Entre Fogo e Gelo ʸᵃⁿˢʰⁱ

43. Acerto de contas

Ying Kong Shi?

Por um momento, o príncipe pensou ter ouvido errado. Mas não poderia ter sido. Yan Die havia mesmo o chamado pelo o seu nome verdadeiro, e se ela o chamara de Ying Kong Shi era porque sabia quem ele era, de fato. Ou seja, se recordara de sua vida passada. Não era mais a empresária Yan Die, e sim, a princesa da Tribo do Fogo, Yan Da. Ele sentiu um misto de alegria e surpresa ao se dar conta disso.

Contudo, não imaginou que a reação dela fosse aquela ao recuperar suas lembranças passadas. Pensou que ficaria feliz ao reencontrá-lo depois de tanto tempo, e estaria ainda mais feliz por estarem vivendo como namorados no mundo mortal. Sua expressão no rosto era completamente diferente disso. Estava com raiva, mas também havia um pouco de tristeza em seus olhos, assim como no dia em que descobriu que era o irmão de Ka Suo enquanto se passava pelo mortal Yun Fei.

Dejá Vú.

Obra de Peng Peng, certamente. Realmente não fazia ideia do que o homem era capaz.

— Yan Da?

Era mesmo ela. Tivera certeza quando a princesa o encarou seriamente, enfrentando-o, como se estivesse diante do seu inimigo de centenas de anos atrás. Apesar de ver a reação nada contente da mulher, Ying Kong Shi não pudera evitar sorrir. Ver Yan Da bem na sua frente, trouxera todas as lembranças dela de uma vez, e uma imensa felicidade invadiu o seu coração. Quanta saudade sentiu dela.

Seu coração batia mais forte a cada flash que sua mente lhe permitia ter, e seus olhos encheram-se de lágrimas, que o jovem controlou para não rolaram pelo seu rosto.

— Saudades? — perguntou a mulher, sarcástica.

— Você não tem ideia.

— Ah, eu tenho, sim. E não me surpreende. Agora não mais — a voz da mulher estava seca e fria. Não surpreendeu o príncipe. E talvez, não tivesse percebido a gravidade da situação por seu coração estar emocionado demais com o reencontro oficial.

Não, ainda.

— Ying Kong Shi, vamos combinar o seguinte: nada de mentiras. Estou cansada disso. Por que não é sincero uma vez na vida? — Yan Da perguntou. Havia mágoa em suas palavras.

— No que estou mentindo?

— Em tudo. Desde o início, você mentiu. Você sempre esteve mentindo para mim sem se importar com os meus. Esqueça! Não importa mais. Eu só quero que pare com sua hipocrisia e admita os seus erros. Sua morte será mais digna se fizer isso.

Ying Kong Shi encarou atentamente a mulher que amava e analisou todas as suas palavras. Não sabia exatamente as mentiras que Peng Peng dissera ao seu respeito, mas era evidente o quanto foram convincentes. Yan Da estava magoada e sentia-se usada como da primeira vez que o fizera. Certamente, não iria perdoá-lo se fizesse isso duas vezes. Não tiraria sua razão. Mas não havia cometido esse crime imperdoável. Não poderia deixar que continuasse pensando desse jeito enquanto Peng Peng se divertia pelas suas costas, cantando vitória. Ainda não havia acabado.

Era apenas o início.

Não se deixaria ser derrotado por aquele que se recusava a chamar de irmão, apesar de terem o mesmo pai. Peng Peng não era nada mais que um ser desprezível para Ying Kong Shi. Preferia nunca ter descoberto sobre sua existência, assim como a do seu pai biológico. Não iriam fazer a menor diferença na vida do príncipe.

— Não, Yan Da — disse ele, dando um passo à frente. — Ao contrário do você pensa, eu me importo, sim, com os seus sentimentos. Não é hipocrisia. Errei muito no passado, eu não nego. Me arrependo de não ter percebido antes o que você significa para mim. Perdi muito tempo. Mas eu não perderei nem mais um segundo.