37 - O cientista

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Pela primeira vez Eulália teve o prazer de ver mais de uma matinta no mesmo espaço físico. Elas chegaram de várias direções e reuniram-se ao redor da Torre. Um dia igualmente diferente para Sarina, que resolveu aparecer em público depois de quase 500 anos. Sua aparição foi rápida, falou com todos os presentes, mas tratou telepaticamente dos assuntos relacionados à embaixada de maneira direta. Em menos de vinte minutos despedia-se, talvez para mais meio milênio de meditação.

— Mi-nha nos-sa! — disse Eulália com espanto. — Essa foi a negociação mais tranquila e rápida da minha vida.

— Não ouvi nadinha. — revelou Tinamus. Não me diga quê...

— Não ouviu mas entendeu, depois com calma conto tudo.

— Que faremos agora?

— Sarina me disse para esquecer o satélite oculto e sabe o prazer que sinto ao elucidar coisas ocultas...

— Oh, não me lance esse olhar!

— Qual é amor, isso é diferente de uma proibição, e você sabe o quanto uma incógnita pode motivar os humanos? — disse ela enquanto Tinamus franzia a testa. — Além do mais, sabe quando se diz uma coisa querendo dizer outra? Então, senti isso assim que ela tocou no assunto.

— Certo, cautela então, se a intenção de Sarina era essa, temos a obrigação de investigar. Ao simulavisão, tenho uma ideia.

Adentrara a Torre e subiram ao penúltimo andar, lá estava instalado o equipamento. Alguns oficiais foram designados para fazer sala às matintas, dentre eles Bayer, Waiewa, Beta Max, Elás e alguns cadetes. As instruções foram claras, não deviam se descuidar da segurança.

O salão do simulador foi fechado e trancada por dentro.

— Sofia, vai precisar voltar ao satélite oculto, alguma objeção?

— Detalhe, devo ir sozinha, é perigoso demais para vocês.

— Entendo, poderia transmitir áudio e vídeo para o simulavisão em tempo real?

— Sem problemas, peguem suas pipocas, a sessão da tarde vai começar!

— Preciso que as comunicações estejam protegidas por criptografia de nível militar e não use vórtices ou tecnotubos. Pixelize-se pra lá quando estiver ...

— Tô aqui, iniciando transmissão...

— ... pronta.

— Ela é boa. — completou Eulália vendo a cara de bunda que Tinamus fez.

— Ok. Tente seguir os fluxos até suas fontes e crie uma rede de informações separada que interligue os 14 universos que descobriu. Foca nisso e aconteça o que acontecer não pare de transmitir, copiou?

Eulália deu uma cotovelada em Tinamus. Zira estava na linha e solicitava mais algumas CNs.

— Tenho umas aqui comigo, leve minha algibeira — disse entregando a bolsa —, ainda tenho duas de cada, creio que não vou precisar.

Adzuna pegou a bolsa e entregou logo a Eulália.

— Nossa, que cheiro forte. A quanto tempo não lava isso? Tá exalando o cheiro da morte.

— Provas, quer dizer?

— Deixa, lavo ao voltar. — Disse ela estalando os dedos.

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Certa quantidade de fumaça ainda saía da entrada sempre aberta da construção. Zira tentou usar o tatu para forçar a entrada e novamente se frustrou.

Acesso IrrestritoWhere stories live. Discover now