Capítulo 16

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O gorjear dos pássaros era um dos meus maiores agrados, além de sua beleza, de cores, e movimentos no céu. Eu os observava atento, misturando-se nas flores alguns que pousavam perto dos vasos, enquanto eu permanecia sentado nos fundos da casa próximo ao jardim.

O tempo estava agradável, o vento era refrescante e ótimo para estar junto de alguém que ama, e por este motivo eu estava ali. Mathew se aproxima pela calçada, e assim que eu o vejo, arremesso-me em sua direção para um enorme abraço, sentindo seus ombros largos e seu cheiro agradável.

Seu cabelo estava mais arrumado do que geralmente é, e ele trajava uma camiseta salmão de manga comprida e uma calça jeans escura. Depois do abraço houve um doce aperto de lábios, um delicioso beijo, uma junção de corações.

- Como você está? - perguntou ele.

- Estou bem... Melhor agora. - encarei seus olhos castanhos - E você?

- Sempre que estou com você. - e me beijou novamente. - Eu te amo.

- Eu também te amo.

De mãos dadas nós caminhamos pela calçada, às vezes com um assunto fraco, às vezes em silêncio, mas o importante estava ali do meu lado.

- A Amy falou comigo sobre o encontro com a senhora Gelenberg, vai ser depois de amanhã, ok?

- Tudo bem. - respondeu Mathew.

Nossos sapatos rangiam e faziam sons diversos entre alguns cascalhos, e esse era o único som entre nós.

- Eu ainda não acredito que recebi nota sete naquele trabalho! Estava tão bom... - exclamou Mathew.

- Ai, meu bem. Isso é verdade. Mas é uma nota boa ainda.

- Você fala isso porque tirou oito e meio. Isso que é nota.

- Pare de besteira! - ri enquanto ele diminuía o passo para se virar a mim, e eu o observei de perto.

- Fique comigo para sempre, Shawn... - balbuciou ele.

Eu apenas aproximei meus lábios dos dele serenamente, e pronunciei um curto "ficarei".

Quando terminado o beijo, eu o olhei mais fundo nos olhos, e de mãos dadas novamente, fomos caminhando em direção ao Seleiro.

O local estava claro e gélido pela neve que ficara da noite passada, e tivemos que encontrar um lugar onde pudéssemos sentar sem nos sujar. Mathew me levou para perto dos escombros de materiais ferrosos e pedras, onde havia uma área restrita por um muro alto e um portão enferrujado, lá dentro parecia guardar materiais não usados na construção da obra.

- Eu já entrei aqui uma vez. É fácil. - exclamou Mathew, largando de minha mão e se aproximando do muro.

Ele procurou por algo em que pudesse subir e alcançar o topo do muro, encontrando um pedaço de bloco, e nele colocou os dois pés, se esticando para tocá-lo.

- Você não quer ajuda, Mat?

- Não, amor! Obrigado. - respondeu.

Havia um enorme edifício atrás desta área, ele era reluzente, e continha diversas janelas.

- Que prédio é este? - questionei.

- Prédio? Ah. Creio que seja da empresa que produzia os materiais da construção, ou que ajudava na produção e organização. Pelo jeito eles não foram muito bons.

- Interessante...

- E por mais incrível que pareça, ele está totalmente vazio. Mas interditaram, e às vezes vejo uns polícias por aí... - disse ele conseguindo elevar uma das pernas para cima do muro assim que ergueu mais seu tronco.

Ele subiu e ficou sentado nele, me observando com a respiração forçada.

- Vamos... Suba. - disse ele.

Eu me aproximei e subi no bloco de concreto, esticando os braços, e Mathew ajudou a alcançá-lo.

Assim que ficamos sentados, nos viramos para o lado interior da extensa área cercada. Observei uma enorme cápsula, que mais se parecia com uma estufa de metal, podendo conter até quinze metros de largura e dez de altura.

- Aqui não é perigoso? - perguntei antes que ele pudesse descer.

- É nada! - disse ele se esgueirando pela parede e saltando para o outro lado.

Em seguida, foi minha vez. Com as pernas jogando-se para baixo, enquanto eu deslizava meu corpo devagar, me apoiando com as mão no alto do muro deixando os braços flexionados para me abaixar mais; até que não podia mais me esticar e soltei as mãos, saltando em direção ao solo de concreto, e sentindo uma forte pontada dos pés até a coxa ao atingi-lo.

Flexionei os joelhos e meu corpo se encolheu durante a colisão, voltando logo a me erguer e tomar o equilíbrio.

- Está bem? - perguntou Mathew.

- Sim. Estou. - correspondi.

O lugar continha um odor diferenciado, parecido com cal e gesso. Não havia neve, pois a estufa de metal liberava uma enorme quantidade de ondas de calor, algo lá dentro parecia estar funcionando e derretendo a neve mais rapidamente, talvez fosse um reator de alguma máquina próxima dali. Mathew caminhou para perto da estufa, e parou de frente à sua plataforma espelhada, observando calmo o seu reflexo na placa da estufa.

Ele levantou a mão lentamente, para tocar no metal, e num movimento de reflexo estiquei meu braço alguns centímetros a frente e abri a boca parcialmente na intenção de alertá-lo, de que estaria quente, mas parei e deixei que ele continuasse. Parecia saber o que fazia.

Então ele tocou os dedos serenamente, e logo depois toda a mão.

- Venha. Sente só. - disse ele se virando pra mim, com a mão ainda na parede da estufa.

Eu caminhei até ele, encarei-o e toquei a superfície da capsúla. Realmente podia se sentir o calor bem próxima, mas o metal pareceu não absorver todo o calor e dar a sensação de meus dedos estarem queimando, era bem mais adorável a sensação de calor.

- Não arde. - deixei escapar um riso ao me direcionar a Mathew.

- Não... - ele me olhou, e observou minhas vestimentas - Tire o casaco. Vamos subir.

Olhei meio assustado com o comentário, mas retirei as mãos da estufa e tirei o casaco. Ele se transportou para atrás da estufa, e nela havia uma escadinha que se deslocava para cima dela. Mathew subiu levando o meu casaco, e eu o segui.

Eu realmente já havia me esquentado, e era bem mais intenso o calor lá encima, porém não era desagradável o suficiente, apenas se eu estivesse de casaco. Ficamos sentados ali, um do lado do outro. Mathew com um dos braços sobre meu ombro, acariciando meu cabelo.

Havia ali alguns pedaços de pedras e cascalhos que pareciam ter sido jogados por alguém lá em baixo, percebi que Mat me olhava atencioso, e o encarei.

- Eu te amo, sabia? - exclamou ele me olhando nos olhos.

- Mais do que tudo.

Juntamos nossas testas a olhar um ao outro de perto, e senti sua respiração, junto do calor que subia de dentro da cápsula, e logo nossas bocas se tocaram, a trocarem mensagens de amor.

- Belo lugar aqui, não acha? - questionou ele.

- Aham.

Peguei uma das pedras que estava mais próxima de minha perna, e me inclinei um pouco mais a frente, para me debruçar na superfície levemente aquecida, e nela usei a pedra para criar alguns riscos em linha reta a formar letras.

- O que está escrevendo? - perguntou ele. E se aproximou.

- Nosso coração. "Shawn loves Mathew". - respondi.

Terminei e me levantei para que pudéssemos apreciar um coração mal desenhado com as iniciais "S.L.M" em seu interior.

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S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now