Capítulo Três.

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Um mês depois...

Maju narrando:

─ Esse sapato é lindo, né? ─ Priscila perguntou-me e sentia um gosto estranho na minha boca, um gosto de vontade de comer algo. ─ Terra chamando Maju, terra chamando Maju!

Saí dos meus pensamentos e concordei, estávamos em uma loja caríssima no shopping de Copacabana fazendo compras para as férias, que seriam amanhã, e meu irmão precipitado já havia marcado de passarmos na mansão da casa de praia. Eu concordei claro.

Passei o cartão de crédito nos dois sapatos de mil e dois mil reais, meu e de Priscila e saímos da loja com nossas compras.

Um mês havia se passado rápido, mas eu ainda não conseguia tirar tudo aquilo da minha cabeça, ou falando claramente, eu não conseguia organizar meus pensamentos e aceitar tudo aquilo. E nunca aceitaria.

Fui no banheiro e senti novamente os enjoos meu alcançarem naquele dia, já era a terceira vez que vomitava e olha que ainda era dez horas da manhã. Isso tá desde semana passada, enjoos, tonturas, muito apetite, dores abdominais e muito sono! Mas esse mal-estar não me impediria de ir até a casa de praia pra minhas férias, meus pais ficariam cuidando da festa da empresa e eu passaria um mês longe de casa e curtindo com meu irmão.

Lavei minha boca e coloquei um chiclete pra tirar aquele gosto azedo da boca, com meu imenso apetite de ultimamente chamei Priscila pra praça de alimentação e fizemos uma refeição completa.

─ Tenho uma coisa pra te contar ─ Priscila sorriu largamente.

─ Conta ─ limpei minha boca com um guardanapo sugando o canudo com o refrigerante.

─ Eu tô grávida!

Quase me engasguei e a fitei, Priscila era bonita, cabelos até a cintura lisos e negros e olhos cor de mel, pele bem bronzeada e tinha um corpo bem vantajoso. Claro, com dezessete anos.

─ Mentira?! ─ estava realmente surpresa. ─ Não vai me dizer que é do gato do Maurício...

─ É do RL! ─ ela sorriu e eu desmanchei meu sorriso.

─ Do favelado?!

─ Para com isso, amiga. Ele é uma pessoa legal.

─ Uma pessoa que é criminosa e vende drogas.

─ Ele faz isso pra viver.

─ Não quero discutir, vamos logo que tenho que arrumar minhas malas pra amanhã.

Me levantei bufando e peguei minha bolsa e minhas compras até o estacionamento onde eu e Priscila adentramos o carro do meu motorista particular e conversamos coisas aleatórias. De repente veio o Luan em meu pensamento e sacudi rápido a cabeça.

Pensamento inútil.

Cheguei em casa, almocei e arrumei minhas malas em uma mala cor de rosa da grife do mês. Passei a tarde só vomitando e com tonturas e dormi...

***

─ Tudo pronto? ─ perguntou Rafael e assenti colocando o óculos escuro no rosto e ajustando o chapéu de palha em minha cabeça.

─ Juízo vocês dois, bebês ─ disse mamãe e assentimos sorridentes.

Finalmente férias! Não aguentava mais me misturar com aquelas pessoas bolsistas e mesquinhas lá da sala, e as professoras, tirando Priscila, é claro. Entrei no banco da frente do carro saltitante e acenei pra mamãe após Rafa entrar e colocar o cinto e assim fiz também.

Apenas um TraficanteWhere stories live. Discover now