44 - Pontas Soltas. Parte 2

17 1 0
                                    

O herói das asas vermelhas encheu bem os pulmões e segurou a respiração por alguns instantes. Quando finalmente expulsou o ar estalou os dedos:

— Fascinante! Sempre achei que fossem só boatos.

— Eu também — respondeu Lúcia.

Dezenas de micro vórtices haviam sido abertos para Universos diferentes. "Academia", foi a segunda palavra que pôde pensar.

O pele rosada fechou o experimento e os dois caminharam na direção da árvore quântica. No percurso o nó em seu estômago cedeu espaço a um panapanã.

Lúcia também encheu seus pulmões, mas ao expelir o ar sentiu a cabeça girar, sua visão ficar turva e uma ânsia incontrolável, baixou a cabeça e chamou o Juca ali mesmo. Tinamus a segurou pelo braço até ela se reestabelecer. Fez menção de abrir a algibeira. Ela o deteve:

— Sossega, foi só uma vertigem, já passou, viu?

— Sei... agora respira devagar — orientou ele mostrando uma pedra —, que tal sentar-se um pouco?

— Não precisa, é sério! Vamos analisar a tal árvore e capar o gato.

Tinamus franziu a testa, como sempre, o tempo era curto, porém antes de continuarem ele perguntou:

— Mas me diga, quando pretende revelar à Palmer?

— Existe alguma forma de te enganar?

— Certamente que há.

— Que posso dizer, na hora certa ele saberá?

— Chegamos! — disse ele olhando o entorno com seu escope de retina — Só tente evitar que ele saiba por outra pessoa está bem?

Lúcia concordou com a cabeça.

— Pensei que as sementes quânticas se tornassem árvores bem maiores. E onde estão os outros galhos e folhas?

— Energia! Sempre apontam seus troncos para a fonte maior.

— Sempre? Então a semente concluiu que a fonte mais promissora estava no subsolo?

— É a razão mais plausível para ter se enfiado tão fundo. Mas simplesmente nada faz sentido, quero dizer, essa árvore nem deveria estar aqui. SOFIA deveria tê-la detectado assim que brotou.

— São muitas teorias. Pelo que me consta essa pode não ser uma semente da SOFIA que conhecemos. A Zira que a plantou pode não ser quem pensamos. Ulisses e Victor? Onde estão agora? Pensei que estariam aqui e nada no planeta indica a presença deles. Fiz varreduras por formas de vida animal e recebi como resposta duas assinaturas.

— As nossas, claro.

— Mas por quê ela deixou um único galho com uma única folha para fora?

— Uma coisa de cada vez, por hora tentamos pela interface padrão.

Lúcia se incumbiu de baixar as inscrições para seu NT enquanto Tinamus tentava uma tradução direta. Sem sucesso, embora pudessem reconhecer alguns daqueles caracteres, uma das maiores dificuldades da língua estava justamente na identificação do carácter de contexto.

— Isso tá muito devagar.

Tinamus fechou a conexão e fez uma busca na base de dados por formas de escrita de civilizações anteriores aos Sílicos e Mizuls. Outra frustração, o mais perto que os antigos chegaram de uma linguagem escrita foi perdido durante a invasão.

Download concluído, Lúcia fechou a conexão e tocou na folha exposta:

— Me ajuda aqui!

Tinamus puxou rapidamente a amiga:

Acesso IrrestritoΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα