20 - Deserção

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Paralelamente aos acontecimentos a bordo da nave SOFIA, Lord Quartzon vê sua já certa vitória ser adiada indefinidamente. Seu segredo não poderia cair em mãos inimigas.

A ordem de abandonar o complexo partiu de um dos generais que havia propositalmente ordenado a evacuação deixando o original.

Antes de se aliar a Quartzon o general era um soldado da guarda imperial Crematoriana, um dos nove mundos habitáveis de sua categoria no sistema bissolar. Localizado no universo 333 numa região do espaço conhecida como Nebulosa de Lutris. Crematória acabara de tornar-se o terceiro desse sistema e foi o planeta piloto na investida de Lord Quartzon contra o multiverso. Bilhões de vidas se perderam na invasão e sua posterior destruição. Alguns milhares de remanescentes ainda vivem, espalhados em colônias secretas pelo universo 333.

Sob o comando da divisão de inteligência de Crematória, Tirak e Quartzon se infiltraram no exército do terceiro planeta para colher informações. Suas ordens não incluíam sua destruição. Quartzon, no entanto, pareceu ter seus próprios objetivos naquela missão. Começou a agir estranho desde o momento que chegaram.

De fato construiam algo, nada que pretendessem usar como arma. Eram os primeiros protótipos de uma espécie de tecnotubos transdimensionais. Quartzon pretendia roubar os esquemas daquela tecnologia e se tornar o ser mais poderoso do multiverso. Tirak não fazia ideia dos planos do amigo e ajudou-o em sua concretização. Levou muito tempo para conseguirem e a narrativa completa dessa aventura deverá ser contada em outra ocasião.

Lord Quartzon planejava com alguns generais a invasão de um planeta distante. Por um breve momento pareceu estar de volta a seu corpo e um de seus inimigos fazia algo para acordá-lo. Essa parte da história acho que não precisa ser contada novamente. Lord Quartzon saiu do salão de guerra e correu a seus aposentos. Teria sentido um calafrio percorrer-lhe a espinha se estivesse em seu corpo original, mas tudo que fez foi urrar de ódio pelos humanos.

- Então eles se acham espertos! Veremos quem irá rir por último.

Foi até um console perto de sua cama e pressionou um botão vermelho, uma voz do outro lado da linha respondeu logo após.

- Sim, meu Lord.

- Em meus aposentos, imediatamente, tenho um serviço para você - soltou o botão dando uma risada tétrica.

Em instantes um de seus soldados se apresentou.

- Tirak já retornou?

- Não, senhor, nenhum dos soldados retornou pelos tecnotubos, a singularidade interfere com o tempo de resposta.

- Quanto tempo?

- É impossível prever, acredito que entre uma e duas horas, talvez um pouco mais.

- Isso vai mudar em breve. Peça para que se apresente aqui assim que chegar. Tenho um serviço para ele. Dispensado.

- Certo, meu Lord.

Minutos após essa breve conversa um portal tecnológico latente abriu-se e dele um crematoriano de um metro e noventa surgiu. Entre os membros dessa raça ele e Quartzon seriam considerados de porte médio.

- Portais estúpidos - gritava ele - essa latência me torra os nervos.

Assim que saiu do tecnotubo Tirak foi abordado por um soldado, era um ayganiano, o mesmo que havia estado com Lord Quartzon minutos antes, ele lhe transmitiu as ordens e retirou-se. Tirak aquieceu, balbuciou alguma coisa em sua língua nativa e saiu. Caminhou por corredores, túneis e elevadores, pensando no que diria quando estivessem face a face. Ao abrir a porta encontrou apenas um monte de cinzas. Quartzon tomava aquela forma somente quando estava em seu ritual de retorno astral. Meditando. Deu alguns passos para trás e fechou a porta. Talvez ao passar para aquela forma nem o tivesse notado.

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