Caminhos traçados

Capítulo 48

20 de dezembro.

Benjamin Castro Belchior.

    Está tudo uma correria para o lançamento dos novos dispositivos, francamente, eu não lembro de ter comido ou bebida nada além de uma rosquinha e café.

    A semana inteira foi uma loucura mas tenho certeza que vai valer a pena, tem que valer. O lançamento seria aqui mesmo na empresa então imaginem como esse lugar está de pernas para o ar; Diego ainda não chegou, Eloá estava um pouco indisposta hoje então ele ficou mais um pouco com ela até a mãe da mesma chegar, tenho certeza que meu irmão vai ficar o dia todo agarrado no celular até buscar Eloá.

— Filho, preciso que você vá até o andar sete para pegar as últimas fichas sobre os novos aplicativos. — Meu pai entrou na minha sala.  

— Já peguei, estão aqui. — ergui a pasta ainda sem tirar os olhos do computador.

— E o serviço de buffet?

— Tudo resolvido também, eles já estão vindo para organizar as coisas.

— Os seguranças?

— Resolvido, e a equipe da organização do salão também. — Ergui o olhar até meu pai, o mesmo está me olhando com os olhos um pouco arregalados.

— Você parou alguma vez desde que chegou aqui? — Neguei assinando os últimos pagamentos. — Benjamin!

— Não estou com tempo para parar, pai, o senhor sabe que está tudo uma loucura.

— Sim eu sei, mas eu também sei que se você não parar um pouco, comer e descansar, vai passar mal e não vai estar cem por cento para o lançamento. — Ia responder mas fomos interrompidos com batidas na porta.

— Licença. — Sorri vendo minha garota. — Estou atrapalhando?

— Pelo contrário, fico feliz que esteja aqui. — Meu pai sorriu indo até Karina e beijou a cabeça da mesma. — Aproveita que está aqui e coloque um pouco de juízo na cabeça desse meu filho. — Me olhou divertido, fiz uma careta.

— O que seu filho fez agora? — Karina riu  me olhando.

— O que ele não fez na verdade. Desde que chegou ele não parou se quer um segundo.

— Vou fazer ele parar um pouco então, trouxe comida. — Ergueu uma sacola. — Inclusive a Tainá está aí, disse para o senhor ir para a sua sala que o almoço está lá.

— Obrigado pelo aviso, vou deixar vocês a sós. — Meu pai se despediu e saiu da sala nos deixando sozinhos.  

— Você me prometeu ontem que não ficaria sem comer e descansar hoje. — Karina se aproximou, me afastei um pouco da mesa e puxei a mesma para o meu colo.

    Ontem eu não dormi na casa da mesma e sim na minha, é mais perto da empresa e como eu precisaria estar aqui bem cedo achamos melhor assim, por mim ela teria dormido comigo mas Karina também tinha coisas para fazer. É muito estranho não ter ela dormindo do meu lado, já me acostumei com a "vida de casado".

— Eu não tive tempo, meu amor, as coisas aqui estão uma loucura. — Neguei acariciando o rosto dela.

— Percebi, quase não consegui entrar no elevador. — sorriu abraçando meu ombro.

— Como você está vindo aqui? — Perguntei preocupado. É a primeira vez que Karina vem aqui na empresa depois de tudo que aconteceu. Comigo não foi fácil, passei dias revendo a cena na minha cabeça. 

— Achei que seria pior mas eu estou bem, não quero levar nada disso para a minha vida. Deu um pequeno frio na barriga mas logo passou. — sorriu de lado.  — Não precisa se preocupar. — concordei aproximando meu rosto do dela e logo nos beijamos.