18 - A caixa do nada

20 3 0
                                    

Ajax conseguiu invadir novamente a sala de comando aproveitando-se de uma troca de turno. Marcos comentou que nunca imaginaria que pudesse haver uma porta escondida naquela localização. De fato passaram algumas vezes por ali e não notaram nada.

—  Percebi durante a rendição periódica.

— Suas habilidades de vibração são muito úteis nessas horas.

— Há mais em vocês do que imaginam, se querem se culpar por não notar tudo bem, mas minhas habilidades de vibração não me ajudaram nessa, foi pura e simples observação.

— Muita coisa na cabeça, eu poderia passar por aqui umas mil vezes e ainda assim passaria despercebido.

— Bom, não importa de quem é a culpa, precisamos dar o fora daqui e rápido. Nara não faz ideia do que há depois daquele portal, isso se souber a localização dele.

— Acho que ela deve ter uma ideia sim, aliás, ela com certeza está tentando entrar no portal agora.

— Se está lá fora por quê não nos contactou?

— Se esqueceu? A polarização da entrada também causou o incômodo bloqueio das comunicações.

Palmer não conseguia pensar com clareza, havia se esquecido dos detalhes. Marcos, por sua vez estava focado até demais.

— Conseguiu determinar a periodicidade dos transportes?

— Não tenho essa informação? Mas posso garantir que iremos sair daqui.

— Como pode ter certeza?

— Se aprendi algo com aquela garota é que precisamos ter esperança sempre.

Nara, na tentativa de salvar as criaturas de seus mundos originais havia estabelecido aquela colônia no asteroplanetóide. Pensava que ali, orbitando o buraco negro Lord Quartzon nunca mais os atormentaria. Não poderia estar mais enganada. Em uma de suas batalhas com os duplicadores, após enfiar uma canção de ninar goela abaixo de um deles, acreditou ter ganhado a batalha, porém aquela havia sido uma derrota disfarçada de vitória, com a explosão traços de poeira ficaram presos em seu nanotraje. Ela abriu um vórtice toroidal e pulou para dentro, levando consigo partes microscópicas da criatura. Lord Quartzon também achou que havia falhado naquela ocasião, mas algum tempo depois, já em outra batalha, sentiu que partes de si ainda permaneciam presos na garota. Ordenou então que todas as suas partes se retirassem do campo de batalha, deixando Nara com a falsa sensação de vitória.

Ao abrir um vórtice para o substrato B Nara nem pensou que poderia estar levando consigo a semente da desgraça, Lord Quartzon em poucos dias pode rastrear aquele asteroplanetóide, simplesmente rastreando sua poeira bionanotrônica.

Quando ele abriu seu portal para o substrato B, pegou Nara de surpresa e lançou sobre ela uma bolha dimensional confinando a naquele loop temporal. Naquela época Nara ainda usava bastante o método de viagem austral, que consiste em projetar seu eu interior em uma cópia fora do corpo, o que resultou em um estado de coma que os senhores já tiveram a oportunidade de acompanhar. Fato também experimentado por Palmer, seu irmão Marcos e alguns outros de maneiras diversas. Mas os dois primeiros, enfatizo, chegaram até lá de forma totalmente involuntária. Como sabemos, o tempo no substrato B é linear como em qualquer outro lugar, mas os visitantes podem vir de qualquer período da história, do mundo de Palmer ou qualquer outro do multiverso, desde que sejam criaturas sencientes. Dito isto nenhuma forma de vida não senciente consegue ir até lá por meios próprios ou usando o método austral.

Na cabeça de Nara os fatos se desenrolaram ligeiramente diferente da realidade que estavam vivenciando. Eram muitas variáveis a considerar e mesmo com os desvios não planejados era de se esperar que ela tivesse um plano b.

Acesso IrrestritoWhere stories live. Discover now