entre fumaças

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·mariana melo·

mariana: você tá fudido. --- observei o mesmo. --- ele acabou contigo.

luiz: pô, valeu pela sinceridade. --- fez legal com o dedo, eu ri.

mariana: vai curar. --- coloquei um curativo no canto da sua sobrancelha. --- talvez fique com o olho roxo por uma semana.

luiz: ótimo. --- ironizou. --- pelo menos valeu a pena.

mariana: não era pra ter feito isso, aquele cara é maluco.

luiz: valeu a pena levar um soco no olho por ti. --- me olhou.

mariana: obrigada, tá? --- sorri fraco. --- por me ajudar e...

luiz: relaxa, mari. --- sorriu junto. --- mas tu tá bem mesmo?

mariana: eu definitivamente não sei. --- suspirei e sentei ao seu lado na cama.

sempre que tinha festa no caio eu dormia no quarto de hóspedes, ele morava sozinho a um bom tempo então não tinha problema.

luiz: quer falar sobre? --- me olhou, eu neguei.

mariana: qual sua treta com o lucas? --- perguntei e ele desviou o olhar do meu.

luiz: deixa quieto, mariana. --- negou. --- treta do passado, falei umas merdas e ele ficou puto.

mariana: que tipo de merda?

fomos interrompidos pelo barulho da porta abrindo, meu olhar foi diretamente até a porta e vi lucas ali parado com uma cara confusa.

lucas: o que esse moleque ta fazendo aqui?

luiz: acho que tu sabe meu nome, sabe não? --- levantou. --- se vinher aqui eu te mostro quem é o moleque.

ele cerrou os pulsos.

lucas: ah é? --- se aproximou. --- tô aqui na tua frente, vai fazer o quê?

mariana: ei ei ei. --- entrei no meio dos dois. --- ninguém aqui vai brigar, okay?

lucas: tu acha que eu vou deixar ele falar assim comigo? --- me olhou e riu.

mariana: precisa de briga? --- olhei ele que assentiu. --- não.

luiz: é tu ta certa. --- me virei pra olhar ele. --- vou pra casa, ta tarde...qualquer coisa me liga.

me deu um beijo na bochecha e saiu sem olhar pro lucas.

lucas: sério? --- ele riu com deboche.

mariana: não enche meu saco, o garoto me ajudou hoje. --- me afastei.

lucas: porquê tu ta puta comigo? eu nem fiz nada mano. --- revirou os olhos.

mariana: eu não tô puta...eu só, tô cansada e quero dormir. -- encarei ele. --- agora vaza.

lucas: beleza mariana. --- se virou pra sair.

mariana: e o abraço de boa noite da sua irmãzinha? --- fiz biquinho.

lucas: tem abraço não. --- falou bravo e foi até a porta, corri até ele o impedindo de passar.

mariana: só vai passar se me der um abraço. --- cruzei os braços. --- você sempre fez isso quanto eu era criança, parou porque?

lucas: porquê a gente cresceu. --- suspirou.

mariana:mas eu ainda sou a mari, aquela garotinha que te chamava pra brincar na lama, que te chamava pra bater nos garotos que roubavam minha boneca. --- olhei ele que sorriu. --- aquela garotinha.

lucas: tu mudou pra caralho.

mariana: a gente mudou pra caralho. --- corrigi.

lucas: meu pai voltou. --- abaixou a cabeça.

mariana: o quê? quando? --- perguntei preocupada.

eu sabia da confusão que ela fazia na cabeça dele, sempre que ele voltava tudo desmoronava pra ele e aquilo me partia o coração.

lucas: faz uns dois dias que o desgraçado voltou. --- respirou fundo.

mariana: porquê você não me contou? poderia ter ficado lá em casa.

lucas: tu ta cheia se problema mari, tu acha que eu ia te incomodar com os meus? --- me encarou, puxei ele pra um abraço.

mariana: meus problemas nunca vão me impedir de te ajudar com os seus. --- sussurrei. --- você é como se fosse meu irmão, sabe disso.

lucas: eu e tu sempre, beleza? --- perguntou e eu assenti.

mariana: vamos resolver isso, ok? --- perguntei e ele assentiu se separando de mim.

o pai do lucas era um filho da puta, o cara é um drogado. abandonou lucas quando criança e voltou agora como se nada tivesse acontecido.

lucas: hein, vou cair no sofá da sala...qualquer coisa me chama. --- beijou minha cabeça.

mariana: dorme bem. --- sorri de lado, ele sorriu junto e saiu em seguida.

eu tava cansada demais e precisava de um banho demorado antes de cair na cama e dormir pra caralho.