Capítulo 32

107 15 0
                                    

Antes de deixarem Mathew me ver, minha mãe entrou trazendo nos braços um tipo de avental meio esbranquiçado, e explicou que eu deveria ficar com as roupas de baixo e este avental por cima, que se fechava nas minhas costas, quase como um vestido.

- Quer que eu veja o Mathew desse jeito?

- Qual o problema? - perguntou minha mãe.

Realmente não tinha tanto problema. A gente já havia tomado banho de mar apenas de sunga, o que era o máximo do conhecimento de meus pais, porém a gente já conhecia nossos corpos. Ela me ajudou a tirar a camiseta e calça, amarrou o avental em mim, e pude ver melhor uma pulseira em meu pulso direito que marcava meu nome e o número de alguma coisa.

- Quer que eu saia? - indagou ela, assim que eu estava preparado para receber Mathew.

- Por favor. - falei.

Ela se aproximou de meu rosto e deixou um beijo molhado em minha testa. Se afastou e saiu devagar.

O próximo a entrar foi um garoto de franja iluminada que caía sobre os olhos, seus lábios rosa claro estavam em pequenos tremeliques, e seu corpo estava coberto por uma camiseta listrada de manga comprida, e outra branca por cima. Seus olhos se arregalaram ao meu ver, e seus braços se acudiram em minha direção, enquanto ele deu uma pequena corrida até chegar à minha cama.

Ele me puxou pelo pescoço, me abraçando com força, e se sentando parcialmente sobre a cama. Eu retribuí o abraço e senti gotas quentes pingarem sobre meu pescoço, e o mesmo ocorreu em meu rosto, com o gosto salgado de minhas lágrimas entrando entre meus lábios.

- Eu fiquei tão assustado. - sussurrou ele. - Eu fiquei com tanto medo.

Ele se separou, sem tirar as mãos de meus braços, e me olhou por inteiro, até paralisar o olhar sobre meu rosto vendo que eu havia chorado também.

- Estamos sendo filmados. - balbuciei.

Ele parou de se mexer, continuou a me olhar tentando processar a informação, e assim que compreendeu, retirou as mãos de mim e disse normalmente:

- Como se sente?

Respirei e olhei para ele.

- Fisicamente? Bem. - respondi.

Ele fez um movimento de sobrancelhas, e olhou ao redor do recinto tentando saber onde havia câmeras.

Como eu estava sendo monitorado por uma câmera na parede de frente para mim, presa no canto sobre a porta, onde Mathew tapava fielmente a visão de minhas mãos com seu corpo a frente dela, eu pude apontar a direção da câmera estava atrás dele, e assim ele pôde suspirar e balbuciar, apenas com o movimento labial, algo como "eu gostaria tanto de beijar sua boca".

Eu fechei os olhos lentamente, como sinal de compreensão. Então fui para frente e o abracei.

Ficamos assim por um tempo e expliquei por mensagens no celular dele que, não poderíamos demostrar muito afeto um pelo outro, pois qualquer coisa do tipo seria motivo para o Doutor Jerry notificar meus pais. Ele compreendeu, e fomos conversando sobre outras coisas.

- Como foi na escola hoje?

- Eu não fui. - respondeu ele. - Avisei minha mãe que queria ver você de manhã.

- Oh. - suspirei. - Mas já são duas da tarde. Você ficou aqui até agora?

- Não. Como não me deixaram entrar, eu fui andar pela praça, voltei mais ou menos às uma da tarde.

Sorri carinhosamente pra ele.

- Não se preocupe. Logo estará em casa. E eu estarei com você.

- Me desculpe por isso. Não quero que pense que...

- Shawn... Tudo bem. Te conheço desde pequeno. E sei que vemos os problemas de uma maneira diferente, mas eu estou aqui pra gente compartilhar um jeito melhor de enfrentá-los.

- Eu... - pensei. - sei.

- Bem... Eu preciso almoçar. Não comi muito depois que saí de casa, mas eu volto assim que possível.

- Tudo bem. Estarei te esperando.

- Até mais, Shawn.

Ele se aproximou depois de jogar os pés para fora da cama e pular dela, separando os braços do corpo para me abraçar, quando bateram na porta duas vezes. Olhamos assustados para a porta, enquanto Mathew abaixava os braços novamente e observava o garoto que me havia ajudado a sair da cama mais cedo, e assim continuei a dizer:

- Até mais, Mathew. Foi bom te ver.

Ele me olhou, como se questionando ainda se haveria abraço. Mas não houve.

O ajudante olhou para mim e para Mathew parado perto da cama e hesitou em prosseguir a passagem.

- Oh, eu poderia adicionar algumas gotas de analgésicos no soro?

- Ah. Sim. - respondi.

- Eu já estou indo então... - falava Mathew. - Tchau.

- Vejo você depois.

- Com certeza.

Ele passou pelo ajudante e saiu.

O rapaz de jaleco branco se aproximou e fez sua devida tarefa, enquanto eu tentava me deitar lentamente, e encarar o teto já que ainda não estava com meu celular em mãos.

- Seu amigo parecer ser legal.

Ouvi o ajudante do médico dizer. Quase havia esquecido de sua presença ali, e virei a cabeça para responder.

- Amigo? - indaguei. - Ah. Sim. Ele é.

- Se conhecem há muito tempo, não é?

- Sim. Desde crianças. - respondi.

- Ah, sim. - dizia ele sempre sorrindo, terminando de mexer nos equipamentos. - Uma grande e velha amizade.

Sorri de leve como resposta.

- Bem, adoraria ficar conversando aqui, mas tenho outros pacientes pra atender. - disse o rapaz com uma risadinha.

Eu sorri, timidamente.

Ele saiu sem se despedir, fechando a porta.

- Ai, meu celular...

______________________

Fiquem ligados nos próximos e últimos capítulos!
Por favor, ajudem a minha história a ficar mais conhecida, não se esqueçam de votar neste capítulo clicando na estrela no lado superior direito da tela (se estiver pelo computador), ou no final do capítulo (se estiver pelo celular). Muito obrigado por lerem! E até a próxima!

S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now