32 - Sentinelas

20 3 0
                                    

Infalivelmente após a hora 28 as sirenes soam. O sinal sonoro, o independente de haver ou não alguém para ouví-lo. Daquele momento até a hora 8 os escravos não deviam sair, o que só se permitia após esse período. Nuvens carregadas tingiam o céu deixando inquietas as poucas aves que se aventuravam, forte indício de tempestades de gelo completariam o cenário. A aldeia estava deserta e apenas uma das casinhas tinha sua porta aberta, o vento a chacoalhava de um lado para o outro fazendo-a chocar-se contra o batente num movimento incansável. Estranho não ter ninguém para trancá-la. Não tardou e um centurião adentrou apressado, tinha sobre os ombros um garoto envolto em um cobertor improvisado. Colocou-o sobre um móvel de madeira no meio da sala e correu a fechar a porta e passar-lhe o ferrolho, deu alguns passos para trás e sentou-se no chão e pôde respirar com um pouco mais tranquilidade. Ainda naquela posição olhou para o garoto e perguntou:

- Consegue ficar de pé?

- Sim senhor, o corte não foi muito profundo.

- Onde você estava com a cabeça garoto? Nunca mais faça isso.

- Me perdoe, aconteceu muito rápido, não estava pensando com clareza.

- Logo dominará a técnica e poderá ver cada vez mais longe. E... eu tinha tudo sob controle - mente.

- Só pude ver em uma direção.

- Quando voltarmos terá tempo para se aperfeiçoar. Falarei com Eulália, pode apostar. Isso caso não peguem uma perpétua. - riram.

- Terminei, senhor Argon.

- Tão rápido? Que bom, suas habilidades estão cada vez melhores.

- E outra coisa, um vórtice acaba de ser aberto.

- Mais inimigos, suponho?

- Não sei dizer, senhor.

- Torus ou tecnológico?

- Com certeza Torus.

- O que me diz, seria Nautilus?

- É certo que não, eu senti algumas ondas de rádio...

- É ele...

****

O mal tempo dificultava bastante a visibilidade. O frio quase cortante não preocupava, os passos pesados dos Mechas sim. Não havia tempo pra choradeiras. Parar e acariciar os músculos doloridos era um luxo inacessível.

- Eudora, aguente firme, a floresta está logo à frente, continue correndo.

- Não se preocupe, estou bem. Quantos nos perseguem, consegue ver?

- Apenas dois.

- O que terá acontecido com os outros?

- Vai saber, vai ver ficaram com medo. Com esse treinamento me sinto invencível, o senhor Argon fez um bom trabalho.

- Lá está, lembre-se de usar os galhos mais altos e grossos, o senhor Argon disse que deixaria algumas surpresas, então não desça por nada, sempre em frente.

- Certo, Draytos, o último a chegar prepara o jantar.

- Isso nunca!

- Então se apresse.

Draytos se vira para uma última olhada e é agraciado com a exuberância de um cogumelo. O som os alcançaria segundos mais tarde.

****

O grupo avançado estudava o melhor momento para sua chegada. Entre inúmeras sugestões, objeções e cautelas, ficou decidido que não poderiam chegar antes dos cadetes. A ideia de Tinamus era chegar juntamente com os garotos, mas foi logo refutada por Argon.

Acesso IrrestritoWhere stories live. Discover now