38 - Samaritano

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Quartzon queria compensar o ADM por sua liberdade. O Alto Conselho permitiu seu regresso ao substrato, seu desejo? Ser parte da solução e não parte do problema. Ansiava se redimir consigo mesmo pelo mal que causou a tantos planetas, devia isso a seus novos amigos. Estava feliz por, dessa vez, não ser o vilão. Só havia um probleminha, o gerador de FETs, e seu NT foram confiscados.

- Um ano sem as regalias dos oficiais? Justo, mereço muito mais por meus crimes, porém minha intenção é ajudar no que puder. Deviam pelo menos devolver meus pertences, afinal jamais conseguirão passar pelo firewall de Sofia, o que os torna virtualmente impossíveis de reproduzir. Mais fácil seria pedir uma aliança formal com as forças do substrato. Idiotas!

Alguns crematas lhe apelidaram como arauto de Malegolt, isso não mudaria nada em sua vida, entretanto e definitivamente, não queria ser lembrado dessa forma.

Visitou inúmeras instalações depois de sua chegada à Crematória, queria ver por si só o estado como o ataque bradador as deixou. Preferiu visitar a fornalha dos heróis por último, local esse que foi entalhado in memoriam na mais alta rocha do planeta. Ele também perdeu muitos amigos no ataque. Sabia que parte do Alto Conselho o teria como persona non grata, prefeririam que ele nunca mais colocasse os pés em Crematória. A outra parte certamente gostaria que simplesmente seguisse seu coração. Fez cinco minutos de silêncio pelos mortos e mais cinco por si mesmo, Tirak era o mais próximo de uma família que conhecia.

- Ei, Quartzon!

- Quem me chama?

- Meu nome é Günnyer, acredito que tenho a solução para seu problema.

- Sei quem é você, conheço sua história, a questão aqui então é como um extremista puritano como você me faria acreditar que pode ou quer me ajudar? - Retirou do enorme coldre uma Laser Spartan. - Tem mais uma frase antes que seus membros inferiores virem poeira - destravou o equipamento e apontou para as pernas do juiz -, sugiro que use as palavras com sabedoria.

- A semente quântica.

- Prossiga!

- Sei onde a plantaram, pode se comunicar com eles através dela.

A Laser Spartan retornou ao coldre, mas a mão continuou na empunhadura:

- Estou ouvindo...

****

- Pensou rápido estranha, temi que ela pudesse sair do elevador, se te pegam aqui ia dar merda.

Adzuna havia criado algumas ventosas de partículas e se prendeu bem alto na parede erguendo os outros. Os internos mostraram uma certa dose de medo, mas nenhum delatou a presença dos visitantes.

A mulher aponta para um dos cativos, ele se levanta, caminha devagar até o elevador, procurou não pensar no destino que o aguardava, não havia nenhuma garantia de que seria visto novamente.

Zira apertou os punhos, queria intervir, mas Eulália balançou a cabeça, serem capturadas não lhes ajudaria em nada.

A porta do elevador se fecha. Snowgon respira aliviado. Adzuna os coloca no chão enquanto Eulália dirige-se aos cativos indignada.

- Vai me dizer que aquela é a líder de quem falavam? E com qual finalidade ela levou um de vocês.

- Essa é a versão 65, dizem que era do mesmo universo do velho 44305, mas ele mesmo nunca confirmou.

- Mesmo essa já teve bondade no coração. - Comentou o interno com o número 107866 escarificado - Nem parece ela mesma. Quanto a ser o par do 44305 também não sei dizer. Mas se for ela é, de longe, a pior esposa que um Frossard poderia ter.

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