48. O destino de Ni Ni

60 3 0
                                    

Vendo o estado de Peng Peng, Yan Da, assim como Ying Kong Shi, cessaram o descarregamento de poder sobre o homem; os dois ao mesmo tempo. Não porque suas forças acabaram. Mas porque era perceptível que o primogênito de Yan Ji havia perdido energia o bastante para não conseguir contra-atacar.

No rosto dele, havia pequenos cortes, tais quais eram como o vidro depois de ser atingido fortemente por algo. Mas, ao invés de sair sangue, uma luz alaranjada cintilava por entre as brechas como se ele estivesse se rachando, prestes a se partir mil pedaços.

Ainda assim, Peng Peng riu. Um riso sofrido, mas com aquele tom de deboche que ele tanto adorava.

— Eu amei você, Yan Da — disse o homem quando a amiga se aproximou de Ying Kong Shi, se colocando ao seu lado. Para sua surpresa, ela não estava contente em vê-lo derrotado. Pôde ver lágrimas em seus olhos.

— Não o suficiente — ela disse. — Você sempre esteve em primeiro lugar em meu coração, Peng Peng. E se não tivesse me feito acreditar que estava morto, estaria ainda hoje. Não culpe o Ying Kong Shi por isso.

Peng Peng olhou para Ying Kong Shi, e riu soprado, negando com a cabeça. Seu ódio por ele era a única coisa que ainda o mantinha vivo, embora estivesse prestes a morrer. Como poderia não o culpar por sua desgraça? Seu pai o "amou" mais, apesar de conhecer apenas uma parte sua; a mulher que amava também o amava mais, mesmo que ele tenha a desprezado por tanto tempo. Estava sempre em segundo plano por causa dele. Ying Kong Shi era uma pedra no seu sapato que continuava insistindo em machucar o seu pé. Em outras palavras, o seu coração, que se encontrava tão despedaçado quanto si mesmo.

— Você é tão tola, Yan Da — disse ele. — Centenas de anos se passaram e você continua sendo uma tola. Como pode amar alguém que nunca a colocou em primeiro lugar na sua vida?

— Eu não sei. Talvez essa seja a minha sina. Afinal, eu também amei você, Peng Peng, e nunca estive em primeiro lugar em seu coração por mais que queira me convencer do contrário. Você sabe que não. Eu nunca estive.

O olhar do homem para Yan Da comprovou o que ela acabara de lhe dizer. Em primeiro lugar no seu coração estava o desejo de provar ao seu pai que não era tão inútil como pensava. E depois da morte dele, passou a ser o desejo de vingar-se de Ying Kong Shi pelo o que fizera a mulher que amava. No fundo, ele se sentia culpado por ter a deixado sozinha quando mais precisava, por ter a feito sofrer com a sua falsa morte; se arrependia verdadeiramente de ter deixado o seu coração livre para amar outra pessoa.

De tudo, era o que mais pensava em seu coração: ter perdido o seu amor para Ying Kong Shi. Justamente para o seu indesejado meio-irmão, o único filho que seu pai foi capaz de admirar, por quem desenvolveu um mínimo afeto. Peng Peng o odiou duas vezes mais depois disso e seu desejo de vingança só se intensificou a cada dia, tornando-se sua maior obsessão.

O ódio em seu coração fez com que ele não se importasse nem mesmo com Yan Da, tanto que a matou em suas duas primeiras reencarnações somente para que ela não encontrasse Ying Kong Shi e se apaixonasse por ele novamente. Permitiu na última vida de Ying Kong Shi porque queria que ele sofresse amargamente ao perdê-la para outro homem. Matando o irmão na frente da mulher amada, sua vingança estaria completa.

Mas seus planos não seguiam conforme planejou há centenas de anos atrás. No momento, estava em desvantagem, e sabia que não tinha muito o que fazer para derrotar Ying Kong Shi. Ele não poderia estar mais irritado.

— Esteve — confessou Peng Peng. — Por um tempo só você esteve em meu coração, Yan Da.

Os olhos de Yan Da brilharam diante de sua confissão, pois ela amou muito Peng Peng, e ainda o amava. Sempre o considerou um grande amigo, e era doloroso saber tudo o que ele fizera para impedir a sua própria felicidade. Tudo em nome do amor que tinha por ela ou em nome do ódio que sentia por Ying Kong Shi.

Entre Fogo e Gelo ʸᵃⁿˢʰⁱWhere stories live. Discover now