Capítulo 6

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No mercado eu fiquei incrivelmente entediado, enquanto minha mãe listava os ingredientes de sua torta, e os procurava, eu tentava encontrar um melhor sinal para minha internet, pois queria muito falar com Mathew. Por sorte, achei um espaço perto de um banco onde eu pudesse me sentar e ter um bom acesso à internet, o que me agradou bastante, introduzi meu fone no aparelho para escutar minhas melhores bandas enquanto conversava, recebi algumas mensagens; nenhuma de Mathew. Suspeitei que ele ainda estivesse cansado e houvesse dormido.

"Rapazinho do braço de pano, estou aqui! hahahaha" enviei para ele.

Tocava 'Avalanche' da mesma banda que eu gostava de ouvir, e foi inevitável não mexer os pés na mesma batida, observando as pessoas passarem por mim, saindo e entrando do mercado. Revirei alguns outros aplicativos, e procurei por outras pessoas que eu pudesse conversar.

"Oi, Amy. Tá aí?" enviei para Amy, querendo eu saber o que houve ontem depois que sumi. Após alguns demorados instantes, ela me responde.

"Oii! Estou sim. Haha"

"Acredito que vocês ficaram preocupados comigo sobre ontem a noite", concluí.

"Ah, sim. Mathew principalmente! O quê houve? Ele ainda não me respondeu..."

"Só acabei me perdendo, sendo perseguido, roubado, abduzido, transformado em um dromedário, mas cheguei bem em casa no final das contas. Hahahaha"

"Oh, meu Deus! Hahahaha. Acredito que foi excitante essa noite..." respondeu Amy.

"Como assim? Hahaha"

"Mathew foi te encontrar. Numa rua escura. Isso não te parece meio suspeito? Hahaha"

"Hahaha. Caramba! Você e sua mente poluída... Hahaha", comentei, por mais que o que eu quisesse fosse um beijo roubado dele no escuro.

"Hahahaha. Depois de você não aparecer Mat voltou e pediu para que fôssemos embora. Disse que você deveria ter desistido de procurá-lo. Agradeceu pela nossa ajuda e foi embora"

"Nossa. Que coisa... Eu não tinha desistido. E muito obrigado por tudo aquilo! Eu realmente fiquei muito feliz! Acabei me distraindo com Mat e não pude agradecer."

"Tudo bem! Gostamos bastante também, afinal, nós estamos te agradecendo por estar com a gente todos esses anos haha"

"E espero que por muitos mais..."

Ela me respondeu com uma risada, e depois nossa conversa terminou por um tempo, mas logo meu celular vibrou novamente. Era Mathew me enviando uma mensagem.

"Hahaha. Quer que eu faça o mesmo com você, engraçadinho?" disse ele. Ri com o comentário.

"Não será necessário. Já sofri o bastante hoje limpando a cozinha. Hahahaha" respondi.

"Não pense que eu estava dormindo, eu apenas fechei os olhos por um tempo indeterminado"

"Hahahaha. Ainda bem... O quê está fazendo agora?" questionei.

"Apenas ouvindo música e conversando com você"

"Mesma coisa... Estou no mercado com minha mãe. Estava sem vontade alguma de sair de casa depois disso tudo."

"Hahaha. Pelo menos está com seus dois braços por inteiro" retrucou ele.

"Ai, Mat. Não seja exagerado! Hahaha. Me diga uma coisa, o que você iria me mostrar ontem à noite?"

"Ah, esqueça aquilo! Hahaha. Foi apenas uma ideia boba minha..."

"Como posso saber se era boba se você não me contar?"

"Você não precisará saber hahaha" disse ele.

"Eu gosto de coisas bobas haha. Pode se notar pela minha aparência. Não ligarei pra isso"

"Desista, meu jovem! A não ser que você queira se encontrar comigo do mesmo jeito lá... Hahahaha"

"Você é muito chato... Hahahaha"

Percebi que minha mãe estava demorando tempo demais para pegar o que era necessário, então coloquei meu celular no bolso e fui à procura dela passando pelos enormes corredores, observando ora as pessoas, ora as estantes repletas de alimentos e produtos. Meus olhos corriam deliberadamente pelas pessoas situadas nos corredores de ingredientes culinários, mas não encontrei qualquer pista de minha mãe.

Acaba chegando um momento que seu coração bate acelerado, sua barriga dói e suas mãos começam a suar frio, surgem os pensamentos, e o medo de pedir ajuda a alguém, o momento constrangedor em que está escrito em sua própria cara que está perdido. Eu caminhava rápido e meus dedos corriam pelas estantes tentando se acalmar, e parecia que todos notavam meu nervosismo, enquanto cada vez mais pessoas entravam e deixavam o lugar mais lotado.

Meu peito se enchia e esvaziava de ar rapidamente, indo para frente para trás, minha boca estava parcialmente aberta tentando receber o pouco de ar que conseguia. Tentei retirar o celular do bolso e falar com Mathew, minhas mãos tremendo dificultava a ação de teclar, e lentamente consegui formar a seguinte frase:

"Mat. Me perdi de minha mãe. Estou um pouco mal"

Esperei que a mensagem enviasse, mas a internet não pegava bem naquele local, eu comecei a tremer mais minhas mãos e tentei me apoiar com uma delas em um compartimento perto dos produtos refrigerados, e com a outra acabei deixando que o celular deslizasse dela.

Despencando lentamente, o vi cair no chão num estrondo que me fez doer a cabeça.

Todos olharam. E eu caí também.

Permaneci com os olhos fechados até que a dor em minha cabeça cessasse, e sentindo mãos que me apertavam os braços, e forçavam as minhas pálpebras a suspenderem, vendo apenas dois rostos desconhecidos que me encaravam espantados. Alguns também se sobressaiam no fundo, mas um se aproximou em desespero, suas mãos cobriram grande parte de minha visão, este tentava me levantar, e vi que era minha mãe.

Minhas mãos ainda tremiam, e meus ouvidos recebiam apenas um agudo rangido, que logo foi se dissipando, e voltei a ver tudo em melhor definição.

Minha mãe. As prateleiras. As pessoas que nos encaravam. E meu celular ainda jogado no chão.

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S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now