer que ele é o homem perfeito e que toda mulher quer, mas ele não é o homem pra você.

─ E por quê não? ─ indaguei engolindo o seco.

─ Você não merece ele e como já disse, ele já teve muitas mulheres, e ele tem quatro filhos biológicos contando com o seu e três adotados, e por acaso vê algum desses filhos aqui? Morando com ele? Vê alguma das mulheres dele aqui? Não! Porque ele não gosta de ter mulher colada com ele, tanto é que ele nunca teve uma fiel, após você ter o bebê, ele vai te desprezar completamente.

─ Luan não quis os filhos morando com ele por causa da vida que ele leva, já basta o irmão, ele cresceu vendo o pai se drogando e cresceu no mundo do crime, e não quer que os filhos passem pela mesma coisa que ele ─ falei em um tom alto e Lívia fungou sorrindo com sarcasmo.

─ Maju, você é tão bobinha, mas com o tempo você vai ver!

Ela disse e se levantou, eu saí batendo o pé em direção à saída.

Fui caminhando até o hospital, e enquanto caminhava fui tentando ordenar meus pensamentos. Era tanta gente querendo ver eu e o Luan separados, mas eu amava ele, e com o tempo pude perceber que não era só físico, mas não sabia se era recíproco. Fiquei pensando e misturando as palavras da Beatriz e Lívia que passaram pela mesma situação, as duas afirmavam a mesma coisa: Que Luan não era homem para mim, que ele ia me desprezar com o tempo. Mas quem disse que eu acreditava?

Só estava um pouco chateada por Luan me esconder tantas coisas, como os filhos dele, como as loucas que gostavam dele, e outras coisas que me deixaram verdadeiramente muito zangada com Luan!

Cheguei no hospital e me identifiquei com o porteiro, fui logo entrando em direção ao corredor onde Neguinho havia me avisado que estaria, e o encontrei encostado na parede com um objeto pequeno nas mãos.

Me aproximei e toquei levemente seu braço, Neguinho me abraçou e me mostrou um objeto que tinha aproximadamente o tamanho do meu dedo mindinho, era um pouco grosso e brilhante e pontiagudo, na cor de cobre ou acho que se aproximava.

─ Essa foi a bala que o tio médico tirou do Luan, ela não tem código, ou seja, ela é do tráfico de armas ─ Neguinho disse e sorri pegando naquele objeto e o imaginando dentro do ombro de Luan.

─ Está dizendo que alguém que estava nessa missão atirou no Luan? E ainda por cima um de vocês? ─ estava abismada, Neguinho assentiu confirmando e eu coloquei a mão na boca.

─ Só sei que quem atirou em Luan vai é pagar parceira, eu vou é cortar ele pedaço por pedaço enquanto ele olha pra mim, tá ligada né ─ Neguinho falou determinado e sorri, ele ficava muito engraçado imitando uma faca dando golpes no ar.

─ E quem você acha que atirou nele?

Nesse momento o médico chega entre nós com um sorriso, ele nos cumprimenta e nos deseja um bom dia.

─ Trago ótimas notícias ─ ele carregava o quadro de Luan com um sorriso nos lábios.

─ Desembucha aí, tiozinho médico ─ Neguinho sorriu e eu também.

─ Luan terminou de tomar as bolsas e as plaquetas subiram, felizmente está tudo ótimo e ele conseguiu recompor o sangue, ele ainda respira pelos aparelhos por causa da quase parada respiratória mas estou querendo descer ele da UTI hoje mesmo pra um leito aqui nos quartos ─ o médico disse e abracei Neguinho com força comemorando a melhora.

─ E quando cê vai tirar ele do coma? ─ Neguinho questionou ainda me abraçando.

─ Amanhã tentaremos, se ele reagir bem deixaremos ele responder, mas ele ainda precisa se recuperar.

─ Mas já tem previsão de quando ele levará alta? ─ perguntei ansiosa.

─ Isso só a recuperação dele irá dizer ─ ele sorriu para mim. ─ Vou indo, quando eu descer Luan eu deixo vocês o visitarem.

─ Valeu tio, cê é mó nota dez viu ─ Neguinho bateu levemente no ombro do médico que sorriu.

Quase pulei e gritei de felicidade, estava tão feliz ao saber que Luan já não corria tanto risco, estava louca pra beija-lo e sentir seus toques novamente, como sentia saudades de Luan, parecia anos longe do mesmo.

Neguinho se sentou e eu também.

─ Essa bala aqui é de fuzil ─ disse pegando a bala da minha mão e olhando bem. ─ Maju, eu juro que vou descobrir quem atirou no Luan, aqui se faz, aqui se paga.

  ─ Neguinho se acalma, eu sei que vai descobrir, mas não era só Luan e RL que estavam lá, tinha Douglas e outros meninos e todos eles estavam com uma fuzil de acordo com o quê RL contou.

─ Eu sei mas...

Neguinho foi interrompido com a chegada de Douglas repentina, ele me abraçou beijando minha bochecha e fez toque com Neguinho que o olhou com desconfiança.

─ Estão falando sobre o quê?

─ Sobre bandas, Maju me disse que gosta de forró, mó louca ela né, chefe? ─ Neguinho gargalhou e o olhei sem entender mas logo sorri também.

─ E então, como tá Luan?

─ Tá ótimo chefe, pra nossa felicidade ele vai sobreviver, graças à Deus!

Douglas fez uma cara de raiva mas sorriu tentando disfarça-la, mas eu havia percebido e aposto que Neguinho também, Douglas se despediu saindo em passos longos.

Isso tava muito estranho, por quê Douglas sentiu raiva ao saber que seu parceiro estava vivo e fora de perigo?!

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