Capítulo 25

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Foi instantâneo. Voltei minha atenção para a muvuca que tinha dentro do estabelecimento, e virei a cabeça em todos os cantos procurando pela mesma faceta feia e desajeitada de Mike.

Isso não devia estar acontecendo.

Mike, o garoto mais preconceituoso e homofóbico que conheço estava ali.

Minha respiração ficou ofegante e meus batimentos cardíacos aceleraram, me virei para Mathew que tomava sua bebida despreocupadamente e falei:

- Mathew, a gente precisa ir.

Ele se virou pra mim, e com uma feição de incompreensão exclamou:

- Quê?!

- Eu disse: a gente precisa ir!

- Por quê?! - perguntou ele.

Eu me levantei do banco e me posicionei bem a sua frente de costas para a multidão.

- O Mike viu a gente! Vamos! Eu não quero mais ficar aqui! - falei, pegando em sua mão.

- Como assim?! - gritou ele, enquanto se levantava e se dirigia comigo até a porta de saída. - Shawn!

- Já vou explicar!

Finalmente conseguimos passar pela pessoas que se espremiam e pulavam entre nós, e passamos pelo corredor de saída chegando até a sala de recepção onde compramos as pulseiras. O som havia diminuído mas parecia que eu estava debaixo d'água, e que meus ouvidos não funcionavam direito, ouvindo fortemente um zumbido.

Me dirigi ao banco estofado onde já haviam umas três pessoas sentadas conversando, e acabei tendo que me guiar pela parede com a palma de minha mão, quase me arrastando pela parede, enquanto ouvia o tocar incessante do zumbido em minha cabeça. No mesmo instante veio uma dor de cabeça, e minha visão falhou por um momento, me fazendo perder a noção de espaço e desabar no chão.

Uma dor horrenda percorreu pelo meu braço direito, mas eu forçava os olhos e não descobri de onde veio a dor. Mas era algo fervendo dentro de mim, que me apertava o local perto do meu cotovelo.

Senti que alguns braços me ergueram, e a visão veio aos poucos, com grande parte dela produzida como se eu estivesse olhando diretamente para o sol. A dor na cabeça e no braço ainda não haviam passado, nem o zumbido agudo.

Mathew estava me levantando. Agora pude ver seu rosto e sua expressão de terror.

Consegui virar levemente o olhar para meu lado direito, e vi o banco incrivelmente próximo de meu rosto. Eu devia ter caído e batido com o braço nele.

Ele tentou me erguer, colocando sentado no banco estofado, e avistei alguns borrões se movimentando atrás dele.

- Amor?... Você está bem? - pronunciava lentamente ele. E quase não conseguia entender de tão baixo que os sons chegavam aos meus ouvidos. Não escutava nem sequer a música.

- Minha cabeça dói. Não consigo te escutar direito...

- Tudo bem, meu amor. Fique sem se mover um pouco! - dizia ele. Os sons voltavam a surgir com mais intensidade.

- Mat... - murmurei - meu braço dói.

- Você caiu em cima do banco. Tá tudo bem agora. Nós já vamos embora.

Foi bom escutar isso.

Eu fechei os olhos e esperei que as dores cessassem, e o murmúrio na minha cabeça parasse. Mas as vozes vinham dali mesmo. Algumas pessoas sussurravam e me encaravam, estavam assustadas.

Vi Mathew se aproximando com um copo plástico com água. Ele me ofereceu e tomei um pouco, me sentindo levemente melhor.

Depois de cerca de cinco minutos, um tumulto que havia feito ali na área da recepção já havia sumido, e minha dor de cabeça melhorara grandiosamente. Então pude me levantar e sair com Mathew, desviando dos olhares curiosos.

S.L.M (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora