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·mariana melo·

abri os olhos e pisquei várias vezes tentando me acostumar com a claridade forte que vinha em mim, eu tinha morrido? essa não era a intenção mas onde eu estava? céu ou inferno?

olhei ao redor me vendo na cama de um hospital com vários fios e agulhas sobre mim, tentei tirar mas foi falho já que eu estava muito fraca.

médica: finalmente você acordou. --- ela sorriu ao me ver acordada. --- você ficou inconsciente por dois dias.

mariana: o que houve? --- perguntei com a voz falha.

médica: você se drogou e acabou sendo encontrada por seus amigos, se não estivesse sido encontrada por eles nem estaria viva. --- respirou fundo e veio até mim observando o soro acima de mim.

mariana: eu já posso ir embora? --- perguntei.

médica: nada disso mocinha, você ainda precisa ficar aqui e se recuperar. --- negou. --- lembro de você uma vez aqui, mariana.

mariana: lembra é? mais uma que sabe sobre minha vida. --- eu ri fraco.

médica: é eu lembro, e acho que isso não é solução. --- pegou uma seringa colocando no fio que levava ao meu sangue. --- é só um remédio que vai te ajudar a melhorar, você usou muita coisa.

mariana: o que sabe sobre isso? --- eu ri. --- qual é doutora? porquê não seria a solução?

médica: eu perdi meu filho exatamente por isso. --- me olhou. --- ele estava drogado e acabou se envolvendo em briga.

mariana: ah, desculpa. -- olhei ela.

médica: seu amigo, o que levou o tiro parecia com ele. --- sorriu fraco. --- sempre envolvido em confusões.

mariana: que levou um tiro? --- perguntei preocupada rapidamente lembrando do barulho que ouvi antes de sair da casa do luiz.

médica: alto, cabelo castanho...

mariana: o lucas? me diz onde ele tá, eu preciso saber como ele tá! --- tentei levantar mas ela me impediu.

médica: não precisa disso, ele está bem e vai poder te ver daqui a pouco. --- me tranquilizou. --- todos os seus amigos estão aqui, eles chegaram muito abalados e desde então não saíram daqui...esses dois dias foram muito difíceis pra eles.

mariana: eles me magoaram, confiei em todos e fui decepcionada. --- falei.

médica: espero que consigam de resolver. ---  olhou a prancheta. --- vou liberar a entrada da sua mãe, ela também ficou aqui todo esse tempo.

mariana: minha mãe? -- perguntei confusa e ela assentiu saindo.

alguns segundos depois minha mãe entrou com a expressão cansada e um sorriso fraco no rosto, seus olhos logo encheram de lágrimas só me ver.

aline: eu achei que te perderia. --- ela me surpreendeu com um abraço cuidadoso.

mariana: não era a intenção vir parar aqui. --- abaixei a cabeça.

aline: eu sei, você só precisava relaxar. --- me imitou e eu ri fraco. --- não quero ter que passar por essa situação de novo, certo?

mariana: não vai, vou me cuidar. --- assenti.

aline: sei que não temos uma boa relação e vivemos brigando mas você é minha filha e eu...eu amo você. --- passou a mão no meu cabelo. --- não posso te perder, você é a única pessoa que eu tenho.

mariana: não vai, prometo não dar mais esse susto. --- sorri fraco. --- você sabia sobre o carlos ter outro filho? --- me referi ao meu pai.

aline: desde que ele nos abandonou pra construir outra família. --- suspirou. --- eu sinto muito que tenha que passar por isso, eu só não quis te contar sobre pra não ter que te ver mal e isso não acontecer.

mariana: eu sempre sou a última a saber. --- fitei o chão.

aline: foi pro seu bem. --- olhei ela. -- e-eu preciso ir em casa arrumar roupas pra você e trazer até aqui, vai ficar bem?

assenti e ela saiu, aquilo ainda era loucura pra mim. saber que luiz é meu meio irmão, que eu confiei no garoto e ele só me mostrou o garoto problemático que é me faz ter nojo. saber que todos os meus amigos me esconderam isso por anos me faz sentir dor, me faz sentir solidão.

como se minha vida fosse uma mentira.

entre fumaçasWhere stories live. Discover now