07 - Uma nova chegada

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Reações das mais adversas ocorreram em todos. Cada um foi jogado em uma direção diferente. O que ninguém sabia era que ao passar por aquele campo energético haviam perdido muito mais que os sentidos.

A cápsula de Palmer transportou-o para uma nave em vetor de aproximação. Sua mente sofreu mais que o corpo. Para ele, a história teve seu reinício durante a reentrada na atmosfera do planetoide, uma voz feminina oriunda da cabine de controle anunciava o que pra todos era bem óbvio:

- Senhores passageiros por favor permaneçam em seus lugares e se afivelem, faremos um pouso de emergência.

Os escudos contra radiação haviam falhado por alguns instantes e o calor dos gases super aquecidos danificaram equipamentos por toda a nave. A apreensão era tamanha que sequer notaram o portal tecnológico surgir, abandonar um rapaz alí e depois desaparecer.

Algumas pessoas conversavam enquanto apertavam ainda mais seus cintos. Tirando o anúncio da controladora mais nada se podia entender, era como se falassem numa língua estrangeira totalmente desconhecida. O cenário era constantemente abalado pela turbulência, Palmer teve a impressão que as pessoas ao seu redor recitavam versículos bíblicos. Imaginou o que Marcos diria, que são apenas pessoas amedrontadas se agarrando ao que têm. "Só assim pra esse bando de ateu pensar em Deus," pensou, logo após, silêncio. A nave pousa em um hangar subterrâneo, fora de perigo. Uma voz bem humana, e bem irritante também, saudou os ocupantes.

Palmer tinha a impressão de que era o único a não conhecer o lugar.

Foi recebido como se já lhe conhecessem há muito tempo. Procurou em suas lembranças e não encontrou uma referência qualquer de já ter estado alí.

Um transporte chega e Palmer embarca. O piloto pareceu nunca ter feito instruções de voo. Ele pensa consigo mesmo que devia ser normal por alí, já que nenhum dos que embarcaram com ele parecia se importar. Minutos após a parada no posto de desembarque, uma garota de cabelos ruivos, usando roupas esquisitas, aproximou-se e lhe fez uma pergunta. Palmer não reconhecia o idioma. A garota, percebendo o embaraço na comunicação fez uma careta pouco amistosa e saiu, provavelmente para encontrar alguém que a pudesse entender. Passos apressados multidão adentro e virou notícia velha.

- Eu hem, pessoal mais maluco!

Fora do posto, uma floresta ímpar. Algumas placas informavam algo, novamente ele precisou contar apenas com sua curiosidade. Mergulhou novamente em pensamentos, sua bússola anti-encrencas lhe dizia para não entrar. Mas um grande ponto de interrogação exercia influência. Sabia que entrar na floresta era perigoso, ficar parado ali, no entanto, lhe pareceu um tanto ilógico. Entrou. Após algum tempo de caminhada teve a impressão de que uma daquelas árvores estivesse falando com ele, pode ver a expressão labial dela. Fechou os olhos por alguns instantes, balançando a cabeça, como se quisesse acordar de um sonho e quando finalmente os abriu, tudo estava como antes. Nada de árvores feiosas, olhudas e falantes.

Palmer estava claramente alucinando. Mas parecia tão real que apenas ignorou.

No momento seguinte, se viu andando pela montanha com seus pais, Argon e Kaline, por uma trilha estreita. Seu pai carregava um lindo avião e sua mãe um skate. Marcos, assim como ele, estavam de mãos limpas. Havia algumas pessoas no local, cada uma na posse de algum tipo de objeto como volantes, penas de animais, bolas de canhão, bancos de bicicleta, livros e até mesmo coisas macabras como um fêmur humano.

Não havia luz suficiente para lhe permitir nítida visão de suas faces.

Depois de caminhar durante algum tempo chegaram a um declive onde o vento soprava mais e mais forte a cada passo que se dava.

Tanto eles quanto as outras pessoas tinham o desejo de ver quais segredos aquele lugar estava guardando com tanto afinco. Uma a uma as pessoas que tentaram descer foram arremessadas para longe com a força do vento. Marcos foi uma delas e ao tentar ajudá-lo, Palmer foi arremessado também.

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