Capítulo 35

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Foi o dia em que acordei e não vi minha mãe deitada sobre a cadeira. Pelo contrário, meu pai apareceu e disse que veio algumas horas antes para tomar o lugar de minha mãe e deixasse que ela descansasse, para então voltar à rotina da venda de suas tortas.

Ele havia trago uma pequena bolsa para juntar os meus pertences, já que eu não tinha muitas opções de roupa lá, minha mãe deixara apenas escova; papel higiênico; cobertor; e travesseiro. Às duas horas os exames estariam finalizados, eu seria solto dos tubos e talvez alguns remédios fossem indicados, mas finalmente meu pai me levaria para casa.

Pouco depois de eu comer algumas coisas, que restaram da minha cesta de presente, eu precisei ir ao banheiro, então pedi que meu pai chamasse alguém que trouxesse o cabide de metal para o saco de soro que estava finalizando de se esvaziar. Ele chamou, e logo apareceu Doug, com o olho direito totalmente roxo.

- Caralho, Doug! O que foi isso?

Ele se aproximou com o cabide, enquanto eu ia removendo as pernas para fora da cama.

- Ah, isso? - exclamou ele como se fosse um arranhão imperceptível. - Não se preocupe.

- Anda. Me conte. Você entrou numa briga?

Ele tentava não olhar diretamente para mim, desenganchando o saco de soro e colocando no cabide.

- Não. Mais ou menos. Foi um cara idiota na balada.

- Você foi numa balada ontem? - questionei.

- Sim. Eu saí mais cedo do hospital.

Fui me levantando, e fomos em direção à porta do banheiro lentamente.

- Nossa, Doug. Eu queria saber quem era...

- Pra quê? Você tentaria bater nele?

- Ah. Não. - assumi. - Mas por que ele te bateu?

Entrei no banheiro e deixei a porta entreaberta para que eu pudesse escutá-lo melhor.

- Eu não faço ideia! Devia estar bêbado.

Dei a descarga e saí do banheiro.

- Um verdadeiro idiota. - concordei.

Fomos devagar até a cama. Subi e ele colocou o soro no mesmo lugar que estava.

- Você realmente se importa? - perguntou Doug.

- Claro.

Ele sorriu, mostrando os belos dentes.

Doug talvez fosse uma versão mais envelhecida e bem cuidada de Mathew.

- Mas isso aí parece estar muito feio. - falei. - E te deixaram entrar mesmo assim?

- Eu insisti. É seu último dia aqui, não é mesmo?

- Sim. - afirmei.

- Pois então. - ele deu uma pausa, e pegou o cabide pronto para sair da sala. - Bem... Já que talvez tenha a chance da gente não se ver mais, nós poderíamos conversar pelo telfone. O que acha?

- Ótimo. Boa ideia.

- Vou te passar meu número então.

Ele foi citando a série de números, enquanto eu gravava em meus contatos.

- Pronto. - falei.

Ele andou alguns passos.

- Até mais, Shawn. - disse ele, andando mais alguns metros.

- Até mais, Doug.

Assim que ele saiu, eu peguei meu celular e conferi as mensagens de Mathew. Não havia nenhuma naquela manhã.

S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now