Capítulo Vinte e Dois.

33.6K 2.5K 405
                                    

Maju narrando:

Chegamos ao hospital e Luan não desceu, ele apenas me deixou lá e antes de eu sair do carro ele segurou em meu braço, ele estava um pouco pensativo.

─ Se cuida, tá bom? Qualquer coisa tu me liga, manda lembranças pra Priscila ─ ele disse e assenti.

─ E por que você mesmo não vem dar essas lembranças?

Ele me puxou apontando pra um carro da polícia militar que estava estacionado bem próximo da entrada no prédio.

─ Não vou poder ir ─ ele falou baixo e suspirei assentindo. ─ Vai lá que vou te esperar entrar.

Eu saí do carro e fui andando atravessando a faixa de pedestres, os policiais ficaram me olhando assim que subia os degraus do hospital, nem dei atenção, entrei e a primeira pessoa que vi RL, ele estava de braços cruzados tomando café. Ao vê-lo, corri o envolvendo em um abraço apertado.

─ Cadê o Luan? ─ ele sorriu me soltando do abraço.

─ Ele não pôde vim, tem uns policiais bem aí na entrada... Não é perigoso pra você não?

─ Relaxa, minha ficha é limpa, agora vem ver a Priscila que ela perguntou bem umas trezentas vezes por você.

Fomos andando até a ala da internação e ele adentrou o cômodo sem convites, a mãe da Priscila dava sopa pra ela e ela resmungava baixo. Assim que me viu seus olhos brilharam.

─ Maju! ─ ela tentou gritar mas sua voz saiu rouca.

─ Priscila! ─ eu gritei sorrindo e as pessoas dali ficaram nos olhando sem entender. Fui até ela abraçando-a levemente.

─ Priscila, se lembra que você não pode fazer força, e nem ficar nervosa demais, se você quiser receber alta sexta-feira é melhor ficar quietinha aí.

─ Tá bom, mamãe, agora você pode deixar essa sopa horrível pra lá?!

A mãe de Priscila sorriu fazendo bico e beijou minha testa e de Priscila saindo, me sentei em uma cadeira lá e segurei a mão gélida de Priscila com força.

─ Maju, sabe o que eu me lembrei hoje?! ─ ela perguntou com os olhos brilhantes.

─ Do quê? ─ indaguei curiosa.

─ Falta só uma semana pro seu aniversário! ─ ela disse animadinha e abaixei a cabeça cabisbaixa.

─ Meu aniversário de quinze anos que nunca vou ter, eu já estava até fazendo a lista de convidados pra festona e bom... aqui estou eu.

─ Seu maior sonho era ter uma festa de quinze anos, eu me lembro ─ ela sorriu sem mostrar os dentes. ─ Amor?! ─ ela chamou RL que se aproximou.

─ Você pode buscar um copo de água pra mim enquanto eu converso um pouco com a Maju?

─ Claro, vida ─ ele a beijou molhado e saiu nos deixando sozinhas.

─ Como você tá, Priscila? ─ eu beijei a mão da minha amiga.

─ Vazia, ainda não acredito que perdi meu filho, já chorei tanto, mas agora sei que ele tá no céu, RL conversou bastante comigo e chorou junto comigo, e ainda mais quando eu soube que fiquei estéril depois da hemorragia.

Abri a boca arrasada, quis chorar mas me aguentei.

─ Você não vai poder mais ter filho?!

Priscila abaixou a cabeça e deixou uma lágrima rolar.

─ Não sei exatamente o que aconteceu, mas não posso mais... Nem acreditei quando acordei, mas todos estavam do meu lado me apoiando, meu filho também está comigo, mesmo não estando fisicamente, era um menino, eu sei que era, mas agora ele virou um anjinho e sempre vai ser meu anjinho.

Apenas um TraficanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora