Capítulo 13

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Mathew tinha o cabelo desajeitado, e sua expressão era de sono e cansaço: seus olhos semi abertos; rosto esbranquiçado; lábios levemente suspensos um sobre o outro; olheiras avantajadas. E incrivelmente estranho este jeito de me atrair, pois tudo isso o deixava muito sexy.

Seus pelos pareciam crescer com rapidez. Percebi isso observando melhor seu rosto nesses últimos dias, notando que alguns fios nascera em seu queixo, e abaixo do nariz acima do lábio superior. Suas sobrancelhas eram grossas, e chamavam mais atenção para seus olhos castanhos; reparei também como seu rosto era largo, sua mandíbula de uma forma quadricular, e sua pele de um tom levemente amarelado.

- Você precisa cortar o cabelo. - falei encarando Mathew que permaneceu jogado sobre o braço do sofá.

Não houve respostas. Ele apenas me encarou, e se levantou para desligar a cafeteira.

Eu estava ali há exata uma hora e quarenta minutos, ao lado de Mathew, mantendo apenas uma conversa sem um determinado assunto que se seguisse por muito tempo. Eu me sentia só, pois ele parecia não manter contato comigo. Será que o chateei a respeito de forçá-lo a sair?

Esperei que ele voltasse com as duas xícaras de café, nas mãos cobertas com a manga de sua blusa cinza de listras azul marinho - ele veio, e se sentou ao meu lado, deixando as xícaras sobre a mesinha de centro.

Seu olhar estava fixo na parede a sua frente, ele estava pensativo, e isso o deixava atraente, então me concentrei em sua boca. Sua mão coberta com a manga da blusa, deixando a mostra a ponta dos dedos sobre o estofado do sofá, me chamaram a atenção, fazendo com que minha mão segurasse a dele. Ele a apertou, ela estava fria, porém continuei a segurá-la.

Meus dedos acariciavam a superfície de cima de sua mão, e subiram lentamente para seu antebraço - que estava enfaixado, porém já havia retirado e cicatrizado os pontos - , ele estremesseu, talvez por tentar repelir a leve dor. Continuei a dá-lo carinho, e ele a observar a parede vazia.

Aproximei meu rosto lentamente ao seu, enquanto minha outra mão corria para seus cabelos na região da nuca, e beijei seu pescoço de leve; subi meus lábios em direção ao seu rosto. Ele se virou para mim, estava fechando os olhos lentamente como que sonolento de prazer, deixando a boca parcialmente aberta, então deixei que nossos lábios finalmente se tocassem.

Nossos corações acelerados estavam em sintonia, e meus lábios se misturavam com os de Mathew, absorvendo suas energias. Um beijo lento, de língua, um sentimento único e verdadeiro, com minhas mãos passeando pelo seu corpo: de seu ombro abrangente, para seu peito largo e um pouco definido, descendo mais para sua barriga macia.

Eu coloquei parte de meu peso sobre ele, fazendo-o deitar-se com a cabeça no braço do sofá, sentindo seus fortes braços se entrelaçarem em mim. Mãos que queriam percorrer cada centímetro de seu corpo, assim como minha língua também queria explorar o espaço dentro de sua boca.

Por fim, ficamos deitados por completo encima do sofá, eu já havia retirado os sapatos e ficando por cima de Mathew que me apertava cada vez mais, sentindo de leve uma pressão que surgira em sua calça. Estava, finalmente, começando a aquecer nossos corpos, quando senti a necessidade de abrir os olhos, encarando-o, notando também algo se movendo atrás dele sobre o chão. Tentei mover a cabeça para o lado sem desgrudar de sua boca, para que eu pudesse ver então um gato que sentara logo atrás do braço do sofá.

Ignorei o gato por um momento, mas ele se levantou e caminhou para perto de nós, subindo na mesinha de centro, e derrubando uma das xícaras de café no chão, que fez Mathew despertar de súbito, me retirando de cima dele em tamanha agitação.

- Mindy?! - gritou ele movendo a cabeça para os lados, retirando um dos pés e colocando no chão - Mindy!

Eu continuei ali parado, lamentando por ele. Pois assim que percebeu que fora apenas uma xícara, apenas um gato, Mathew cobrira o rosto com ambas as mãos que se apoiavam em seu joelho.

