47. A espada devoradora de deuses

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A lembrança veio como se nunca tivesse ido embora. Mas, na verdade, nunca fora. Só estava oculta.


Ying Kong Shi estava de pé em frente ao lago de fogo, tão distraído com seus pensamentos que se quer notou a presença dela atrás de si. Havia chegado a Cidade Flamejante possesso de raiva por descobrir ser filho do rei do fogo, como também, seu irmão mais novo — algo que ela se recusou a aceitar, afinal Ying Kong Shi era o homem que amava. Não bastava ser seu inimigo, tinha que ter outro impedimento? Se perguntou porque o destino era tão cruel consigo, mas não obtivera respostas. No entanto, quando a poeira baixou, o jovem príncipe ficou quieto. Em outras palavras, triste. Não era para menos, afinal acabava de confirmar que era filho de seu inimigo número um. Queria acreditar que ele também odiou o fato de lhe ter como irmã mais velha, mas sabia que só lhe importava o Ka Suo. Além da mentira de sua mãe por tantos anos, não ter o mesmo sangue que o dele era a principal razão pela qual estava tão frustrado.

Certamente, era.

Yan Da sabia que ninguém poderia mudar isso, então ignorou os seus pensamentos e se aproximou calmamente dele. Estava feliz apenas por conversar com ele. Embora fosse ríspido consigo na maioria das vezes, seus sentimentos não mudaram. Pelo contrário, floresciam como uma rosa no deserto.

A princesa queria confortá-lo de alguma maneira, colocar um sorriso nos seus lábios pelo menos uma vez na vida. Lembrou-se então que Peng Peng lhe fazia fogos de artifício quando estava triste. Era uma bobagem, mas funcionava com ela. Talvez o fizesse se sentir melhor também.

Então, ela o fez.

Pequenos fogos de artifício surgiram na sua mão, e a princesa não demorou para erguer a mão de Ying Kong Shi e os deixar flutuar acima dela, como se a magia saísse da mão dele. Ela sorriu ao fazer isso. Yan Da amava fogos de artifício, as luzes coloridas, o brilho cintilante lhe trazia uma alegria boba de menina. Era fascinante.

Mas Ying Kong Shi não expressou nenhuma reação diante de sua atitude fofa e atenciosa. Pelo contrário, ele ignorou. Deixou cair de sua mão sem o menor interesse no significado. Aquilo não lhe faria sorrir ou se sentir melhor. O príncipe era muito frio.

Yan Da ficou desapontada e ameaçou ir embora, mas ele a fez voltar novamente com um sorriso nos lábios. E nesse momento, ela percebeu ou quis acreditar que, bem no fundo do coração dele, ele se sentiu grato por sua tentativa de fazê-lo se sentir melhor, apenas era orgulhoso demais para admitir. Por que diria que a considerava uma bondosa sendo que suas mãos estavam sujas de sangue? Obviamente, não era apenas ódio que ele sentia por ela. Havia algo mais.

E isso era bom.

Um tempo mais tarde, quando descobriu que Li Tian Jin, na verdade, era Ying Kong Shi, o coração de Yan Da encheu-se de alegria e até pode bater alegremente outra vez. E embora, Li Tian Jin também preferisse se manter distante dela, pois não tinha lembranças do seu passado, era suficiente para a princesa saber que ele estava vivo e bem ao seu lado.

Contudo, no momento em que ela viu os fogos de artificio flutuando acima de sua mão, ela tivera certeza de que era mais do que uma inimiga para Ying Kong Shi. O seu subconsciente havia guardado uma memória que Yan Da pensava ter sido insignificante para ele. Mas não fora. Ela queria tanto o abraçar novamente naquele momento, mas se conteve. Não seria correspondida de qualquer maneira.

Não importava.

Naquele momento, olhando para os fogos de artificio, nada mais lhe importava. Yan Da estava na mente e no coração de Ying Kong Shi, e era certeza absoluta.

Entre Fogo e Gelo ʸᵃⁿˢʰⁱOnde as histórias ganham vida. Descobre agora