Capítulo 36

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Amy havia dito que Mathew faltara à escola, e ele ainda não havia me respondido as mensagens, portanto já era motivo suficiente para me preocupar, e naquela tarde, antes de me encontrar com Amy para irmos à oficina de tatuagem, eu fui até a casa de Mathew.

Bati na porta e ele mesmo me atendeu.

- Mat! Está tudo bem? - exclamei logo que o vi. - Você sumiu esses dias. Eu sei que sua...

- Entre, por favor. - respondeu ele, com dureza.

Quase que hesitei, mas queria muito saber o que estava havendo. A sala não havia mudado muito desde a tarde passada em que a olhei pela janela.

Nos sentamos no sofá, e observei garrafas e papéis jogados no chão, panos e copos sobre a mesa de centro, e esperei que ele começasse a falar.

- Minha mãe vem bebendo cada vez mais. E quando eu não a busco pelas ruas, ela chega em casa totalmente bêbada, quebrando e derrubando tudo.

- Onde ela está? Ela está bem? - indaguei, com preocupação.

- Ela está deitada no quarto dela. Enquanto estiver dormindo ela estará bem.

- Mas por que não me respondeu?

- A vida dela está sendo destruída. E junto dela, a minha. E só tem eu nessa casa para me importar e ajudar ela. Sinto muito se tenho pouco tempo para pegar no celular, pois eu tento dormir uma hora pela tarde em pausas, para supervisioná-la.

- Você sabe que pode contar comigo, amor. Eu me preocupo demais com vocês dois.

- Eu te amo, Shawn. - disse ele. - Fico agradecido por tentar me ajudar, mas...

- Mas o quê, Mat? Você não pode ficar tentando se mostrar o quanto é valente. Você está faltando na escola, e quase não consegue tomar conta disso tudo. Não tem que recusar.

Ele então se joga em minha direção, com a cabeça em meu peito, me abraçando tão forte que quase não conseguia expandir meu pulmão ao respirar. Ele chorou. Eu o ouvi e senti suas lágrimas molharem meu suéter.

- Está tudo bem, Mat. Vai ficar tudo bem. - falava eu.

Abracei finalmente, podendo sentir o cheiro de seus cabelos dourados, a pele quente e macia, e o puxei para mais perto, até me encostar no braço do sofá. Deixei que ele chorasse, libertando toda a tristeza que vinha guardando, toda a mágoa que o corroía, e deixasse mostrar a fraqueza que nele existia. Fiquei em uma posição que pareceu confortável tanto a ele quanto a mim.

E com o passar dos minutos, o abraço acalentou um ao outro, fazendo do som de nossos corações nossa nova moradia. Quando notei que eu realmente havia dormido, foi no momento em que senti algo vibrar em meu bolso. Com o susto, eu e Mathew nos levantamos devagar, olhando ao redor e tomando ciência de tudo, então peguei o celular que tocava em meu bolso e atendi.

- Alô? - falei, com voz de sono.

- Shawn? Ainda está com Mat?

- Amy?

- Não! Rainha Elizabet... - respondeu. - Você estava dormindo? Por acaso esqueceu o que temos hoje?

- Não. De jeito algum.

Mathew se levantou e foi à cozinha tomar um copo d'água.

- Vou apenas ver se Mat gostaria de ir, e logo me encontro com você na praça. - falei.

- Ok. Até logo, Shawn.

- Tchau, Amy.

Desliguei e esperei a volta de Mathew. Ele se sentou no sofá e me olhou nos olhos, tão intenso que acabei perdendo a linha de raciocínio sobre o que eu iria dizer.

S.L.M (Romance Gay)Where stories live. Discover now