Antes que eu pudesse consolá-lo num abraço apertado, ele levantou e correu para seu quarto, me deixando sozinho mais uma vez, com um gato e um chão coberto de café. Eu consegui entender perfeitamente o que ele sentia, então deixei que ficasse um tempo só, e quando fora pouco mais de duas horas da tarde, desliguei a televisão e fui para a cozinha comer alguma coisa.

Imaginei que ele estivesse com fome, pois não havíamos almoçado, e comemos há mais de três horas. Preparei um pão recheado com geléia de amora, e outro com pasta de amendoim - o pão com geléia de amora era pra Mathew - , bati em sua porta e entrei, encontrando-o deitado em sua cama com o corpo encolhido em posição fetal.

- Eu fiz um pão com geléia... - falei em tom calmo, permanecendo na entrada da porta. - Acho que deve estar com fome.

Como não respondeu, eu me aproximei com a bandeja de pães nas mãos, e sentei ao seu lado na ponta da cama. Ele tinha os olhos despertos encarando o nada, sua respiração permanecia forçada porém regular. Deixei que a bandeja se equilibrasse sobre minhas pernas, e com uma das mãos esfreguei-a em suas costas.

- Obrigado, Shawn. - respondeu ele. Se apoiou em si mesmo para poder se sentar ereto na cama, e me encarou. - Eu te amo muito.

- Eu entendo que você não queira ir no Seleiro hoje à tarde. - balbuciei. - Posso ficar aqui com você se quiser...

Ele abaixou um pouco o olhar, suas mãos permaneceram ao lado de seu corpo.

- Agradeço por se importar comigo. - dizia ele - Mas ainda não mudei de ideia.

Sorri para ele, e ele me devolveu o sorriso que eu mais gostava.

Comemos lentamente, um de frente para o outro, deixando que o silêncio falasse por nós - este sim, estava a favor do amor: o silêncio.

Foi difícil ficar com Mathew até que pudéssemos sair, e encontrar Amy e Tony. Mas foi uma dificuldade em que eu suportava mais o clima mórbido, não pelo jeito em que Mathew agia comigo, pois seu humor já havia melhorado muito.

Então, Amy me manda uma mensagem dizendo que a senhora do Seleiro estaria nos esperando lá em meia hora, e Amy já estava lá. Eu e Mathew tivemos tempo o suficiente para colocarmos uma roupa mais própria para o tempo lá fora, e caminhar sem pressa até o Seleiro, chegando sem muita demora.

- Olá, garotos! - exclamou Amy, acenando animada para nós.

- Oi! - respondemos, um de cada vez.

Amy era pouco mais alta que Mathew, e usava seu comprido cabelo dividido em duas tranças loiras jogada sobre os ombros, e um casaco branco e botas amarelas. Logo chegou Tony, usando um gorro azul escuro, e trajando também um casaco que combinasse com seu gorro.

- A velha vem mesmo? - perguntou Tony.

- Tenho certeza disso! - acrescentou Amy. - Ela estava até animada em querer contar uma certa história.

Eu olhei para Mathew que estava do meu lado direito, ele me encarou também, mas não retribuiu o sorriso que eu dei.

- Como vai o relacionamento de vocês? - perguntou Amy observando nós dois com atenção.

- Relacionamento? - demorei para lembrar que Amy e Tony já sabiam sobre nossa sexualidade. - Ah... Vai ótima!

Ela sorriu satisfeita. Tony sempre foi muito quieto, meio sério, mas bastava um assunto em que ele gostasse pra poder se enturmar.

- Olha - balbuciou Mathew apontando para trás de Tony e Amy com a mão coberta por uma luva de lã.

A senhora idosa vinha a curtos passos, usando uma enorme capa de gorro, de um tom vermelho sangue, com outras camadas de roupas por baixo, e uma comprida bengala de madeira - semelhante a um galho bem grosso de árvore.

Ficamos observando-a aproximar, e fomos também ao seu encontro, Amy já estava bem mais a frente para poder cumprimentá-la.

- Boa tarde, Sra. Gelenberg! - exclamou Amy, dando sua mão direita em direção a idosa. Ela a aperta de leve e retribui com um sorriso.

- Podemos começar a história? - falou a Sra. Gelenberg nos encarando com tamanha excitação.

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S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now