10 - Revelações

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Palmer perambulava pensativo a maior parte do tempo. Sentia o errado ao redor, uma força que o impedia de formular pensamentos que se encaixassem por mais que tentasse. Não conseguia afastar de si aquela sensação. Eram muitos lapsos de memória para um dia. A quanto tempo estavam ali? Vez por outra tinha algumas visões. Numa delas jurava ter visto Nara um pouco mais velha, ela lançava sobre ele e seus amigos algum tipo de esfera luminosa, procurou fundo em suas lembranças e simplesmente a informação teimava em não se revelar. Muitas perguntas necessitavam ser respondidas.

Andaram por quilômetros sem que se dessem conta. As lembranças se perdiam a passos largos. Caminharam durante horas na esperança de encontrar os outros e acabaram se afastando do penhasco.

- Ulisses, estou com um pressentimento estranho, sinto que todo esse tempo caminhamos na direção contrária. - comentou Palmer.

- Sabe, agora que falou, pensei que fossem coosas da minha cabeça, num instante estamos à beira de um penhasco, em outro numa floresta infestada de criaturas que nem sei dizer o que são. Não gosto disso.

- São arbóreos. - interrompeu Nara voltando ao seu silêncio misterioso.

- Com certeza existe Palmer, tem que haver, só espero estar vivo quando alguém descobrir, já queimei meus neurônios sem sucesso.

- É isso, só pode ser. A saída está se distanciando ou melhor estamos nos distanciando dela. Pensem bem, essas mudanças de cenário não podem ser naturais.

- Boa teoria, e agora, como vamos comprová-la?

- De volta à prancheta, também tô sem ideias, porém precisamos de um ponto de partida, imaginem um cenário hipotético em que a árvore tenha razão, se for assim então a história começa a fazer sentido. E, quanto mais tempo permanecermos, mais difícil será encontrar a saída!

- Quer dizer que será impossível sairmos daqui?

- Precisamos envolver mais mentes nessa conversa.

Em instantes já se aproximavam novamente para discutirem com o restante do grupo essas teorias.

Kaline e Marcos conversavam durante horas e Nara gostava de ouvi-los, ela tentava lembrar-se de sua mãe, mas tudo que lhe vinham à mente eram palavras confusas. Era como se estivesse vivendo uma vida que não era a sua em um corpo que não era o seu.

Tinamus podia ouvir o coraçãozinho de Nara palpitar sempre que Kaline demonstrava carinho maternal.

Palmer comemorou com pulos de alegria ao avistar o penhasco e pediu para que Tinamus fosse alertar aos outros. Ao se aproximarem, o vento começou a soprar, ele tomou distância, correu até a beira e saltou em uma atitude arriscada, aproveitara os momentos em que ficava sozinho para pensar no que faria quando chegasse ali.

O vento soprava de baixo para cima, proporcionando sustentação. Controlar o corpo no ar exigia uma certa coordenação, mas logo pegou o jeito.

- Você é louco Palmer! - gritou Marcos - quase nos mata de susto.

Todos olharam apreensivos.

Argon correu e se lançou como Palmer mas preferiu pegar carona em seu aeromodelo.

- Assim é mais seguro - alertou ele.

A próxima a tentar foi Kaline, que usou seu skate como uma prancha de surf. Ela era muito boa neste esporte e não teve problemas.

Tinamus dispensa comentários. Victor pegou carona no livro de Zira que pareceu não ter problemas para voar, tudo que ela precisou fazer foi imaginar uma receita de torta de morangos.

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