38. Gotas de chuva

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Para muitas pessoas, aquele era apenas mais um dia que começava. Mas para outras, era um dia especial. E entre as pessoas que pensavam assim, estava Yan Die.

A empresária acordou sorrindo. Ela mal havia aberto os olhos, mas a certeza de que ele estava ao seu lado fora o suficiente para a felicidade adentrar em seu coração ainda mais intensamente que antes. Sabia que a noite de não fora um sonho, apesar de se sentir nas nuvens em alguns momentos. Sua imaginação não era tão fértil a ponto de imaginar coisas como aquelas. Não havia dúvidas de que era real.

No entanto, para confirmar para si mesma que não estava errada, ela virou o corpo para o outro lado, e os seus olhos brilharam ao ver Li Fei dormindo serenamente, como se fosse uma criança indefesa que ela quisesse proteger do mundo. Mas era isso que ele pensava a respeito dela. Yan Die sorriu ao lembrar disso. Talvez o imenso amor que sentia lhe fazia querer cuidar dele e o proteger mesmo que não precisasse, assim como ele. Eram coisas que somente o amor poderia explicar.

Yan Die estava muito feliz por estar ao lado do homem que amava, e fazia muito tempo que ela não se sentia assim: perdidamente apaixonada e entregue. Nem parecia aquela mulher determinada que jurou para si mesma nunca mais se apaixonar e nem se entregar novamente à uma paixão. Ela quebrou a sua promessa, e não estava nenhum pouco arrependida. Desconhecia essa palavra no momento.

Por alguns instantes, a mulher ficou apenas observando o namorado dormir, esperando que ele acordasse logo para ele ter certeza de que a noite anterior não fora delírios causado pela febre que estava. Porém, ele não acordou. Dormia profundamente. Então, Yan Die decidiu levantar-se. Não que tivesse algo importante para fazer. Ela não iria trabalhar aquele dia. A mulher pretendia fazer um café da manhã reforçado para o namorado. Havia muitas razões para ela querer fazer isso.

Lentamente, ela se levantou. Não queria acordar Li Fei.

Como não queria usar as roupas que usou no outro dia e nem procurar outra, pois iria fazer barulho, podendo acordar o namorado, ela decidiu vestir a camisa do mesmo — o tamanho dela era o suficiente para cobrir uma boa parte do seu corpo — e apenas uma peça íntima. Rapidamente, fez suas higienes e desceu para a cozinha.

Não lembrava da última vez que cozinhara para alguém. Talvez nunca tenha feito isso. Sim, ela fizera. Quando a sua mãe morreu e ela ainda morava com o pai e os irmãos. Fazia muito tempo. Eles nunca reclamaram da comida dela. Diziam que era a única coisa na qual ela era realmente boa. Era para ser um elogio, mas eles nunca foram bons nisso. Não importava mais. Yan Die conhecia a si mesma. Sabia do que era ou não capaz de fazer. E naquele momento, tinha certeza de que seria capaz de fazer um bom café da manhã para o seu namorado.

Como estava com muita disposição, Yan Die fez três tipos de prato: panquecas, macarrão com molhos fritos e baozi. Era algo que ela não costumava fazer nem para si mesma. Na maioria das vezes, ela pedia o café da manhã no restaurante preferido. Ela costumava dizer que não tinha tempo, e como morava sozinha, não tinha a menor graça cozinhar. Entretanto, nos pequenos instantes em que estivera cozinhando, ela não sentiu nenhum pouco entediada. Pelo contrário, sentiu-se tão animada que começou a cantarolar uma velha canção. E sequer percebeu.

De repente, enquanto preparava um suco de maçã, distraída e cantarolando, sentiu ser abraçada e imediatamente ela parou o que estava fazendo, surpresa, mas nem tanto assim. Sabia quem estava a abraçando, apenas não esperava que ele viesse a fazer isso. Ao sentir o toque dele, Yan Die sentiu um arrepio percorrer por todo o seu corpo, e o seu coração bateu mais rápido, ainda mais quando sentiu a respiração dele perto do seu ouvido. Era uma maravilhosa maneira de interromper alguém.

— Bom dia — disse Li Fei.

— Bom dia.

— Você roubou a minha camisa.

Entre Fogo e Gelo ʸᵃⁿˢʰⁱWhere stories live. Discover now