Acesso Irrestrito

00 - Prólogo

Poucos sabem como e quando tudo realmente começou. Alguns dizem que foi durante a madrugada, outros que o sol já brilhava forte no céu. Todos estão certos, eventos globais causam esse tipo de percepção. Incontáveis mundos encontraram seu fim da mesma forma.

Nos acompanhe nessa jornada e descubra, ou não, como tudo começou e onde essa história termina, ou começa. Mantenha sua mente aberta e o entendimento lhe será mais palpável. Palavra de escoteiro.

Para que não restem dúvidas de que esta história é uma sequência ou uma prequela tomaremos como base o evento que ficou amplamente conhecido por vários povos como "primeira onda".

No norte do menor e mais pobre em diversidade dos planetas habitados, os locais iniciavam os preparativos para a grande comemoração da independência, evento esse que é sempre hostilizado com a realização de exercícios nucleares durante todo o dia a pouco mais de 10.300 km dali.

Os festejos começaram, mas o som que ouviram em nada lembrava fogos de artifício como de costume. Nenhuma bombas deixou o solo. Os ânimos entre as nações eram tão ruins que nem se cogitou tudo aquilo não ser um ataque. Antes mesmo de se armarem as ogivas todo o arsenal nuclear global foi reduzido a poeira por uma força misteriosa.

Poucos minutos se passaram e meteoritos, metal retorcido e muito, muito lixo espacial choveram sobre as cidades. Relatos afirmam que até mesmo partes do velho Hubble e do, relativamente novo, James Webb jaziam entre os destroços.

Num instante as Américas estavam lá, imponentes e corruptas, no instante seguinte só o que restou foi uma colossal pilha de destroços. Um muro de contenção que delimitava fronteiras cumpriu bem seu papel evitando que sobreviventes fugissem do país. Fatos semelhantes se desenrolaram simultaneamente em todas as partes do planeta.

Envoltos pelo caos espalham-se pelas cidades em chamas membros de um grupo desconhecido. Sua chegada foi fortemente vinculada aos pequenos e estranhos espirais faiscantes que surgiram acima das cidades girando cada vez mais rápido tingindo os céus de vermelho, verde e realçando o azul natural:

- É tarde demais soberana, ele venceu, mesmo filtrando todo o oxigênio do planeta não conseguiremos impedir a contaminação.

- Sua avaliação está correta, mas falhou ao julgar qual é nossa missão aqui.

- Ué, buguei, não viemos... bem... salvar essa gente?

- Sim, a intenção é essa, como faremos isso? Talvez seja isso que ainda não ficou claro pra você. Vou ser direta, o que viu aqui hoje só deveria acontecer daqui a pelo menos um século.

- Então a missão acaba aqui?

- Positivo, só viemos trazer a espada.

- Essa espada - fez sinal de aspas com os dedos -, pode ser a solução de alguns problemas, mas é que ...

- Talvez não devêssemos. É o que iria dizer?

- Bom, sim e também não... como saberemos se não vão estragar tudo e usar a espada uns contra os outros?

- Boa questão, contudo - parou e fez uma pausa deslizando os dedos sobre seu colar -, dessa vez me certifiquei que não é nem cedo e nem tarde demais.

- E de que fonte vieram as informações, porque se foram os...

- Ainda lhe falta aprender uma última lição, romper o último lacre - disse a soberana interrompendo -, por assim dizer, e sabe qual?

- Facticulando. - Milissegundos depois respondeu com outra pergunta - 404 soberana, poderia me dizer?

- Fé!

*****

Nos dias, meses e anos que se sucederam pessoas, animais e até mesmo plantas começaram a mudar. Alguns consideraram as mudanças como doença outros como benção.

Medidas governamentais foram tomadas. Como era de se esperar "aquilo" se alastrou a passos largos.

Pouco ou nada podia ser feito. Diante disso os poucos governos ainda de pé tentaram reestabelecer a ordem. Indivíduos então passaram a ser sumariamente executados ao menor indício de contaminação.

Maldade e corrupção se tornaram as únicas constantes, mas pelo que veremos não foram as únicas sequelas daquele dia fatídico.

Sobreviver se tornou a nova ordem mundial. Grupos distintos uniram forças, dando origem às grandes cabalas e como consequência, como já era de se esperar, o terrorismo renasce com força total. Guerras cruéis e intermináveis são travadas sobre as cinzas do velho mundo.

Os poucos territórios ainda cultiváveis ganhavam novos senhores com muita frequência, o mar de sangue parecia nunca ter fim, nesse cenário um grupo de enjeitados se levanta com a missão de proteger dos saqueadores àqueles que pagassem mais. Com o tempo e os ataques se intensificando, algumas mudanças foram instituídas, não só se afugentariam aos invasores, todos, sem exceção, deveriam ser identificados, catalogados, caçados e exterminados.

Com paciência, inteligência e disciplina um novo tipo de cabala se populariza no mundo, uma espécie de resistência. Indivíduos com o sangue do caos correndo nas veias. Tal organização só foi possível devido ao empenho de cinco sobreviventes. Eles ficaram conhecidos pela alcunha de ADM.