Capítulo 23

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Desci do carro e dei uma pequena corrida até alcançar o portão de ferro da escola, onda havia uma cobertura onde eu poderia me esconder da chuva que começara. Observei os pingos caindo sobre a superfície do carro que saía às pressas seguindo em frente a rua comprida, então me voltei para ir à sala.

Algumas pessoas ainda circundavam pelo corredor e uma grande extensão do pátio, e caminhei mais calmo até a porta entreaberta, onde já haviam algumas pessoas sentadas em seus lugares, algumas que me encararam e outras que permaneceram conversando. Faltava ainda dez minutos para o início da aula, e logo Mathew estaria ali, me desejando parabéns.

Hoje de manhã, enquanto aguardava meus ovos com bacon ficarem pronto, revirei meu celular encontrando algumas mensagens me parabenizando pelos 17 anos - a maioria eram parentes que eu nem falava direito. Minha mãe me acariciou e me acordou com um beijo na testa, e meu pai não deixou de dar seus gritos histéricos.

Agora aparecia na porta Tony, carregando sua mochila no ombro, e mantendo um enorme sorriso no rosto. Ele se aproximou, depositando sua mochila na segunda carteira a minha frente, e veio me abraçar.

- Feliz aniversário, Shawn. - dizia ele - Desejo todas essas coisas que os parentes lhe desejam.

Ri junto dele, e percebi algumas vozes e cochichos, junto de curtas risadinhas. Apenas agradeci e voltei a me sentar.

- Eu trouxe uma coisa pra você, tá?

- Ai, Deus. Sério? - exclamei surpreso - Não precisava, Tony...

Recolhi um pequeno objeto retangular envolvido num plástico reluzente vermelho, e apalpei-o antes de abrir o embrulho. Fiquei boquiaberto de ver ali na minha frente um volume das minhas sagas favoritas.

- Caralho, Tony! Olha isso! - falei expressando minha felicidade - Eu queria tanto esta temporada. Valeu, cara.

- De nada, cara. Desde que você me chame pra assistir também...

- Claro! Com certeza, assim que eu começar eu te chamo.

Surgiu na porta, acompanhado da Amy, Mathew. Que carregava nada mais do que seu sorriso de orelha a orelha, se aproximando cada vez mais.

Me preparei levantando da cadeira, e vendo seu movimento, vindo na minha direção. Ele esticou os braços e me apertou com força, deixando sua cabeça cair em meu ombro, enquanto eu sentia o cheiro doce de seus cabelos.

Ele aproximou a boca bem perto de minha orelha, me fazendo ouvir o que mais ninguém naquela sala ouviu: Parabéns, meu amor.

Nos soltamos, e ambos continham um sorriso completo que resplandecia alegria e gratidão, então me mantive firme para cumprimentar e receber os parabéns de todos - que, claro, não se comparavam aos de Mathew.

O professor chegou, e durante a aula de aritmética, fiquei pensando na noite passada. No convite que fiz à Mathew, que logo ele aceitou sem hesitar.

Esta noite, eu e ele iríamos para algum lugar da cidade - que Mathew me ajudaria a escolher ainda, pois eu não conhecia muito de festas, principalmente públicas que continham pessoas estranhas - e nós iríamos nos divertir, como ele havia planejado há tempos. O meu pedido não havia surgido do nada, não naquele momento, eu já havia pensado desde quando ele mencionara que não fazia ideia de com o quê me presentear.

Pensei em dizer para minha mãe que iríamos comer uma pizza com a mãe dele que me convidara, e caso eu acabasse tendo que voltar tarde da balada, eu poderia dormir na casa dele, dando a desculpa que pegamos um engarrafamento na volta e a mãe de Mathew não gostaria de incomodar meus pais.

Com uma justa dificuldade para entender a matéria, eu me virava constantemente para trás questionando sobre o assunto com Mathew, e ele tentava me ensinar com rápidas explicações, enquanto o professor nos olhava de relance com uma feição de intolerância. De dúvida em dúvida, o tempo passou depressa, e logo o sinal tocou por todo o colégio a despertar a atenção daqueles que esperavam intuitivamente pelo intervalo.

S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now