Capítulo 9

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O jantar foi maravilhoso, fora por eu ter me satisfeito quase por completo com cinco pedaços da torta de frango e duas da torta de amora, também tive o prazer de estar de frente com Mathew, o que foi uma sensação nova - nosso primeiro jantar juntos depois do que havia acontecido - observando a pessoa que me roubou o primeiro beijo. Fiquei imaginando se ele já havia beijado antes, pois seu beijo foi excepcionalmente perfeito.

Não deu tempo de avisá-lo sobre o jantar quando terminei de experimentar todas as peças de roupa por mais que eu tivesse me apressado, ele já havia chego em sua casa, dissera que não pegou chuva, apenas sujou os pés, e não se importou de voltar lá novamente para jantar comigo.

Às vezes me bate uma dor no coração em pensar que Mathew não tem pais tão atenciosos e presentes, principalmente seu pai, que não o via há anos depois que se separou de sua mãe.

Depois que Mathew se despediu e agradeceu pelo jantar, depois também de ficarmos um tempo sós em meu quarto apenas entre beijos e abraços, ele saiu com um sorriso de orelha a orelha, e novamente eu o vigiei caminhando rumo a sua casa, rumo ao outro dia. Seu cheiro permaneceu em minha cama por um longo tempo, assim como o doce sabor de sua boca permaneceu intacto sobre minha pele.

Na hora de se deitar, ficamos nos falando por mensagens no celular, mantendo ela por horas, até que comecei a ficar exausto por volta das quatro da madrugada; foi muito mais doloroso nos despedirmos agora que mostramos nossos verdadeiros sentimentos um ao outro.

Acordei às onze e doze da manhã, um pouco mais tarde do que eu costumo a acordar nas férias; porém, logo minhas aulas começariam, uma semana antes de meu aniversário, e eu teria novamente que aturar as piadas de mau gosto que se voltavam a mim pro lado homofóbico. Nunca deixei transparecer muita coisa sobre minha sexualidade, porém os garotos implicam com os mais quietos, e eu por exemplo costumo não fazer muita coisa do que ler meus livros durante as aulas de Educação Fisíca.

Tenho certeza que agora que Mathew e eu nos assumimos, ele vai sentir com o dever de me proteger mais do que fazia antes, mesmo que eu o diga diversas vezes que sou velho o suficiente para cuidar de mim mesmo, acho que fazemos isso por quem amamos. As pessoas devem se sacrificar uma a outra, apenas para mostrar seu amor, tê-lo vivo como troféu de sua vitória.

Finalmente, tudo pareceu voltar ao que era antes - por enquanto - ; ficando eu sozinho em casa, meus pais no trabalho, e eu evitando que Mathew abrisse os pontos em seu braço. Gostaria de ir até sua casa, minha mãe havia dado as chaves novamente, eu a adorava por ser tão liberal e amável.

"Mat contou o que houve entre vocês", recebi de Amy esta mensagem.

"Ele disse? Achei que ele não houvesse contado nada a vocês...", respondi.

"Deixe de ser bobo! Hahahaha! Ele teve que se abrir a nós para fazermos aquela mini orquestra linda hahahaha", disse Amy, o que me deixou surpreso, pois agora ambos somos assumidos para nossos melhores amigos.

"OMG!", escrevi. Ainda pensava sobre o assunto.

"Acho vocês dois tão fofos juntos hahaha. Ele sempre me contou detalhes sobre vocês"

"Hahahaha". Eu não sabia o que comentar, parecia mais íntimo do que nunca. Meu rosto ardeu.

"Estou planejando umas coisinhas aqui no Seleiro" completou Amy.

"Que coisinhas?". Perguntei

"Lembra daquela senhora idosa que vivia passando por aqui?"

"Lembro sim!", comentei forçando minha cabeça a formar imagens dela.

"No dia que você "sumiu" eu acabei encontrando umas velas coloridas com alguns símbolos... Muito sinistro"

"Sério? Onde?!"

"Lá mesmo. Perto da bancada, só que bem no meio dos materiais, bem dentro daquele labirinto de destroços. Elas estavam acesas, e vi a claridade" concluiu Amy. Os pelos dos meus braços ficaram eriçados.

"E você acha que foi essa velha que fez isso?", questionei.

"Muito provável. Ela é a única que vimos por lá até agora. E é sobre isso que estou preparando... Vou tentar entrar em contato com ela para saber melhor sobre a história dela"

"Meu Deus! Você acha mesmo que ela vai aceitar conversar com a gente? E se isso for magia negra?!"

"Só perguntando...", mandou ela a última mensagem.

Tudo isso era muito estranho. Pois apenas vimos ela algumas vezes rondando o local do Seleiro, vestida até os pés, com os longos cabelos brancos que deslizavam sobre suas costas. Eu não tinha medo de me envolver com coisas do tipo, muito pelo contrário, muitas vezes procurei saber sobre derivadas religiões.

O silêncio em minha casa era mortal, poderia ouvir uma agulha caindo no chão, e isso era muito ruim pra mim, eu era forçado a pensar demais. Minha fome parecia aumentar cada vez mais, e as deliciosas maçãs verdes não pareciam me servir de nada; eu comi o resto de torta que havia sobrado, e creio que tomei um litro de água durante este período de alimentação.

Eu estava ansioso. Não suportava mais ficar longe de Mathew, e algo me dizia para não ir em sua casa; mas o tempo estava maravilhoso, não havia movimento nas ruas, e eu me sentiria melhor se estivesse com ele. Então peguei as chaves e logo me vi saindo de casa, sem nem notar com qual roupa eu estava, e nem se meu cabelo parecia de alguém que acabara de acordar.

A caminhada foi escassa, e revigorante; a temperatura baixa, porém refrescante, encheu meus pulmões de vontade e alegria, enquanto eu caminhava até o número 17. Logo eu estava de frente para sua casa, animado e ferozmente ansioso para beijá-lo mais uma vez, sentindo tudo que poderia sentir naquele garoto.

Usei o batente da porta enfeitado de uma cor dourada que fez ecoar as batidas, e logo ouvia-se os passos que já me fizeram imaginá-lo por completo, mas assim que a porta se abriu, mostrou-se diante de mim uma garota de cabelos curtos e ruivos, com uma vestimenta adequada.

- Olá. Como posso ajudar? - disse ela. Era a empregada.

- Eu queria falar com Mathew... - falei encarando por detrás de suas costas o resto da casa.

- Ele não se encontra no momento... - houve uma longa pausa - Sua irmã acabou de falecer.

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S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now