Capítulo 6

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Karina Nunes Reis.

    Eu literalmente não sirvo para acordar cedo, são sete e treze da manhã e temos que estar na clínica as oito e quarenta e cinco, estou me arrastando pela casa e ainda nem troquei de roupa.

— Eu não quero ir mais - Eloá choramingou sentando na minha cama. Ela sim já estava pronta e totalmente nervosa.

— Por que? Vamos ter que ir de qualquer jeito, hoje ou outro dia - dei de ombros vestindo minha calça mom jeans.

— E...e se der alguma coisa errada? Se o bebê não estiver bem? - Eloá perguntou roendo a unha. Conheço bem ela, sei que tudo isso não é medo do bebê estar mal realmente, isso também, óbvio, mas o problema é que ela iria ter que contar para os pais assim que saísse da clínica.

— Amiga - suspirei sentando ao lado dela - uma hora você vai ter que contar para seus pais, eu tenho certeza que eles não vão te deixar só - coloquei o cabelo dela para trás da orelha - vai estar tudo bem com o bebê, tenho certeza, você sempre se cuidou direitinho, se for para ter alguma coisa foi porque Deus sabe que teria um propósito lá na frente, relaxa - ela assentiu respirando fundo - agora vamos, precisamos ainda comer alguma coisa e a clínica não é muito perto daqui.

— Tá - Elô sacudiu as mãos como se quisesse se distrair e levantou - você ainda não está pronta? - perguntou percebendo que eu ainda estava com a blusa do pijama. Sorri inocente e a mesma riu - você definitivamente não foi feita para acordar de manhã - negou saindo do quarto.

— Eu sou cosplay da Aurora, algum problema? - falei alto para Eloá ouvir e consegui ouvir a risada dela.

    Terminei de me vestir, passei uma maquiagem simples e deixei meu cabelo solto, arrumei minhas coisas para as fotos de mais tarde e já ia deixar no carro, não sei se voltaria para casa a tempo então acho melhor prevenir. Fui para a sala e Eloá já tinha feito algo para comermos, as coisas dela estavam no sofá, pus as minhas ao lado dela e sentei na banqueta.

— Huum, cheirinho muito bom - sorri vendo que não era algo tão elaborado. Eloá nunca foi muito boa em cozinhar, ela sempre foi muito desastrada e despercebida na cozinha. Teve uma vez que ela fez uma omelete muito bonita, parecia estar uma delícia, o único problema foi que a mulher colocou açúcar no lugar de sal. 

Mas ela se arrisca e algumas coisas dão certo e ficam muito boas inclusive.

— Eu preferi fazer alguma coisa que eu sei que dá certo, não temos tempo para apagar o fogo que faria na sua cozinha - brincou e eu ri pegando meu misto.

— Muito inteligente da sua parte - sorri mordendo um pedaço do meu misto.

— Como eu vou alimentar esse bebê? Eu não sei fritar um ovo sem queimar ele ou derreter uma colher de plástico - arregalou os olhos me olhando assutada. Tentei segurar a risada, juro que eu tentei, mas não consegui- Não ri, Karina, é sério - choramingou me dando um tapa no braço. 

— Calma, mulher, ele vai ter a dinda pai aqui que sabe cozinhar muito bem, avó que sabem também, e aposto que o seu futuro marido vai saber cozinhar, de fome esse bebê não passa - brinquei acariciando a barriga ainda negativa dela.

— Futuro marido? Estou fora de um marido - negou sentando do meu lado e eu sorri sabendo que não seria assim por muito tempo - pode tirar esse sorrisinho da cara, palhaça - concordei mordendo outra vez meu pão.

    Comemos o misto junto com suco de laranja e depois de escovar os dentes saímos de casa às pressas, como eu disse, a clínica não era tão perto aqui de casa.

[...]

— Eloá Siqueira Rodrigues - escutamos a médica chamá-la e levantamos da cadeira. Minha amiga estava nervosa e suando frio, conseguia ver ela mexer nas mãos enquanto esperávamos - Bom dia, podem entrar - sorriu nos dando espaço. Agradecemos enquanto entrávamos - então quem é a mãezinha?

Caminhos traçadosWhere stories live. Discover now