Capítulo 37

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As nuvens circundavam paralelas e iluminadas pelo sol em um tom alaranjado sobre nossas cabeças, o conteúdo gelado correndo pelo canudo e tirando a sensibilidade de meus lábios que ficaram arroxeados. Sentados em um banco azul, na praça da cidade que se enchia de pessoas depois das seis da tarde, tomávamos milkshake com a mãe de Amy que nos trouxera depois da sessão. Eu havia pedido um de chocolate com morango, Mathew pediu um de baunilha com chocolate, e Amy pedira o seu de creme e caramelo.

Meu braço ainda ardia e latejava debaixo do plástico esterilizado que o envolvia, as bordas estavam muito avermelhadas, mas o desenho da bicicleta havia ficado magnífico.

Amy não se surpreendeu muito quando me viu fazendo caretas, e aposto que nem o medo havia perdido; sangrou um pouco mas a dor era suportável, e Zack fez o possível para que eu me sentisse confortável durante a sessão. Depois de ter feito todo o procedimento de depilar a área escolhida e limpá-la com algum produto que cheirava a álcool, ele fez o contorno da figura com uma caneta específica e logo após tocou a ponta da agulha em mim, formando a imagem que eu queria.

Não foi um desenho complicado, mas nem tão simples, feito apenas da cor preta o desenho mostrava a lateral de uma bicicleta, onde no guidom se apossara uma cesta repleta de flores que desprendiam suas pétalas para trás. Zack havia feito um desconto no preço da tatuagem, e com o que sobrou em insisti em comprar algo para comermos.

- E aí? Gostou? - perguntou Amy.

- Claro! Ficou sensacional. Você não acha? - me virei para Mathew.

- Com certeza. - disse ele se voltando para seu milkshake

Ele não falou muito desde que saímos da casa dele, mantendo a atenção parcialmente nos acontecimentos daquela tarde, às vezes chegava a cair a cabeça num estalo de sono enquanto esperara no banco da oficina.

Na hora de irmos embora, a Sra. Kleyn fez questão de nos levar em casa de carro, deixando Mathew na porta de sua casa pouco tempo depois de eu ter uma breve conversa com ele no carro.

- Por que você está estranho assim?

- Eu não estou estranho. - respondeu ele baixo.

- Está sim. - concluí. - Dá pra saber que é por causa da sua mãe.

Ele permaneceu quieto olhando para frente.

- Olha, eu vou ajudar você. Tenho tempo de sobra. E isso não é algo que não possa ser ajeitado em alguns dias. - sussurrei.

Ele assentiu e disse:

- Obrigado. Me desculpa por hoje. Foi o medo mesmo de ela não estar em casa.

- Eu ficaria com você lá agora se pudesse. Mas minha mãe pediu que eu estivesse em casa antes do jantar.

- Tudo bem. - respondeu Mathew.

Quando ele desceu do carro e caminhou até a porta com a chave na mão, eu pedi para que a Sra. Kleyn não partisse ainda, para que esperasse ele aparecer na porta novamente, e quase um minuto depois ele coloca a cabeça pela abertura da porta e mostra seu polegar para cima em sinal de que estava tudo certo, então partimos.

Ao tomar banho eu deveria apenas enxaguar levemente enquanto passava o sabonete, enquanto a água refrescava a superfície, já não doía muito e eu não precisava mais usar o curativo. Mostrei o desenho para minha mãe depois da enorme fôrma de lasanha francesa que ela havia preparado, disse que achou muito lindo e ficou contente por eu ter sido corajoso e estar querendo superar o ocorrido.

Quando subi para meu quarto, já me preparando para o tempo em que eu mataria minha madrugada de frente ao celular e ao computador, verifiquei se havia alguma mensagem nova, mas todos já tinham ido dormir àquela hora. Mas passando pelos meus contatos, avistei o número novo que chamou minha atenção e talvez pudesse ajudar na minha sessão de insônia.

"Espero não estar interrompendo seu estágio. Boa noite.", enviei por fim.

Alguns minutos depois recebi: "Boa noite. E se você chama de 'ficar sentado tomando café no quarto de um velho com amnésia' de trabalhar, fique à vontade para intorromper."

"Hahahaha. Podemos conversar, Doug? Como você já sabe, eu me acostumei a ficar acordado de noite."

"Claro. Creio que não serei chamado para nenhuma outra coisa até às 4 da manhã.", respondeu ele.

"Legal! Bem... Hoje eu fiz uma coisa bem diferente.", escrevi.

"Ajudou uma instituição cooperativa em proteção a filhotes de pandas encontrados na Costa Oeste?", perguntou Doug.

"Não. Hahaha. Eu fiz uma tatuagem."

"Ah, sim. Só isso.", escreveu ele. "Adoraria ver."

"Vou mandar uma foto!"

Preparei a câmera e iluminei o local da tatuagem. Tirei a foto e enviei para ele.

"Puxa! Que desenho maneiro... E foi no mesmo lugar que..."

"Sim.", respondi.

"Ficou mesmo muito lindo. Parabéns.", disse ele.

Por muitas horas permanecemos conversando, sobre coisas da vida e coisas pequenas, sobre como eu gostava de comer gelatina de pêssego mesmo sabendo que eu era alérgico ao fruto. E quando ele precisou voltar ao trabalho, ele se despediu, e sem saber mais o que fazer desliguei o computador e pulei em direção à cama, e não demorou muito para que eu caísse no sono.

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Fiquem ligados nos próximos e últimos capítulos!
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S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now