Capítulo 18

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- Gellenberg! - gritei, parando onde estava. Vendo que todos se viraram pra mim assustados.

Mathew se aproximou mais e tampou minhas bochechas geladas com suas mãos de porte médio, olhando diretamente para meus olhos, a Sra. Gellenberg já se aproximara, e Mathew deu espaço para que eu falasse.

- Ele está aqui. Seu marido! - falei um pouco ofegante - Eu o senti... Ouvi na verdade!

- Como assim, meu anjo? - falava ela - Tente se acalmar. Você o ouviu dizer?

- Não... Seus passos, ele estava caminhando logo atrás de mim. - vi que Mathew me olhava de maneira indecifrável, um olhar indignado. - Eu tenho certeza...

- Ok, meu anjo. - dizia a idosa que agora segurava minha mão - Vamos para minha casa, preciso trazer algumas coisas da qual você vai me ajudar a preparar.

Sem falarmos nada nós prosseguimos, um pouco mais apressados do que anteriormente, e logo estávamos de frente a uma bela casa branca com o exterior de madeiras, assim como o piso, envolta de várias árvores, e um belo cultivo de flores. Era uma casa velha, com detalhes antigos e adoráveis, uma lugarzinho abaixo da janela para se descansar na cadeira de balanço e acariciar um gato sonolento.

A velha abriu a porta e fez sinal para que entrássemos, e vi alguns quadros e retratos enfeitando a parede de madeira escurecida, uma lareira acesa enfeitada por folhas de videira e alguns sinos e laços, um sofá em ótimas condições que aconchegava ali, um gato preto.

- Esta é minha casa! Fiquem à vontade. - exclamou ela e desapareceu por detrás de uma cortina que parecia levar a outro cômodo.

- Shawn, olha onde você nos fez vir! - balbuciou Tony meio irritado.

- Acalme-se, Tony! Não está vendo em que situação estamos? - respondi, o olhando atentamente.

- Em que situação você está. - disse ele, dando ênfase em "você".

- Olha, não estamos em perigo. Não tem com que se preocupar. - me virei para Mathew que permaneceu encostado na parede, observando o nada. Apoiei minhas mãos em sua cintura e falei baixinho: - Mat, meu amor, você acha que isso que eu ouvi é loucura?

- Eu acredito em você - disse ele lentamente - Mas se você conseguiu sentí-lo, e talvez consiga trazê-lo de volta a Sra. Gellenberg, será que você conseguiria trazer a Mindy para eu vê-la uma última vez?

Meus olhos se encheram de lágrimas, e percorreram toda a extensão de seu rosto, procurando outro sentimento que não fosse tristeza. Mas seu olhar só trazia a solidão.

- Ai, Mathew! Eu estou aqui com você. Não se preocupe, eu farei tudo que for possível pra te deixar melhor...

- Eu te amo, Shawn.

- Eu também te amo, Mat. - falei em seu ouvido, pois já estávamos abraçados e dividindo o mesmo sentimento: medo.

Então Gellenberg voltara com algumas velas nas mãos, e chamou todos para fora, indo novamente para o Seleiro. Eu parecia estar mais ansioso que ela.

- Eu realmente não entendo como você consegue sentí-lo assim tão facilmente. - exclamava Gellenberg.

- Talvez aquilo que está vos impedindo de se falarem, atinge apenas você. - respondi. Ela pareceu pensativa.

- Você já havia sentido algo assim antes? Já praticou comunicação com espíritos? - questionou ela.

- Nunca. - respondi - Qualquer um pode falar com espíritos?

- Sim. Desde que tenha respeito com eles, e uma boa alma e mente aberta. - concluiu ela. - Tentaremos fazer isso agora.

Estávamos chegando no Seleiro, bem perto do local onde havíamos nos sentado hoje, e a Sra. Gellenberg despejou no chão as velas que trouxera, com cuidado, para que não quebrassem. E assim que se sentou, fiz o mesmo, enquanto o resto do pessoal permaneceu em pé a nossa volta, observando o que viria a acontecer.

S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now